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Crimes de guerra

Agências (ca)29 de dezembro de 2008

65 anos depois, governo de Berlim tenta junto à Corte Internacional de Justiça (CIJ) em Haia impedir de uma vez por todas que milhares de parentes de vítimas de crimes nazistas exijam reparações individuais da Alemanha.

Cemitério de vítimas de massacre nazista na ItáliaFoto: AP

Em junho de 1944, soldados alemães da Divisão Hermann Göring atacaram a pequena cidade italiana de Civitella, na região da Toscana. Algumas horas mais tarde, cerca de 200 habitantes da cidade estavam mortos.

Um dia antes das férias de Natal, o governo de Berlim se viu obrigado a depositar queixa na Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, após um veredicto da Corte de Cassação de Roma. Em outubro último, o supremo tribunal italiano rejeitara apelação contra uma decisão que permitia a parentes de vítimas do massacre de Civitella, como também de outros crimes nazistas, exigirem indenizações de Berlim.

Através da queixa, o governo alemão espera que a permanente querela entre a Justiça italiana e a alemã sobre reparações individuais de guerra tenha fim, já que a CIJ fortalece a imunidade de Estados, no caso concreto da República Federal da Alemanha, perante a Justiça de outros países.

Indenizações individuais não foram feitas

Merkel e Berlusconi se encontraram em TriesteFoto: AP

Além dos parentes das vítimas do massacre de Civitella, a Corte de Cassação romana também deu razão a queixosos gregos – entre eles sobreviventes de um massacre praticado por soldados da SS (Schutzstaffel) na localidade de Distomo – de reivindicarem o confisco de propriedades alemãs na Itália como forma de indenização. Entre as propriedades em questão, está o Centro Cultural Ítalo-Alemão Villa Vigoni, no Lago de Como, região da Lombardia.

Devido às possíveis conseqüências de tais veredictos, o governo de Berlim reagiu prontamente. Queixas milionárias de parentes de vítimas de diferentes países onde a SS ou a Wehrmacht tivessem praticado crimes poderiam recair sobre o governo alemão.

O governo de Berlim sempre assumiu a "responsabilidade moral" por tais crimes. Através de um acordo assinado com o governo italiano em 1961, a Alemanha pagou, na época, 40 milhões de marcos alemães em reparações à Itália. Indenizações individuais do Estado alemão às famílias das vítimas não foram feitas.

Réus e queixosos estão no mesmo barco

No entanto, observando o caso mais de perto, a briga entre a Alemanha e a Itália não é tão séria quanto parece. O governo de Roma espera, abertamente, que a CIJ dê razão à Alemanha. Caso contrário, o governo italiano teme também enfrentar uma onda de queixas civis por indenizações em diversos países.

Até 1943, Itália e Alemanha eram ditaduras que pertenciam às forças do Eixo. Não somente nazistas, mas também fascistas italianos praticaram crimes de guerra – entre outros, na Etiópia, Líbia e na antiga Iugoslávia.

Em declaração conjunta divulgada no encontro de cúpula, realizado em 18 de novembro último em Trieste, entre Angela Merkel e o primeiro-ministro italiano Silvio Berlusconi, ficou claro o apoio do governo de Roma à queixa alemã. Por este motivo, parentes de vítimas como os do Grupo de Trabalho Distomo vêem uma "farsa" no processo da CIJ, pois, na realidade, réus e queixosos estão no mesmo barco.

Imunidade dos Estados

Independente disto, especialistas torcem para que a Corte Internacional de Justiça de Haia dê razão à queixa berlinense. De outra forma, uma das principais premissas do direito internacional moderno estaria ameaçada – a imunidade dos Estados. Essa imunidade impede, entre outros, que Estados de direito que sucederam a regimes injustos possam ser processados por tribunais de outros países.

Sem este princípio, segundo a opinião da maior parte dos especialistas em direito internacional, seria quase impossível restaurar a paz jurídica entre os Estados após períodos de guerra.

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