Alemanha rejeita centenas de menores refugiados na fronteira
30 de abril de 2016
Ignorando competência dos órgãos de proteção aos jovens, Polícia Federal manda de volta crianças refugiadas desacompanhadas. Partido Verde alemão condena: "Proteção dos menores é mais importante que a das fronteiras".
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Do início de 2016 até o fim de março, 309 refugiados menores de idade desacompanhados foram impedidos de atravessar as fronteiras da Alemanha. O dado consta da resposta do Ministério do Exterior alemão a um questionamento feito pela bancada do Partido Verde no Bundestag (câmara baixa do parlamento).
Segundo o jornal Passauer Neue Presse, cerca de 280 crianças e adolescentes foram rejeitados somente na fronteira entre a Áustria e o estado da Baviera, dos quais 160 provinham do Afeganistão, 46 da Síria, 30 do Iraque, 17 de Marrocos 12 do Paquistão e sete da Argélia.
Segundo o ministério, o motivo do impedimento teria sido o não preenchimento das pré-condições para ingresso no país, como exige o Código de Fronteiras de Schengen. "Eles não apresentaram um requerimento de asilo", acrescentou o órgão.
Crianças precisam de proteção especial
Os verdes criticaram severamente o procedimento. "A Polícia Federal está ignorando a jurisdição dos órgãos de proteção aos menores: o bem-estar das crianças vem antes da proteção das fronteiras", comentou a porta-voz da bancada verde para política de refugiados, Luise Amtsberg.
"Os jovens não recebem nenhuma forma de tutela, e assim não têm qualquer chance de apresentar um requerimento de asilo", apontou. Na verdade, muitos dos menores em questão teriam boas chances de ser reconhecidos como refugiados na Alemanha, mas para tal necessitam de aconselhamento e assistência, reforçou Amtsberg.
A encarregada do Partido Verde para assuntos juvenis, Beate Walter-Rosenheimer, acusou o governo alemão de estar isolando suas fronteiras à custa dos refugiados menores de idade.
"Crianças e adolescentes em fuga precisam de nossa proteção especial", declarou ao Passauer Neue Presse. "A Polícia Federal não pode mandar de volta os menores, ela tem que entregá-los aos órgãos competentes locais."
AV/kna/dpa
Viagem à Europa da perspectiva de refugiados
Exposição em Hamburgo mostra longa jornada do ponto de vista dos migrantes, resultado do projeto #RefugeeCameras. Risco, desamparo e raros momentos de alegria permeiam as imagens.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Partida sem volta?
Em dezembro de 2015, o alemão Kevin McElvaney entregou 15 câmeras descartáveis e envelopes pré-selados a migrantes em Izmir, Lesbos, Atenas e Idomeni. Sete retornaram ao jovem fotógrafo e fazem parte do projeto #RefugeeCameras. Zakaria recebeu sua câmera em Izmir. O sírio fugiu do "Estado Islâmico" e do regime Assad. Em seu diário de fuga, ele escreve que só Deus sabe se ele voltará à Síria.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Travessia de bote
Zakaria documentou sua viagem marítima da Turquia até a ilha grega de Chios. Ele ficou sentado na parte de trás do bote. Na exposição em Hamburgo, as imagens feitas por refugiados são complementadas por uma seleção de fotos tiradas por profissionais, que ajudaram a montar a representação das rotas de fuga. Todos eles doaram suas obras para apoiar o projeto.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Chegada perigosa
Hamza e Abdulmonem, ambos da Síria, fotografaram a perigosa chegada de seu barco a uma ilha grega. Não havia voluntários para recebê-los. Foi justamente isso que McElvaney tinha em mente quando lançou a #RefugeeCameras. Segundo o jovem fotógrafo, até agora a mídia proporcionou somente um "vazio visual" a esse respeito.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sobrevivendo ao mar
Após o desembarque, vê-se um menino com roupas molhadas e colete salva-vidas numa praia. A imagem faz recordar Aylan Kurdi, o pequeno garoto sírio cujo corpo sem vida foi encontrado no litoral turco em setembro de 2015. A criança nesta foto conseguiu chegar viva à Europa. O seu destino é desconhecido.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Sete câmeras
Hamza e Abdulmonem também tiraram esta foto instantânea levemente desfocada de um grupo de refugiados fazendo uma pausa. Das 15 câmeras que McElvaney entregou, sete retornaram, uma foi perdida, duas foram confiscadas, e duas permaneceram em Izmir, onde seus donos ainda estão retidos. As três câmeras restantes estão desaparecidas – assim como seus proprietários.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Família em foco
Dyab, um professor de Matemática sírio, tentou registrar alguns dos melhores momentos de sua viagem até a Alemanha. Na foto, veem-se sua esposa e seu filho pequeno, Kerim, que nos mostra um pacote de biscoito que recebeu num campo de refugiados macedônio. A imagem revela a profunda afeição de Dyab por seu filho, diz McElvaney: "Ele quer cuidar dele, mesmo na árdua viagem que foi forçado a seguir."
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Do Irã à Alemanha
A história de Said, do Irã, é diferente. O jovem teve de deixar seu país, depois de ter se convertido ao cristianismo. Ele poderia ter sido preso ou morto. Para ser aceito como refugiado, ele fingiu ser afegão. Após a sua chegada à Alemanha, ele explicou sua situação, para a satisfação das autoridades. Ele vive agora – como iraniano – em Hanau, no estado de Hessen.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Não apenas selfies
Said tirou esta foto de um pai sírio e seu filho num ônibus de Atenas a Idomeni.
Foto: Kevin McElvaney/ProjectRefugeeCameras
Momento de alegria
Em outro registro feito por Said, um voluntário que trabalha num campo de refugiados em algum lugar entre a Croácia e a Eslovênia brinca com um grupo de crianças, que tentam imitar seus truques.