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Alemanha quer impedir Trump de deixar acordo Open Skies

22 de maio de 2020

Presidente dos EUA anuncia que vai abandonar tratado internacional que visa elevar transparência sobre atividades militares, após acusar Rússia de não cumpri-lo. Berlim quer demovê-lo da decisão.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump
"Como não o respeitam, nós vamos sair", afirmou Trump sobre os russosFoto: Reuters/J. Ernst

A Alemanha pediu nesta quinta-feira (21/05) aos Estados Unidos que reconsiderem a decisão de se retirar do tratado internacional Open Skies (céus abertos) e instou a Rússia a respeitar suas obrigações no acordo.

O ministro alemão do Exterior, Heiko Maas, disse que vai se empenhar para que o governo do presidente Donald Trump reveja sua decisão e destacou que França, Polônia e Reino Unido repetidamente explicaram aos Estados Unidos que as dificuldades de aplicação por Moscou, nos últimos anos, não justificam uma retirada.

Trump anunciou nesta quinta-feira a saída dos Estados Unidos do acordo, que permite aos 34 países signatários verificar movimentos militares e a implementação de medidas de controle de armamentos por meio de voos de reconhecimento nos espaços aéreos de todos os signatários.

Ele acusou a Rússia de violar o tratado. "Como não o respeitam, nós vamos sair", afirmou. "Mas há uma chance muito grande de fazermos um novo acordo ou de fazer algo para fazer valer de novo aquele acordo", acrescentou Trump. A decisão entra em vigor depois de seis meses.

Desde 2014 há divergências em relação ao exclave russo de Kaliningrado, depois de um voo de observação da Polônia ter permanecido por um longo tempo sobre o território. A Rússia protestou e alterou, de forma unilateral, as regras para Kaliningrado, em desacordo com o tratado.

O mesmo vale para outras regiões consideradas sensíveis por Moscou, como a Ossétia do Sul e a Abcásia.

Maas disse lamentar profundamente o anúncio e acrescentou que o tratado "contribui para a segurança e a paz em quase todo o hemisfério norte" e ficaria enfraquecido com a retirada americana.

Ele também pediu à Rússia para "regressar à plena aplicação" do acordo. A Rússia denunciou um "golpe" à segurança europeia e a interesses de segurança de aliados dos EUA.

Em resposta ao anúncio de Trump, os embaixadores dos países-membros da Otan foram convocados para uma reunião de emergência nesta sexta-feira, segundo um diplomata.

O Tratado Open Skies é o terceiro acordo internacional do qual Trump decide retirar os Estados Unidos, após o tratado sobre o programa nuclear iraniano, do qual ele saiu em 2018, e o tratado INF sobre os mísseis terrestres de médio alcance, abandonado em 2019.

A ideia do Open Skies foi inicialmente proposta pelo presidente Dwight Eisenhower, em 1955, quando foi rejeitada por Moscou. Ela voltou à tona em 1989, no governo do presidente George H. W. Bush, e passou a valer em janeiro de 2002.

Pelo acordo, os países signatários podem executar um determinado número de voos de curta duração sobre o território de outras nações signatárias todos os anos. O objetivo é elevar a transparência sobre atividades militares e monitorar acordos de controle de armas.

AS/lusa/ap/afp/dpa

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