Alemanha rechaça suposto apoio da UE à energia nuclear
17 de maio de 2016
Documento a que o portal alemão "Spiegel Online" teve acesso revelaria intenção da Comissão Europeia de reforçar setor e construir reatores. Braço executivo da União Europeia reage após críticas de políticos alemães.
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Após o portal de notícias alemão Spiegel Online divulgar nesta terça terça-feira (17/05) que a Comissão Europeia pretende incrementar o uso de energia nuclear nos países do bloco europeu, o braço executivo da União Europeia (UE) esforçou-se para abafar as reações adversas na Alemanha.
Segundo a Comissão, o documento de estratégia ao qual o Spiegel Online teve acesso é um "documento para discussão" da direção geral de pesquisa, ciência e inovação. O documento deve ser discutido "abertamente" na quarta-feira da semana que vem com representantes de todos os países-membros interessados e "de maneira nenhuma" estabelece a posição da Comissão Europeia, afirmou o órgão.
Segundo a reportagem do Spiegel Online, a Comissão Europeia visa incrementar o uso a utilização da energia nuclear nos países do bloco com o objetivo de defender a supremacia tecnológica no setor. O documento ao qual o portal teve acesso sugeriria que os Estados-membros devem intensificar a cooperação em termos de pesquisas, financiamentos e construção de novos reatores.
Segundo o Spiegel, a UE pretende construir minirreatores, o primeiro dos quais deveria entrar em funcionamento até 2030.
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O objetivo dos planos seria reduzir a dependência do gás importado da Rússia, além de atingir as metas de redução das emissões de CO2 na atmosfera. Ao contrário da produção de energia através do carvão e do gás, as usinas nucleares praticamente não emitem CO2.
O documento proporia, entre outros fatores, a melhora nas condições para investimentos no setor. Os recursos deveriam ser canalizados pelo Fundo Europeu de Investimentos Estratégicos e por programas de incentivo à pesquisa da UE. Alguns desses programas deverão ser financiados pelo Banco Europeu de Investimento (BEI).
Energia "altamente perigosa"
Na Alemanha, que já anunciou que abandonará a energia nuclear até 2022, o Partido Verde fez severas críticas ao suposto "documento para discussão". O vice-líder da legenda, Oliver Krischer, afirmou que "a altamente perigosa energia nuclear não deve receber quaisquer subsídios". "Esperamos que [o vice-chanceler federal alemão e ministro da Economia] Sigmar Gabriel rechace essas ambições nucleares absurdas por parte da UE".
"Acreditar que, com mais energia nuclear seria possível salvar o clima é um equívoco", declarou a ministra do Meio Ambiente alemã, Barbara Hendricks. "A proteção climática precisa da adoção de energias renováveis, e não da manutenção de uma tecnologia ultrapassada e cara."
Atualmente, existem na UE 131 usinas nucleares em 14 Estados-membros, com capacidade de gerar cerca de 120 gigawatts. Novos reatores estão na fase de planejamento em 14 países. Os governos nacionais são quem decide sobre o incremento ou o abandono da energia nuclear.
RC/rtr/ots
Da energia à bomba nuclear
O Irã afirma que seu programa nuclear é exclusivamente para uso civil. No entanto, há muita semelhança entre a tecnologia nuclear para fins civis e a que tem objetivos militares.
Foto: aeoi.org.ir
Intenções obscuras
Há anos, o Irã amplia seus conhecimentos em tecnologia nuclear. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) está segura de que o país trabalhou em armas nucleares pelo menos até 2010.
Foto: aeoi.org.ir
Querer não é poder
Sem dúvida, a construção de uma arma nuclear com um sistema de transporte confiável impõe consideráveis desafios ao país. De forma simplificada, isso envolve cinco passos:
Foto: picture-alliance/dpa
Primeiro passo: obtenção da matéria-prima
Para fabricar uma bomba atômica, é necessário urânio altamente enriquecido ou plutônio quase puro. O Irã possui urânio suficiente, e o metal é extraído também para a indústria nuclear civil, como na minas de Saghand.
Foto: PD
Segundo passo: enriquecimento
Para seu enriquecimento, o urânio é concentrado em centrífugas de gás especiais, para facilitar a fissão. Para armas nucleares, é necessário um enriquecimento de 80%. Até novembro de 2012, o Irã alcançou oficialmente 20%. Mas após um acordo, a AIEA confirmou, em meados de 2013, que o país deixou de enriquecer urânio acima de 5% de pureza - nível suficiente para produzir energia.
Foto: picture-alliance/dpa
Terceiro passo: a ogiva
Ter urânio altamente enriquecido não basta. Para fabricar uma ogiva nuclear explosiva, os técnicos devem primeiro dar forma ao material puro e conseguir uma reação em cadeia através de um impulso controlado. Não se sabe até que ponto o Irã domina essas técnicas.
Foto: picture-alliance/dpa
Quarto passo: o detonador
A tecnologia para o detonador de uma arma nuclear é semelhante à de uma arma convencional. O Irã domina esse conhecimento. Além disso, cientistas iranianos realizaram extensos cálculos baseados em modelos e experimentos, simulando as propriedades de um detonador. Isso está comprovado por publicações das universidades Shahid Behesti e Amir Kabir.
Foto: AFP/Getty Images
Quinto passo: transporte
O Irã possui um sistema de transporte para armas nucleares. O míssil de médio alcance Shahab 3 é uma variante iraniana do Nodong-1, da Coreia do Norte. Ele alcança uma distância de 2 mil quilômetros e pode assim atingir alvos em Israel, a partir do Irã.
Foto: picture-alliance/dpa
A vontade de construir uma bomba
Sem controle, é difícil distinguir um programa nuclear civil de um militar, pois os recursos técnicos necessários são basicamente os mesmos. Precisa-se de centrífugas tanto na tecnologia nuclear civil quanto na militar. Se o Irã estará apto a fabricar uma bomba atômica e se vai realmente colocar isso em prática, depende decisivamente da vontade de quem está no poder.
Foto: dapd
Sem diálogo com Ahmadinejad
Após o programa nuclear do Irã ser descoberto, em 2002, os EUA e os aliados europeus pressionaram o país a suspender o enriquecimento de urânio. Mas a eleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, em 2005, interrompeu qualquer avanço nas negociações. Nos oito anos de seu governo, o número de centrífugas para o enriquecimento de urânio foi ampliado de 100 para 19 mil.
Foto: picture-alliance/dpa
Declínio econômico força Irã a negociar
Somente após a eleição do presidente Hassan Rohani, em agosto de 2013, o processo de negociações voltou a funcionar. O chefe de governo iraniano – na foto com o diretor geral da AIEA, Yukuya Amano – insta a um acordo, porque ele quer a suspensão das sanções econômicas que assolam o país há mais de uma década. As negociações diplomáticas, porém, durariam mais dois anos.
Foto: picture-alliance/dpa
"Novo capítulo"
Em 14 de julho de 2015, o Irã fechou um acordo histórico com as potências do grupo P5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha). Enquanto a República Islâmica garante não produzir bomba nuclear, EUA e União Europeia prometem aliviar as sanções que têm afetado as exportações de petróleo e a economia iraniana. UE vê decisão como um "novo capítulo nas relações internacionais".
Foto: Reuters/L. Foeger
Parlamento aprova acordo
O acordo foi aprovado pelo Parlamento do Irã em 13 de outubro de 2015, efetivamente encerrando o debate entre os legisladores do país sobre o tratado e, assim, abrindo caminho para sua implementação formal. Líderes afirmam que as inspeções internacionais precisam ser aprovadas pelo Conselho dos Guardiões da Constituição. Já as sanções devem ser suspensas no final do ano ou até janeiro de 2016.