Segundo agência de inteligência interna alemã, ideologia islâmica ultraconservadora continua atraindo seguidores, que já passam de 10 mil no país. Cena fragmentada e recrutamento pela internet são desafio às autoridades.
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A cena salafista ultraconservadora está em expansão na Alemanha, e a fragmentação do movimento representa um desafio cada vez maior para as autoridades de inteligência, afirmou neste domingo (10/12) o Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV, na sigla em alemão).
Segundo o chefe da entidade, Hans-Georg Maassen, o número de seguidores da ideologia islâmica fundamentalista chegou a 10.800 no país, em comparação com 9.700 em dezembro do ano passado. A cifra era de 10.300 três meses atrás, o que mostra a rápida expansão, disse a autoridade.
Maassen declarou que o registro de mais de 10 mil salafistas é um número recorde na Alemanha. "Ao mesmo tempo, observamos uma fragmentação e individualização do salafismo no país", apontou ele, acrescentando que a situação representa um "desafio especial" às autoridades de inteligência.
Segundo o chefe do BfV, o movimento salafista recruta cada vez menos seguidores nas ruas ou em mesquitas, passando a radicalizá-los em pequenos grupos, especialmente através da internet, o que torna difícil o monitoramento por parte das autoridades.
Outro desafio, segundo Maassen, é o acesso a redes salafistas formadas por mulheres, que não eram comuns até pouco tempo atrás e agora também estão crescendo em número.
Os islamitas vindos do norte do Cáucaso são os que representam uma maior ameaça à segurança da Alemanha, afirmou o chefe do BfV. Segundo os novos dados oficiais, acredita-se que cerca de 500 extremistas vindos de repúblicas como a Chechênia, Daguestão e Inguchétia vivam hoje no país.
"A proximidade com a violência, artes marciais e armamentos registrada em muitos islamitas do norte do Cáucaso chama a atenção de autoridades de segurança alemãs", disse Maassen.
Segundo ele, muitos deles tiveram experiências de combate em seus países, tendo não só lutado em guerras na Chechênia, mas também participado de conflitos atuais na Síria e no Iraque.
O BfV informou que a cena salafista derivada dessas regiões está principalmente concentrada nos estados do leste da Alemanha, como Berlim e Brandemburgo, mas há também ocorrências em Bremen, Hamburgo e na Renânia do Norte-Vestfália.
A cena salafista
Mesmo chegando a uma cifra recorde no fim deste ano, o número de salafistas na Alemanha ainda é muito pequeno em comparação com o total de muçulmanos que vivem no país, estimado em mais de 4 milhões de pessoas.
O governo, no entanto, já expressou preocupação com a expansão do movimento e sua ideologia, que promove a sharia (a lei islâmica) e a rejeição aos valores ocidentais. Seguidores do movimento também se juntaram a grupos terroristas no Oriente Médio.
No ano passado, o ministro do Interior alemão, Thomas de Maizière, baniu oficialmente do país um grupo salafista chamado "A Religião Verdadeira" (DWR, na sigla em alemão), acusado de promover uma versão ultraconservadora do islã e "glorificar o assassinato e o terrorismo".
Segundo o governo em Berlim, o grupo – que lançou no país o projeto "Leia!" ("Lies!", em alemão) para distribuir 25 milhões de cópias gratuitas do Alcorão – servia de fachada para o recrutamento de jovens para o grupo extremista "Estado Islâmico" (EI).
EK/ap/dpa/afp/rtr
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Radicais islâmicos na Alemanha
Eles são jovens, fanáticos e querem chegar ao paraíso. O serviço secreto avalia que na Alemanha vivem cerca de 500 radicais islâmicos dispostos à violência. Nos últimos anos, vários atentados foram evitados a tempo.
Foto: twitter.com
O cenário dos terrorismo islâmico
Milhares de radicais islâmicos vivem em diversas regiões da Alemanha. A maioria daqueles que aceitam ser recrutados para a Jihad tem, segundo o diretor do Serviço de Proteção à Constitutição do país, o seguinte perfil: homem, muçulmano, com histórico de migração e fracassos na biografia. Muitos são filhos de imigrantes em busca de orientação e apoio, mas há alemães convertidos no grupo.
Foto: picture-alliance/dpa
O 11 de setembro e seus mentores
A célula terrorista de Hamburgo: os atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA foram arquitetados em Hamburgo por radicais islâmicos em torno do piloto Mohammed Atta (na foto, ao centro). Além de três dos quatro pilotos do 11 de setembro, havia em Hamburgo ainda um grupo de seis apoiadores do plano. El Motassadeq (na foto, à esquerda) foi condenado a 15 anos de prisão.
Foto: picture-alliance/dpa/lno
As malas-bomba
Atentado na estação central de Colônia: no dia 31 de julho de 2006, os estudantes libaneses Jihad Hamad e Youssef el Hajdib pretendiam explodir, com bombas construídas por eles próprios e colocadas em malas, dois trens que partiram de Colônia em direção a Hamm e Koblenz. Hamad acabou sendo condenado em Beirute a cumprir 12 anos de prisão. El Hajdib foi condenado na Alemanha à prisão perpétua.
Foto: picture-alliance/dpa/BKA
A célula do Sarre
O caso do Sarre: No dia 4/9/2007, a unidade antiterrorismo FSG 9 invadiu no estado do Sarre uma casa de veraneio. Três terroristas foram detidos: Adem Yilmaz (esq.), Daniel Schneider (centro), Fritz Gelowicz (dir.). O grupo planejava atentados contra instituições alemãs e norte-americanas em protesto contra o Exército alemão no Afeganistão. Os terroristas foram condenados a 12 anos de prisão.
Filiz Gelowicz: A mulher do mentor do Grupo islâmico do Sarre também precisou responder a processo na Justiça. No dia 5 de novembro de 2010, ela foi julgada por um tribunal de Berlim. Ela confessou ter reunido recursos financeiros que foram investidos na Jihad. Na época aos 29 anos de idade, Gelowicz foi condenada a uma pena de dois anos e meio de prisão.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schwarz
Os mentores do atentado no aeroporto
Atentado em Frankfurt: No dia 2 2/3/2011, Arid Uka foi responsável por uma chacina do aeroporto de Frankfurt. Ele atirou em dois soldados norte-americanos e feriu gravemente dois outros. Este foi o único atentado terrorista com vitimas fatais dentro da Alemanha. Uka nasceu no Kosovo e cresceu na Alemanha. Sua família não é considerada fanática, mas ele havia declarado ser um "guerreiro de Deus".
Foto: picture alliance / dpa
A célula da Al Qaeda em Düsseldorf
A Al Qaeda na região do Reno: Halil S. (centro) foi julgado pela Corte de Karsruhe no dia 9 de dezembro de 2011. Ele fazia parte da célula terrorista de Düsseldorf, que tinha também como membro um dos guarda-costas pessoais de Osama bin Laden. A Al Quaeda havia planejado um grande atentado terrorista na Alemanha. Todos os quatro membros da célula de Düsseldorf foram condenados a penas de prisão.
Foto: dapd
Os salafistas
Cresceu o número de salafistas na Alemanha, que em breve serão 7 mil. Desde outubro de 2011, eles disseminam traduções gratuitas do Alcorão pelo país. A ação "Leia!" é um projeto desenvolvido pelos radicais islâmicos, que tem por meta distribuir 25 milhões de exemplares do Alcorão. Alguns salafistas são propícios a usar violência e 5 mil já viajaram para zonas de combate na Síria e no Iraque.
Foto: picture-alliance/dpa/Britta Pedersen
Tentativa de atentado em Bonn
No dia 10/12/2012, uma bomba foi colocada numa bolsa e depositada na plataforma número 1 da estação ferroviária de Bonn. O objetivo era demonstrar o poder dos radicais islâmicos, mas um erro de construção da bomba evitou a explosão. O responsável era o salafista Marco G., um alemão que cresceu em Oldenburg e se converteu ao islã. Se a bomba tivesse explodido, ela teria provocado muitas mortes.
Foto: picture-alliance/dpa
Polícia própria baseada na chária
Os salafistas são vigilantes dos "bons costumes": No início de setembro de 2014, uma auto-intitulada polícia da chária (lei religiosa islâmica) saiu às ruas em Wuppertal. Homens patrulharam a cidade e conclamaram muçulmanos a recusarem jogos de sorte, álcool e música. Os salafistas "deturpam nossa religião", disse Aiman Mazyek, presidente do Conselho Central dos Muçulmanos na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
Os que retornaram da Síria
Os combatentes da Síria no tribunal: Em julho de 2013, Kreshnik B. foi para a Síria, onde se aliou à milícia IS. Em fins de 2013, foi detido em Frankfurt. A Procuradoria Geral o acusa de pertencimento a grupo terrorista. É possível que ele tenha que cumprir pena de mais de quatro anos de prisão. Este é o primeiro processo na Alemanha contra alguém que retornou do combate na Síria e no Iraque.
Foto: picture-alliance/dpa/Boris Roessler
Os guerreiros de Deus
Denis Cuspert é o combatente alemão mais conhecido da milícia terrorista IS na Síria. Nascido em 1975 em Berlim de mãe alemã e pai africano, era conhecido como cantor de rap sob o pseudônimo Deso Dogg. Desde 2012 vive na Síria, onde mobiliza salafistas na Alemanha. Ele participou de um vídeo de degolação frente às câmeras. O governo alemão quer colocar seu nome da lista de terroristas das ONU.