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Alemanha registra aumento de casos de sífilis

Carlos Albuquerque14 de julho de 2012

O Instituto Robert Koch, de Berlim, detectou aumento de 22% nos casos de sífilis na Alemanha. Maioria de infectados é de homossexuais masculinos. Doença pode facilitar contaminação por HIV.

Foto: picture-alliance/dpa/PD Dr. Annette Moter/Charite-Universitätsmedizin Berlin

Por muitos anos, a sífilis parecia estar sob controle na Alemanha. O mal não aflige mais pessoas famosas, como foi o caso de Frédéric Chopin, Casanova, Friedrich Nietzsche, Charles Baudelaire e Heinrich Heine. Entretanto, os índices da doença aumentaram significativamente no último ano.

Em toda a Alemanha, foi registrado em 2011 um aumento de 22% de novos casos em relação ao ano anterior. "Foi uma surpresa para nós, porque os números estiveram estáveis nos últimos anos e em 2010 foram até relativamente baixos", observa Viviane Bremer, especialista em sífilis do Instituto Robert Koch, de Berlim.

Os quase 3.700 novos casos de 2011 igualaram o nível alcançado em 1986. O crescimento foi especialmente grande em metrópoles, como Berlim, Hamburgo, Bremen, Frankfurt e Munique.

Aumento de casos pode continuar

Também nos primeiros meses de 2012 foi registrado um número alto de novas infecções pela doença em relação ao mesmo período do ano anterior. A cifra de diagnoses neste ano pode, portanto, continuar em ascensão.

"Não sabemos os motivos exatos para isso", admite Bremer, acrescentando que parte do aumento certamente se deve ao crescimento do número de testes. "A maioria dos casos, cerca de 93%, são homens. Deles, a grande maioria são homens que têm relações sexuais com outros homens", observa. "Mas deduzir agora que está havendo aumento de um comportamento desleixado seria especulação", ressalta a cientista.

Friedrich Nietzsche: filósofo foi uma das vítimas famosas da doençaFoto: picture-alliance/ ZB

Doença facilita transmissão do HIV

Embora a sífilis seja uma doença de notificação obrigatória na Alemanha, este registro é realizado somente de forma anônima. Por isso, não é possível uma conclusão sobre sua origem. "Mudar isso também não teria sentido. Porque muitos teriam vergonha de serem testados, caso seus nomes fossem conhecidos", afirma Bremer. Até agora, esse crescimento da sífilis não é refletido nos números relativos ao HIV. "Só podemos fazer uma estimativa disso depois de algum tempo, após um ou dois anos", explica.

O fato é que as bactérias da sífilis danificam as membranas mucosas, permitindo que o vírus HIV penetre mais facilmente no corpo. Por outro lado, as ulcerações e lesões de pele causadas pela sífilis são altamente contagiosas, não apenas em contatos sexuais. "Os preservativos são importantes, mas não garantem uma proteção total", destaca Bremer.

Reforço de campanhas

"Entre as doenças sexualmente transmissíveis, não monitoramos somente a sífilis, mas esta doença carrega o maior risco em relação ao HIV", diz Armin Schafberger, da Deutsche Aids-Hilfe, associação alemã de apoio a portadores de HIV e outras doenças sexualmente transmissíveis.

Ele comenta que, embora seja normal uma certa oscilação em relação à sífilis, sua entidade reforçará, com campanhas de esclarecimento e de incentivo a testes de sífilis, os esforços para que as tendências positivas verificadas ultimamente em relação à aids continuem. "Reforçaremos novamente os esforços dos últimos anos", garante. "Quem troca de parceiros com frequência deve fazer o teste uma a duas vezes ao ano", diz Schafberger. "Isto é simplesmente um teste de sangue."

Com um diagnóstico precoce, o tratamento da sífilis geralmente obtém sucesso rápido. "A doença pode durar por décadas. Somente em casos isolados, é que ela é reconhecida tão tarde que permanecem danos cerebrais irreparáveis", diz Bremer. Além disso, a bactéria causadora da sífilis é uma das poucas que responde facilmente à penicilina.

MD/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque

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