Índice supera 4% pela primeira vez desde 1993. Alta é puxada pelo aumento nos preços no fornecimento de energia, o que também gera preocupação em toda a Europa. Líderes da UE vão discutir meios de mitigar o problema.
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A Alemanha registrou sua maior inflação em quase 28 anos. Os preços ao consumidor aumentaram em 4,1% em setembro, em comparação ao mesmo mês do ano anterior, segundo estimativas iniciais do Departamento Federal de Estatísticas (Destatis) divulgadas nesta quinta-feira (30/09).
A última vez que a inflação passou de 4% na Alemanha foi em dezembro de 1993, quando atingiu 4,3%.
A nova alta é atribuída ao aumento nos preços do setor de energia, enquanto a recuperação global da pandemia de covid-19 gera uma demanda crescente por petróleo e outros combustíveis. Também contribuíram os aumentos significativos nos preços dos alimentos básicos.
Em setembro, os consumidores alemães pagaram 14,3% a mais pelo fornecimento de energia doméstica e combustíveis do que há um ano.
A remoção temporária do Imposto sobre Valor Agregado (IVA) para estimular a demanda durante a pandemia, também está por trás da alta da inflação. O IVA voltou a ser cobrado em janeiro deste ano, o que fez com que bens e serviços ficassem mais caros.
Não está descartada uma alta da inflação de em torno de 5% ainda este ano. Entretanto, economistas avaliam que a tendência de alta deve ser um fenômeno temporário.
Nesta semana, a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, afirmou que "o desafio principal é não reagirmos com exagero aos choques temporários no abastecimento que não têm sustentação no médio prazo, ao mesmo tempo em que alimentamos as forças de demanda positivas, capazes de reduzir de modo durável a inflação até a nossa meta de 2%”.
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Inflação preocupa toda a Europa
Os lideres da União Europeia (UE) se reunirão em três semanas para discutir a alta nos preços da energia, e maneiras de mitigar o impacto sobre os consumidores. O tema foi incluído na pauta da cúpula dos líderes europeus, marcada para 21 e 22 de outubro.
O porta-voz do Conselho Europeu, Barend Leyts, disse que, embora esta seja uma questão com a qual os países do bloco devem lidar individualmente, a UE quer discutir formas de contribuir para solucionar o problema também de modo coletivo.
A alta nos preços da energia, exacerbada por um aumento triplicado na demanda por gás natural, afeta todo o continente e eleva os temores de alta na inflação, enquanto a economia europeia demonstra uma recuperação econômica robusta após os estragos gerados pela pandemia.
A inflação ameaça ainda os esforços para uma redução significativa das emissões de CO2 na Europa, algo que inclui uma transformação profunda em vários setores da economia, com custos altos para os cidadãos.
Alguns membros do Parlamento Europeu acusam a Rússia de manipular os preços do gás, no intuito de forçar a Alemanha a acelerar a ativação do gasoduto Nord Stream 2, cuja construção foi finalizada recentemente.
Uma prova disso seria o fato de a gigante russa do setor de energia Gazprom ter permitido que suas reservas de gás na Europa tenham se reduzido a níveis extremamente baixos.
A UE avalia medidas de curto prazo, como reduções no IVA e isenções energéticas, de modo a proteger seus planos de médio e longo prazo de aumentar suas fontes de energias renováveis e melhorar a eficiência energética.
rc (DPA, AFP)
Empresas alemãs de história secular
Mais de 90% de todas as companhias na Alemanha são de propriedade familiar e geram mais da metade da receita da economia alemã. Algumas delas estão em atividade desde o século 16.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Reichel
Coatinc Company
Só no início de 2019 ficou-se sabendo que a Coatinc Company é a empresa familiar mais antiga da Alemanha. Historiadores da economia examinaram documentos da companhia e confirmaram 1502 como o ano de sua fundação. No princípio ela era apenas uma fundição em Siegen. O grupo se internacionalizou, mas até hoje a sede manteve-se fiel ao aprimoramento de superfícies metálicas.
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William Prym
Até então a Prym, fundada em 1530, era considerada a empresa familiar mais antiga da Alemanha – agora ela tem que se contentar com o 2° lugar. Em seus primórdios, priorizou-se a produção de laminados e arames, a partir de 1903 prevaleceu a fabricação de utensílios de costura e botões de pressão. A companhia emprega 3.300 funcionários. Em 2018, sua receita girou em torno de 382 milhões de euros.
Foto: picture-alliance/dpa/O. Berg
Wiegand Glas
A vidraçaria Wiegand foi criada em 1570 a partir de uma modesta oficina na região de Rhön. Embora a fabricação de vidro sempre tenha sido seu foco, em 1997, ela decidiu expandir a produção para embalagens PET. Hoje, a Wiegand Glas, com seus 1.800 funcionários e um faturamento anual de 486 milhões de euros em 2018, é uma das três principais fabricantes de recipientes de vidro na Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Reichel
Berenberg
Desde o século 16, empresas atuam no setor bancário na Alemanha. O Berenberg Bank, fundado em Hamburgo em 1590, é o segundo banco mais antigo do mundo, depois do italiano Monte dei Paschi di Siena. Em 2018, seus 1.640 funcionários geraram um volume de negócios de 4,7 bilhões de euros nas áreas de gestão de ativos, investimento e banco corporativo.
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Friedr. Schwarze
Já em 1664 a Schwarze era mencionada oficialmente como uma destilaria. Vendendo seus produtos sob o nome Schwarze und Schlichte, ela possui em seu sortimento uma gama diversificada de destilados, afirmando-se com sucesso no setor. A Schwarze und Schlichte emprega 100 pessoas e realizou, em 2018, cerca de 47 milhões de euros em vendas.
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Merck
Fundada em 1668 como uma farmácia em Darmstadt, a Merck é a mais antiga empresa químico-farmacêutica do mundo. Ás vezes é confundida com a americana Merck & Co., que fazia parte da empresa alemã até 1917. Embora a firma dos EUA seja maior, a companhia alemã faturou em 2018 quase 15 bilhões de euros, e mantém 51.700 funcionários em todo o mundo.
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Lukas Meindl
A empresa Meindl foi fundada em 1683, quando Peter Meindl abriu uma das primeiras fábricas de sapatos em Kirchanschöring (Alta Baviera). Desde então, as gerações seguintes continuaram com sucesso o negócio. Com 200 funcionários e uma unidade de produção na cidade natal, a empresa familiar vende botas e roupas de couro em toda a Alemanha.
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Harry Brot
Uma simples padaria perto de Hamburgo foi a origem da panificadora atacadista Harry em 1688, cuja gama de produtos pode ser encontrada no leste, oeste e norte da Alemanha. Durante anos, investiu-se diligentemente na modernização da panificadora. Hoje, ela produz em nove unidades, emprega 4.375 pessoas e, em 2018, alcançou um faturamento de cerca de 1 bilhão de euros.
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Villeroy & Boch
A fábrica de cerâmica Villeroy & Boch foi fundada em 1748 pelo fundidor François Boch, num vilarejo da Lorena. De uma empresa que inicialmente produzia apenas porcelana, ela tornou-se ao longo de 270 anos em líder nos setores de louças sanitárias e utensílios de mesa. Hoje, emprega 7.500 funcionários em todo o mundo e alcançou em 2018 um faturamento de 835 milhões de euros.
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Siedle
A empresa familiar Siedle, hoje conhecida por sua tecnologia de comunicação predial, ainda era uma fundição ao ser fundada em 1750. Em 1887, voltou-se para a telefonia, de onde partiu para especializar-se em sistemas de comunicação em edifícios, a partir do início do século 20. Com 550 funcionários, a antiga fundição gerou um volume de negócios de 88 milhões de euros em 2018.