Alemanha registra primeira morte pela variante ômicron
23 de dezembro de 2021
Paciente que morreu tinha mais de 60 anos, segundo agência governamental. Autoridades alemãs alertam que ômicron deve se tornar dominante em janeiro.
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A Alemanha anunciou nesta quinta-feira (23/12) a primeira morte relacionada à variante ômicron do coronavírus no país.
De acordo com o Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças, trata-se de um paciente com idade entre 60 e 79 anos.
Também foram notificados na quarta-feira 810 novos casos da ômicron, 25% a mais do que no dia anterior. No total, já são 3.198 casos da variante na Alemanha, dos quais 48 exigiram hospitalização e 54 são reinfecções.
Mais de um terço dos casos foi registrado na Renânia do Norte-Vestfália, estado mais populoso da Alemanha. A faixa etária mais atingida é dos 15 aos 34 anos.
Só são contabilizados como casos da variante ômicron aqueles detectados por um sequenciamento do genoma completo ou por uma suspeita diagnóstica baseada em um teste de PCR específico para a variante.
Ômicron deve se tornar dominante
Na quarta-feira, o chefe do RKI, Lothar Wieler, alertou que a variante ômicron deve se tornar a dominante em meados de janeiro. Ela já responde pela maioria dos casos em países como Estados Unidos, Reino Unido e Canadá.
"Nos últimos dias, o número de casos diminuiu, mas, infelizmente, isso não é um sinal de abrandamento", disse ele em entrevista coletiva em Berlim. "Precisamos diminuir os números, que ainda são muito altos de casos. (...) O Natal não deve ser a faísca que acende o fogo da ômicron", completou.
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Quinta onda
Em reunião na terça-feira, o chanceler federal Olaf Scholz e os governadores dos 16 estados alemães concordaram em impor novas restrições, inclusive para vacinados e recuperados, logo após o Natal.
No entanto, o ministro da Saúde alemão, Karl Lauterbach, afirmou na quarta-feira que já não é mais possível evitar uma quinta onda do coronavírus, impulsionada pela ômicron.
"Estamos em uma situação em que, aos poucos, conseguimos controlar a [quarta] onda e com a variante delta", disse o ministro em Berlim, ao lado de Wieler. "No entanto, esperamos uma quinta com certeza", alertou.
Importância das vacinas
O ministro disse que as vacinas de reforço são fundamentais na luta contra o coronavírus, com eficácia na prevenção de casos graves em mais de 90%.
No entanto, apesar de não ter escassez de vacinas, boa parte da população se nega a se imunizar contra a covid-19.
De acordo com o RKI, 70,5% da população está completamente imunizada e 33,8% já receberam uma dose de reforço. Só na quarta-feira, mais de um milhão de pessoas em todo o país foram vacinadas contra a covid-19, mas a maioria tomou a dose de reforço.
Diante da ameaça da rápida disseminação da variante ômicron do coronavírus, a Comissão Permanente de Vacinação da Alemanha (Stiko, na sigla em alemão) recomendou que a terceira dose seja aplicada com um intervalo de apenas três meses da vacinação completa.
Nesta quarta-feira, o Conselho de Ética da Alemanha recomendou a ampliação no país da obrigatoriedade da vacinação contra a covid-19 para adultos a partir dos 18 anos.
le/ek (ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine