País recebeu cerca de 2 milhões de estrangeiros no ano passado, e 860 mil foram embora, afirma órgão de estatísticas. Alta em relação a 2014 é de 49% para o ingresso.
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O Departamento Federal de Estatísticas da Alemanha (Destatis) afirmou nesta segunda-feira (21/03) que a Alemanha acolheu um número recorde de imigrantes em 2015, com alta de 49% em relação a 2014.
Segundo o órgão, a imigração líquida de estrangeiros chegou a 1,14 milhões no ano passado. "Este é o maior índice já registrado na história da República Federal da Alemanha", afirmou o Destatis em comunicado.
O Destatis registrou em 2015 a chegada de cerca de 2 milhões de imigrantes à Alemanha. No mesmo ano, 860 mil estrangeiros deixaram o país, com "saldo" de 1,14 milhões.
Em 2014, 1,343 milhões de pessoas haviam chegado à Alemanha, e 766 mil estrangeiros deixaram o país, o que resultou numa imigração líquida de 577 mil pessoas.
O cálculo usa dados consolidados de janeiro a agosto do ano passado e estimativas para os quatro meses restantes.
As autoridades alemãs enfrentam dificuldades para lidar com o grande fluxo migratório, com cerca de 400 mil pedidos de asilo ainda pendentes.
O Destatis havia contabilizado anteriormente a chegada de 1,1 milhão de refugiados ao país em 2015. Esse dado não leva em conta que muitos migrantes podem ter se registrado múltiplas vezes, em lugares diferentes.
Os dados divulgados nesta segunda-feira revelam ainda que em 2015 havia 9,11 milhões de estrangeiros registrados no país, um aumento de 12% em relação ao ano anterior.
Acordo UE-Turquia
Na última sexta-feira, a União Europeia (UE) firmou um controverso acordo com a Turquia para conter o fluxo migratório rumo à Europa, que permite às autoridades do bloco devolver ao governo turco os migrantes que entrarem ilegalmente no continente através da Turquia.
"A parte mais importante deste acordo é que irá pôr fim às atividades dos traficantes de pessoas e contribuir para reforçar a segurança das fronteiras externas da UE", afirmou a chanceler federal da Alemanha, Angela Merkel, após o fechamento do pacto. Ela rejeitou diversas tentativas de impor limites no número de refugiados que buscam asilo em seu país, o que desagradou a muitos de seus aliados políticos.
Organizações de direitos humanos rechaçaram o fechamento do acordo com Ancara. A Anistia Internacional afirmou que foi "um dia sombrio para a Europa e para a humanidade".
RC/dpa/dw
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.