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Redescobrindo a Alemanha

Jane Paulick (jv)29 de julho de 2007

Cansado da globalização do turismo, o escritor Ben Donald procurou um lugar ainda não colonizado pelos "bandos de turistas desagradáveis". E descobriu que o paraíso era mais perto do que imaginava – a Alemanha.

Ben Donald em trajes típicos da Baviera

"Este é o planeta não tão solitário em que vivemos", explica um personagem do relato de viagens de Ben Donald, publicado recentemente sob o título Springtime for Germany – Or How I learned to love Lederhosen (Primavera para a Alemanha – Ou como aprendi a amar as Lederhosen).

Mas os turistas britânicos não precisam se desesperar. "Existe uma nova fronteira", diz Donald. "Um horizonte perdido, ou melhor, despercebido, um lugar ainda a ser descoberto, ocultado sob um mito envenenado e que não é visitado há mais de 60 anos, desde que ele se tornou obscuro nas mentes de quase todo o mundo."

É da Alemanha mesmo que Donald está falando? Leitores de primeira viagem devem ficar confusos ao ler sobre o país nestes termos. Mas ele tem razão, não tem? Afinal, a Alemanha é, sim, melhor que sua reputação no mundo anglo-saxão.

O guia definitivo para a verdadeira Alemanha?

"É um Shangri-la europeu: um lugar romântico, cheio de florestas, um país de rios, vinhedos, castelos, poesia e música… de carros velozes e mulheres bonitas. Um país preservado pela negligência, maduro e à espera de ser redescoberto."

Então, por que este país não atrai turistas? "Não há nada na literatura de viagens sobre a Alemanha, nada carinhoso, nada que enalteça os prazeres do campo e do modo de vida alemães", comentou o autor em entrevista à DW-WORLD.DE, remetendo-se à sua motivação para escrever o livro. "Por quê, se existem centenas sobre a Itália, a França e a Espanha? Há algo impedindo as pessoas no Reino Unido de ver a Alemanha como um destino de férias e de ter uma visão romântica do país."

Determinado a encontrar as raízes da questão, Ben Donald se propõe a descobrir a verdadeira Alemanha. A viagem torna-se uma jornada de esclarecimento, na qual ele destrói os clichês com a mesma perseverança com a qual zomba dos alemães, agarrando-se aos conceitos que para ele melhor resumem a Alemanha. "Eu tendo a julgar o nível de civilização de um homem por sua opinião sobre a Alemanha e sua cultura", concluiu o escritor.

O estereótipo nos olhos de quem vê?

"Quando dou entrevistas à rádio britânica", conta Donald, "a primeira coisa que me perguntam é invariavelmente: a Alemanha não é só salsicha e vinho barato, música folclórica e Nena? Estes estereótipos ainda existem, mas se tornaram mais leves, não são nem um pouco maliciosos. E, enquanto os embaixadores da Alemanha discutem com os tablóides ingleses sobre como eles tratam a Alemanha, deveria ser lembrado que os britânicos fazem isso com todo mundo! Somos terríveis quando se trata de tendências xenófobas."

Garçonetes se equilibrando com canecas de cerveja – tipicamente alemão?Foto: AP

Os alemães não são, portanto, as únicas vítimas. "Talvez eles apenas precisem ver atitudes anglo-germânicas no contexto da xenofobia inglesa em relação a outros países também. Mesmo quando os britânicos dizem o quanto eles adoram a França, o vinho e seus costumes, eles não deixam de lamentar o fato de haver tantos franceses lá. A visão inglesa da França, como se vê em livros como Merde! Um ano em Paris, de Stephen Clarke, também é muito estereotipada", generaliza Donald.

Um livro sobre clichês e contra clichês

"O que o livro faz é pegar esses clichês e destrui-los", justifica o autor. "Há poucas referências ao nazismo nele, porque não quis escrever um livro só sobre a guerra. Quando me refiro ao Lebensraum (espaço vital), por exemplo, explico o que isto significa."

Donald afirma ter tentado encontrar as origens dos estereótipos e dar a eles uma leitura cultural mais profunda. "Ao explorar as origens do nudismo alemão, por exemplo, relacionei-o com a interpretação especificamente alemã do movimento hippie, da Segunda Guerra Mundial e da tradição da cultura de 'spa' (kur, em alemão)."

Alemanha: para Ben Donald, mais do que castelos da DisneyFoto: AP/Fremdenverkehrsamt Allgäu

O autor de Primavera para a Alemanha confirma, no entanto, que tudo isso se relativiza quando a pessoa entra em contato direto com o país. A imagem pessoal que se faz da Alemanha contrasta com aquela veiculada pela mídia: "Todas as pessoas com quem converso pessoalmente têm experiências ótimas na Alemanha. Mas é uma questão de mudança de percepção em relação à mídia e à imagem coletiva da nação."

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