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Alemanha reimpõe isolamento a centenas de milhares

25 de junho de 2020

Após surto em frigorífico, medidas para conter a covid-19 são aplicadas em dois distritos no oeste do país, afetando 640 mil pessoas. Estados vizinhos e Áustria restringem entrada de viajantes provenientes da região.

Isolados, trabalhadores de frigorífico e familiares recebem itens como fraldas e alimentos
Isolados, trabalhadores de frigorífico e familiares recebem itens como fraldas e alimentosFoto: picture-alliance/AP Images/M. Meissner

Enquanto na maior parte da Alemanha avança o afrouxamento de medidas restritivas impostas há três meses para conter a disseminação da covid-19, centenas de milhares de moradores de dois distritos no oeste do país têm que conviver novamente com medidas rígidas de isolamento social.

Após mais de 1.500 empregados do frigorífico Tönnies, no distrito de Gütersloh, testarem positivo para o vírus, o governo do estado da Renânia do Norte-Vestfália determinou nesta terça-feira (23/06) a reimposição de restrições na região e no vizinho distrito de Warendorf, onde vivem cerca de 640 mil pessoas.

Cerca de 7 mil trabalhadores do frigorífico e seus familiares estão em quarentena. Todos os moradores dos distritos de Gütersloh e Warendorf foram encorajados a se submeterem voluntariamente, até o fim da semana, a testes de covid-19 para que as autoridades consigam ter uma dimensão da disseminação do vírus. Nesta quinta-feira, o secretário de Saúde da Renânia do Norte-Vestfália afirmou que, até o momento, apenas um entre 2 mil testes realizados deu positivo.

Ao afrouxar as restrições impostas devido à pandemia, o governo alemão havia acordado com as autoridades estaduais que voltariam a ser consideradas áreas de risco localidades onde fossem registradas mais de 50 novas infecções a cada 100 mil habitantes em sete dias, o que ocorreu em Gütersloh e Warendorf.

As medidas reimpostas nos dois distritos valem, a princípio, até 30 de junho e incluem restrições de contato e proibição da prática de esportes em locais fechados e de eventos culturais. Escolas e creches do distrito de Gütersloh já estavam fechadas desde 17 de junho, e a medida foi adotada em Warendorf a partir desta quinta.

Em ambos os distritos, os encontros em público só estão permitidos para pessoas do mesmo domicílio ou apenas duas pessoas de domicílios distintos. Manifestações estão proibidas. Cinemas e bares também permanecem fechados, enquanto restaurantes podem funcionar sob regras rígidas, incluindo a de que no máximo duas pessoas ou uma família que vive no mesmo domicílio se sentem juntas.

Férias de verão ameaçadas

Na Renânia do Norte-Vestfália, as férias escolares de verão começam na próxima segunda-feira, e o novo surto deve atrapalhar os planos de muitas famílias. O governador do estado, Armin Laschet, não impôs uma proibição de viagem, mas apelou aos moradores de Gütersloh e Warendorf para que não deixassem os distritos.

Profissionais da saúde testam funcionários de frigorífico no distrito de Gütersloh e seus familiaresFoto: picture-alliance/AP Images/M. Meissner

Vários estados alemães anunciaram que vão se fechar para viajantes provenientes da região atingida pelo surto. Após a Baviera, a Baixa Saxônia e Mecklemburgo-Pomerânia Ocidental proibirem que moradores de ambos os distritos no oeste do país pernoitem nos estados, Baden- Württemberg também anunciou a medida nesta quinta. O estado de Schleswig-Holstein impôs quarentena obrigatória para quem vier da região de risco.

Nesta quarta-feira, o governo da Áustria emitiu num alerta de viagem para toda a Renânia do Norte-Vestfália. A medida prevê que não haverá voos diretos entre a Áustria e o estado, que inclui as cidades de Bonn, Colônia e Düsseldorf.

"Nossa vizinha Alemanha mostrou, com a região de Renânia do Norte-Vestfália, com que rapidez uma situação dramática pode surgir", disse o primeiro-ministro austríaco, Sebastian Kurz, ao anunciar a medida. "Espero, claro, que a situação lá melhore rapidamente e não haja mais disseminação para toda a Alemanha."

Outros focos da doença pelo país

Após a eclosão do novo foco da doença no oeste da Alemanha, o Instituto Robert Koch (RKI), responsável pelo controle e prevenção de doenças, apelou para que os alemães permaneçam cuidadosos em relação à covid-19.

"Se dermos uma chance para que o vírus se dissemine, ele se disseminará, como podemos ver nos eventos atuais de surto", disse Lothar Wieler, chefe do RKI.

Recentemente, também foram registrados surtos em Göttingen, no centro do país, em Magdeburg, no leste, e em prédios de Berlim onde foram registrados dezenas de casos.

Num complexo habitacional do bairro de Friedrichshain, no leste de Berlim, 44 pessoas foram diagnosticadas com covid-19 até esta quinta. Em quarentena obrigatória, os moradores vêm recebendo alimentos e artigos de higiene das autoridades locais.

Desde 13 de junho, um edifício inteiro em Neukölln, distrito no sul da capital alemã, está sob quarentena. Mais de cem moradores testaram positivo para o novo coronavírus. Policiais passaram a viajar o prédio, e só podem sair aqueles que ou trabalham na área da saúde ou têm cachorro para levar para passear.

Em meio aos novos focos da doença na Alemanha, o número infecções diárias aumentou nos últimos dias no país. Nesta quinta-feira, o RKI reportou que 630 novos casos de covid-19 foram confirmados em 24 horas; na véspera haviam sido 587. No total, a Alemanha já registrou mais de 192 mil infecções, cerca de 176.800 recuperados e 8.927 mortos em decorrência da covid-19, 13 nas últimas 24 horas.

O RKI apontou que, apesar dos novos surtos, o chamado número de reprodução R do coronavírus voltou a cair nesta quarta para 0,72, após ter atingido 2,02 na véspera. Isso significa que atualmente cada infectado no país contamina, em média, menos de uma pessoa.

LPF/dpa/efe/kna/dw/ard

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