Alemanha processou mais pedidos de refúgio do que toda a UE
3 de janeiro de 2017
País recebeu mais de 60% dos requerimentos de refúgio de toda a União Europeia nos primeiros nove meses de 2016, e foi responsável por mais da metade do total de pedidos processados no bloco no período.
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Dados do Departamento de Estatísticas da União Europeia (Eurostat) divulgados nesta terça-feira (03/01) pelo jornal alemão Die Welt revelam que a Alemanha recebeu e processou mais pedidos de refúgio do que todo o resto do continente nos primeiros nove meses de 2016.
Dos 756 mil requerimentos processados em toda a União Europeia (UE) entre janeiro e setembro do ano passado, cerca de 420 mil (55%) foram na Alemanha.
Levando-se em conta os pedidos de refúgio, processados ou não, mais de 60% dos 988 mil contabilizados na UE foram feitos na Alemanha. Entretanto, os dados variam quanto ao número exato de pedidos recebidos pelo país: o Eurostat estima que tenham sido 612 mil, enquanto o Ministério alemão do Interior fala em 658 mil.
O número de pedidos de refúgio em 2016 não reflete necessariamente a quantidade de refugiados que entraram no país no mesmo período. Muitos dos que pediram acolhimento no ano passado chegaram ao país no ano anterior, mas ainda não haviam conseguido formalizar seus requerimentos.
Distribuição entre países
Os dados, revelam a desigualdade entre os países europeus no acolhimento aos refugiados apesar dos esforços, liderados pela própria Alemanha, de levar adiante uma distribuição mais justa dos migrantes entre os países do bloco.
A Itália recebeu 85 mil pedidos nos três primeiros trimestres do ano passado e processou em torno de 68 mil – o que equivale a menos de 1/6 do total da Alemanha. Em terceiro lugar está a França, que recebeu 63 mil. A Dinamarca, por sua vez, teve uma queda acentuada no número de requerimentos, caindo de aproximadamente 21 mil em 2015 para 5,3 mil entre janeiro e setembro de 2016.
Os dados apontam ainda quais Estados-membros da UE fracassaram ao lidar com os requerimentos de refúgio. Na Grécia, foram processados apenas 7,6 mil dos 30 mil pedidos recebidos no período analisado pelo Eurostat.
O país, que atravessa uma grave crise econômica, foi utilizado mais como local de trânsito do que destino final para muitos refugiados que fogem de conflitos no Oriente Médio.
No entanto, o fechamento da chamada rota dos Bálcãs, utilizada por muitos migrantes para chegar ao centro e ao norte da Europa, tornou difícil para as autoridades gregas darem abrigo a cerca de 50 mil pessoas que se acumulam nos centros de acolhimento pelo país.
RC/dpa/kna/afp
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.