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Alemanha registra aumento de atos antissemitas em 2018

14 de fevereiro de 2019

Números de ofensas e ataques contra a comunidade judaica alcança nível mais alto em dez anos. "Uma tendência aterradora", diz líder do Conselho Central dos Judeus da Alemanha.

Veranstaltung Berlin trägt Kippa
Berlinenses usando quipá em manifestação contra o antissemitismo em 2018Foto: picture-alliance/dpa/M. Kappeler

Os atos antissemitas na Alemanha registraram aumento de quase 10% em 2018 e alcançaram seu nível mais alto em quase 10 anos. Já os atos violentos contra judeus tiveram uma escalada de 60%.

Esses dados preliminares da polícia alemã foram divulgados nesta quarta-feira (13/02) por solicitação do partido A Esquerda.

No ano passado, foram contabilizados 1.646 atos antissemitas - 9,4% a mais do que em 2017. Entre esses atos, constam 62 ataques violentos, que deixaram 43 pessoas feridas. Em 2017, haviam sido registrados 37 ataques.

A polícia informou que 857 suspeitos pelos atos e pelos ataques foram identificados. Destes, 19 foram presos.

O presidente do Conselho Central dos Judeus na Alemanha, Josef Schuster, denunciou nesta quarta-feira "uma tendência aterradora", e pediu "um compromisso mais forte e urgente contra o antissemitismo de políticos, polícia e justiça".

E, "se pensarmos em todos os atos que não são criminosos, as coisas são ainda mais preocupantes", acrescentou o responsável da comunidade judaica.

Os crimes e delitos antissemitas registraram o maior nível desde 2009 (quando ocorreram 1.690 atos).

Após a divulgação dos números, a vice-porta-voz do governo alemão, Ulrike Demmer, ressaltou que "não há lugar para antissemitismo na Alemanha" e que a vida judaica na Alemanha deve "se desenvolver livre e de maneira segura".

A Alemanha e outros países ocidentais têm observado com preocupação o aumento do discurso de ódio, a violência antissemita e outros atos racistas. Na França, o presidente Emmanuel Macron condenou nesta quarta-feira um "aumento inaceitável" no discurso de ódio antissemita, em meio à indignação com pichações que continham mensagens contra a comunidade judaica e atos de vandalismo em Paris e nos arredores da capital no último final de semana.

Na Alemanha, um fluxo maciço de refugiados e migrantes muçulmanos a partir de 2015 impulsionou a ascensão do partido de extrema-direita e anti-imigração Alternativa para a Alemanha (AfD), que desde o final de 2017 passou a ser o maior grupo de oposição no parlamento.

Os principais membros da AfD, além de criticarem o multiculturalismo, também fizeram comentários que minimizam o Holocausto. Em junho do ano passado, o líder nacional do AfD, Alexander Gauland, provocou um escândalo ao afirmar que Adolf Hitler e os nazistas não foram mais do que um "cocô de pássaro" na história alemã.

Ao mesmo tempo, a Alemanha também testemunhou um aumento dos ataques antissemitas cometidos por imigrantes de países árabes. Em um caso que gerou repercussão no ano passado, um refugiado sírio de origem palestina de 19 anos foi condenado por agredir com um cinto um cidadão israelense que usava um quipá judaico em Berlim.

O ataque ocorreu no dia 17 de abril, em plena luz do dia, e explicitou a persistência do antissemitismo na Alemanha, não só entre membros da extrema-direita, mas também entreimigrantes muçulmanos.

As imagens do ataque  provocaram uma forte repulsa pública e desencadearam manifestações em solidariedade aos judeus. No entanto, a maioria dos atos antissemitas registrados em 2018 na Alemanha foi cometida por militantes de extrema-direita, relatou o jornal Tagesspiegel.

JPS/ots/afp

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