Alemanha quer testar consumo de álcool e drogas em pilotos
27 de dezembro de 2015
Ministro dos Transportes defende realização de exames aleatórios, meses após a tragédia com o avião da Germanwings. Sindicato da categoria critica proposta.
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A Alemanha planeja implementar testes aleatórios para detectar o consumo de drogas e álcool em pilotos de empresas aéreas, afirmou neste domingo (27/12) o ministro dos Transportes, Alexander Dobrindt, ao jornal Bild am Sonntag.
Um projeto nesse sentido deverá ser apresentado pelo ministério no início de 2016, menos de um ano após a queda do avião da empresa Germanwings, que matou todas as 150 pessoas a bordo.
"Especialistas em todo o mundo percebem os benefícios de reforçar a saúde e a segurança na indústria da aviação", afirmou Dobrindt. "Acho sensato que pilotos sejam examinados aleatoriamente para verificar o consumo de álcool, drogas e medicamentos."
A legislação em estudo segue recomendações feitas pela força-tarefa criada pelo Ministério dos Transportes da Alemanha após a derrubada do avião da Germawings pelo copiloto Andreas Lubitz, que se trancou na cabine de comando e provocou a colisão do Airbus A320 com os Alpes franceses, no dia 24 de março.
Investigadores descobriram atestados médicos rasgados na casa de Lubitz. As autoridades confirmaram que o jovem de 27 anos sofria de depressão aguda e poderia estar com medo de perder seu emprego, motivo pelo qual escondeu a doença de seus empregadores. Ele teria pesquisado sobre formas de cometer suicídio.
A investigação concluiu que Lubitz não deveria ter recebido permissão para voar em razão de sua instabilidade mental.
Dobrindt disse ainda que as companhias aéreas deverão ser responsáveis pela realização dos testes. "O sistema de controle, nesse formato, já foi implementado nos Estados Unidos e na Austrália. A Europa deve fazer o mesmo", afirmou o ministro.
Markus Wahl, porta-voz do sindicato dos pilotos alemães Cockpit, criticou a medida. "Do nosso ponto de vista, os testes aleatórios são um erro. Eles não têm nada que ver com o desastre da Germanwings e colocarão toda uma categoria sob suspeita", afirmou Wahl ao Bild am Sonntag.
Em julho, um painel de especialistas liderado pelo órgão regulador de segurança na aviação da Europa sugeriu melhoras nos exames psicológicos dos pilotos, além da criação de um banco de dados europeu com detalhes de consultas médicas, e melhores redes de apoio para reduzir os riscos de uma tragédia.
O painel recomendou também a introdução de testes aleatórios nos pilotos para detectar o consumo de álcool e drogas e uma melhor supervisão dos médicos responsáveis pelos exames periódicos.
Há alguns meses, a Lufthansa, proprietária da Germanwings, levantou a hipótese de realizar exames médicos nos pilotos.
RC/rtr/ap/dpa
A tragédia do voo da Germanwings
Um Airbus 320, que fazia a rota entre Barcelona e Düsseldorf, caiu nos Alpes franceses. Havia 144 passageiros, dois pilotos e quatro comissários a bordo. Não há sobreviventes.
Foto: Reuters/Diego Crespo/Moncloa
Copiloto derrubou avião
As gravações de áudio do cockpit indicam que o copiloto do voo 4U-9525 voluntariamente colocou o avião em rota de queda num momento em que o piloto havia se ausentado da cabine de comando. Andreas Lubitz, de 28 anos e nacionalidade alemã, não abriu a porta da cabine para que o piloto voltasse ao comando do Airbus A320.
Foto: picture alliance/landov
Sons dos últimos instantes
Em entrevista coletiva, o promotor de Marselha, Brice Robin, revela o conteúdo dos registros de áudio dos últimos minutos da aeronave. Até o avião se chocar contra o chão, "só era possível ouvir o som da respiração dele", informou, se referindo ao copiloto. "O tempo todo (da queda), ele não falou uma única palavra", acrescentou.
Foto: Pennant/AFP/Getty Images
Perplexidade
Thomas Winkelmann, presidente da Germanwings, e Carsten Spohr, presidente da Lufthansa durante entrevista coletiva. Executivos afirmam que notícia de que copiloto derrubou avião deixa empresa em estado de choque. "Não temos informação sobre o que teria motivado essa atitude terrível", afirmou Spohr. "Estamos diante de um enorme mistério."
Foto: Reuters/W. Rattay
Registros legíveis, apesar dos danos
Uma das caixas-pretas do Airbus 320 da Germanwings, encontrada no lugar da queda. Equipamento foi danificado pelo acidente. Porém, técnicos afirmaram que leitura de dados não ficou impossibilitada.
Foto: Reuters/BEA
Homenagem às vítimas
Presidente francês, François Hollande, chanceler alemã, Angela Merkel, e premiê espanhol, Mariano Rajoy, se encontraram em Seyne-les-Alpes e fizeram uma homenagem solene aos 150 mortos, nas proximidades da área onde o avião caiu.
Foto: Getty Images/P. Macdiarmid
Luto no colégio
Velas e cartaz com a pergunta "por quê"? expressam a consternação dos habitantes da pequena Haltern am See. Um grupo de 16 alunos e duas professoras de um colégio da cidade no norte da Alemanha retornava no voo acidentado da Germanwings de uma semana de intercâmbio na Espanha.
Foto: DW/J. Walter
Parentes buscam informações
Há muita tensão nos aeroportos de Barcelona e de Düsseldorf, onde parentes de passageiros buscam informações sobre o voo que caiu no sul da França. Equipes de atendimento emergencial estão de prontidão no aeroporto de Düsseldorf para dar assistência a parentes de vítimas. O aeroporto de Barcelona também colocou equipes à disposição de familiares.
Foto: DW/N. Martin
Líderes mobilizados
A chanceler federal alemã, Angela Merkel, realizou um pronunciamento pela manhã. Ela afirmou que o acidente foi um "choque" e que viajará nesta quarta-feira ao local da queda da aeronave. Os governos de Alemanha, França e Espanha unirão esforços para ajudar no resgate e nos esclarecimentos sobre as causas da queda do voo 4U-9525.
Foto: Reuters/H. Hanschke
Contato perdido
De acordo com autoridades francesas, o avião emitiu um sinal de emergência às 10h47. O site flightradar24.com divulgou que o avião estava a 38 mil pés (11.582 metros), e o contato foi perdido a uma altura de 5 mil pés (1.524 metros).
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Área de difícil acesso
O porta-voz do Ministério francês do Interior, Pierre-Henry Brandet, confirmou que os destroços do avião foram localizados a 2 mil metros de altitude, nos Alpes. Ele afirmou que as buscas e as operações de resgate devem ser "extremamente longas e difíceis", pois o acidente ocorreu em uma área remota.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
Piloto tinha 6 mil horas de voo
O piloto tinha mais de dez anos de experiência e cerca de 6 mil horas de voo acumuladas. O Airbus 320 começou a cair um minuto depois de alcançar a velocidade de cruzeiro. O avião perdeu altitude continuamente durante oito minutos. Entre as vítimas há 67 alemães e 45 pessoas com sobrenome espanhol. A nacionalidade dos demais não foi divulgada.
Foto: picture-alliance/dpa/F. Christiansen
Pilotos não enviaram sinal de alerta
Segundo as autoridades francesas, os pilotos não enviaram qualquer alerta aos controladores. "Foi o controlador que enviou um alerta, porque havia perdido contato com o avião, por volta das 10h30", disse um porta-voz da Direção Geral de Aviação Civil.
A Germanwings confirmou o número de passageiros e tripulantes a bordo do voo 4U-9525: 144 passageiros e seis tripulantes. Um grupo de 16 estudantes e dois professores de uma escola na cidade de Haltern estava a bordo.
Foto: Reuters/J.P. Pelissier
De Barcelona para Düsseldorf
O Airbus 320 da Germanwings, subsidiária de baixo custo da Lufthansa, fazia o trajeto entre Barcelona, na Espanha, e Düsseldorf, na Alemanha. O acidente ocorreu na região Alpes-de-Haute-Provence, nos Alpes franceses. O avião seria uma das versões mais antigas do modelo A320 e teria sido entregue em 1990 pela Airbus para a Lufthansa.