Alemanha quer alistar 3.900 soldados para guerra
6 de novembro de 2001O chanceler federal da Alemanha, Gerhard Schröder, quer colocar 3.900 soldados à disposição dos Estados Unidos, durante um ano, para a guerra contra o regime talibã e a organização do terrorista Osama bin Laden, Al Qaeda, no Afeganistão.
Schröder esclareceu hoje, em Berlim, que os militares alemães deverão atuar na prevenção de ataques atômicos, biológicos e químicos, em controles aéreo e marítimo, em serviços médicos, no transporte aéreo e como unidades especiais com tarefas semelhantes às da polícia. O chefe de governo não soube dizer quando as Forças Armadas alemãs (Bundeswehr) entrarão em ação e esclareceu que não está prevista uma participação direta de soldados alemães nos ataques aéreos ou nas tropas terrestres americanas no Afeganistão.
O governo do presidente George W. Bush formalizou o pedido de ajuda à Alemanha um mês depois que Schröder oferecera ajuda irrestrita para o combate ao terrorismo internacional, iniciado em 7 de outubro com os bombardeios dos EUA e da Grã-Bretanha no Afeganistão. Schröder destacou que a luta contra o terrorismo será longa, por isso é necessária uma participação alemã de uma forma ainda não definida com exatidão. Ele não soube dizer, todavia, qual será a duração da campanha militar, com participação prevista de até 4 mil soldados alemães.
Do contingente solicitado por Washington à Alemanha, 1.800 homens são para proteger transportes marítimos ameaçados e mais de 100 para uma força especial de evacuação de feridos. Na prevenção de ataques atômicos, biológicos e químicos, a Alemanha deverá usar os seus tanques Fuchs (raposa), com capacidade de detectar com grande precisão armas ou explosivos dos três gêneros.
Decisão - O gabinete social-democrata e verde decidirá amanhã sobre o pedido de ajuda militar dos Estados Unidos para a guerra no Afeganistão. Na quinta-feira, o chefe de governo apresentará uma declaração de governo ao Parlamento, informando os deputados sobre os planos militares e recomendando a sua aprovação numa sessão que ainda será marcada. Schröder já informou hoje, em reuniões separadas, o Conselho de Segurança Nacional e os líderes dos partidos políticos representados no Parlamento em Berlim.
Opoio da oposição - Os planos militares do chefe de governo contam com o apoio da oposição conservadora democrata-cristã (CDU), social-cristã (CSU) e liberal (FDP), mas com a resistência de vários deputados das duas agremiações governistas - o Partido Social Democrático (SPD), presidido por Schröder, e o Partido Verde. As alas pacifista dos verdes e a esquerdista dos social-democratas vêm há dias exigindo um cessar-fogo no Afeganistão. A primeira que fez isso foi a presidenta do Partido Verde, Claudia Roth, após uma curta visita ao vizinho Paquistão. O partido neocomunista PDS já rejeitou, categoricamente, uma presença alemã na guerra.