Alemanha reforça restrições para conter variante ômicron
27 de dezembro de 2021
Medidas para conter transmissão da cepa mais contagiosa do coronavírus já entraram em vigor em alguns estados do país. Autoridades temem aumento das infecções durante as festas de fim de ano.
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As restrições para conter a nova onda de transmissões de covid-19, que estavam planejadas para após o Natal, já começaram a valer em alguns estados alemães nesta segunda-feira (27/12).
O reforço das restrições foi decidido em uma reunião na semana passada entre o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, e os governadores dos 16 estados alemães. As autoridades decidiram, pela primeira vez, impor limites também a pessoas vacinadas ou recuperadas da covid-19.
As regras entram em vigor a partir de 28 de dezembro, mas alguns estados – Baixa Saxônia, Baden-Württemberg, Brandemburgo e Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental – já adotaram as restrições logo no início da semana.
Na reunião entre os governos federal e estaduais foi decidido que encontros em grupo, tanto em espaços internos quanto externos, passam a ser limitados a um máximo de 10 pessoas vacinadas ou recuperadas da doença.
Em várias regiões, locais como academias de ginástica, piscinas públicas, casas noturnas e cinemas estão fechados, com restaurantes e bares funcionando em horários limitados.
Caso uma pessoa não vacinada participe de um encontro, as restrições se tornam mais rígidas, com membros de uma família limitados a se reunir com no máximo duas pessoas de uma outra casa. Clubes e casas noturnas devem fechar temporariamente e grandes eventos culturais e esportivos devem ocorrer sem público.
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Estados definem aplicação das regras
A obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção, introduzida há quase um ano, continua em vigor no transporte público em no comércio. A entrada em locais públicos permanecerá limitada àqueles que forem vacinados ou recuperados, regra conhecida na Alemanha como "2G" (geimpft oder genesen).
As decisões finais sobre questões sanitárias cabem aos governos estaduais, o que pode resultar em algumas variações entre os estados.
Em Baden-Württemberg, por exemplo, as reuniões em ambientes externos podem ser de, no máximo, 50 pessoas vacinadas. Em Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental, assim como na cidade-estado de Hamburgo, as restrições já estavam valendo desde a véspera de Natal.
Os tradicionais fogos de artifício durante a virada do ano foram proibidos pelo segundo ano consecutivo, para evitar uma sobrecarga ainda maior no sistema de saúde do país em razão do alto índice de acidentes, uma vez que os hospitais já estão sobrecarregados.
Nesta terça-feira, todos os demais estados alemães devem impor as restrições acordadas pelos governadores e pelo governo federal.
Casos da ômicron devem aumentar
As autoridades esperam que as medidas consigam frear as transmissões da variante ômicron do coronavírus, enquanto ganham tempo para impulsionar a distribuição da dose de reforço contra a doença e atingir o maior número de pessoas possível.
Até o momento, pouco mais de 70% dos alemães receberam as duas doses da vacina, enquanto 36% receberam doses de reforço.
O chanceler federal Olaf Scholz estabeleceu o objetivo de imunizar 80% da população até 7 de janeiro, mas as autoridades já admitem que será necessário ampliar esse prazo apara até o final do mês.
O ministro da Saúde, Karl Lauterbach, afirma que acompanha de perto os acontecimentos no Reino Unido, onde a ômicron estaria em um nível de transmissão de três semanas à frente da Alemanha.
Em seu perfil no Twitter, Lauterbach afirmou que a proporção de casos da variante ômicron deve aumentar muito nos próximos dias. "Por favor, evitem transmissões durante as festas", pediu o ministro. "Mesmo os vacinados devem ser testados."
A nova variante já foi detectada nos 16 estados alemães, mas ainda não se sobrepôs à variante delta, o que poderá ocorrer dentro de poucos dias. Especialistas alertam que a ômicron tem potencial para gerar até 700 mil novos casos da doença em um dia.
Serviços de emergência em prontidão
A Bundeswehr (Forças Armadas alemãs) e agências do governo já ser prepararam para assegurar o funcionamento dos serviços essenciais, como coleta de lixo e fornecimento de energia.
Neste domingo, novos protestos contra as medidas ocorreram em alguns pontos do país. Em Schweinfurt, na Baviera, manifestantes entraram em violentos confrontos com a polícia. Novas manifestações estão marcadas para os próximos dias.
Scholz disse entender a dificuldade de se reduzir os contatos na época de fim de ano, mas pediu a união da população. "Se estivermos unidos e nos vacinarmos, conseguiremos passar por essa crise", assegurou.
rc (AP, DW, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine