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Alemanha relembra militares e civis mortos em guerras

14 de novembro de 2021

País marca neste domingo o Volkstrauertag, o Dia Nacional de Luto. Em cerimônia, presidente pede para que alemães também façam esforços para relembrar vítimas do nazismo no leste e sul da Europa.

Volkstrauertag - Gedenken in Berlin
Políticos alemães, incluindo o presidente Steinmeier (centro), participam de cerimônia na Neue Wache, em BerlimFoto: Bernd von Jutrczenka/dpa/picture alliance

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, liderou neste domingo (14/11) a cerimônia central do Volkstrauertag, o Dia Nacional de Luto, em Berlim. Desde 1952, a Alemanha dedica um domingo para lembrar e prestar homenagem aos mortos em conflitos ou como resultado da opressão, especialmente os mortos nas duas guerras mundiais e as vítimas do nazismo.

Steinmeier, junto com vários políticos, visitou o histórico prédio da Neue Wache (Nova Guarda), em Berlim, onde depositou uma coroa de flores como parte da cerimônia de lembrança, antes de se dirigir ao Parlamento Alemão (Bundestag), para fazer um discurso. A Neue Wache, uma antiga caserna prussiana do século 19, é oficialmente hoje um memorial alemão para as vítimas da guerra e da ditadura.

Dezenas de outras cerimônias similares foram realizadas no sábado e neste domingo pela Alemanha. Algumas tiveram caráter militar, em cemitérios, outras de natureza mais religiosa, em igrejas.

Em seu discurso, Steinmeier,  disse que, enquanto os crimes da era nazista na Europa Ocidental e Central fazem parte da memória coletiva do país, muitos alemães não relembram atrocidades cometidas no leste e no sul da Europa.

"No início deste ano, quando comemoramos o 80º aniversário da invasão [nazista] da União Soviética, ... muitos de nós tiveram que admitir para nós mesmos que os lugares que estavam no avanço da Wehrmacht alemã através da Polônia, dos Estados Bálticos e Belarus, através da Ucrânia até a Rússia e no interior do Cáucaso - esses lugares não significam nada para nós", disse Steinmeier.

"O mesmo é verdade para muitos lugares na ex-Iugoslávia e na Grécia, que também foram invadidos há 80 anos."

Steinmeier falou das "dezenas de milhares de civis vítimas de esquadrões da morte alemães", bem como dos "crimes cometidos contra civis, trabalhadores forçados e prisioneiros de guerra soviéticos", incluindo "centenas de milhares de mortos nos primeiros meses após a invasão: Famintos, espancados até a morte, fuzilados".

"Saber os nomes desses lugares faz diferença, tanto para nossa autoimagem como nação quanto para um entendimento comum como europeus", disse Steinmeier. "Se quisermos lembrar, também precisamos saber o que conecta esses lugares ao presente."

Defendendo missões da Bundeswehr

Steinmeier também falou sobre o mal-estar sentido por muitos alemães com o atual envio das Forças Armadas da Alemanha, a Bundeswehr, para zonas de conflito mundo afora, considerando o passado do país.

"Aceitar a responsabilidade pela história não deve significar deixar de lidar com os conflitos atuais e aqueles que são responsáveis ​​por eles", frisou o presidente.

Steinmeier também prestou homenagem à Comissão Alemã de Túmulos da Guerra (VDK, na sigla em alemão), que nas últimas décadas vem fazendo esforços incansáveis para localizar e dar um enterro digno para soldados alemães que morreram nas duas guerras mundiais, que muitas vezes foram enterrados de maneira improvisada em covas coletivas em antigos campos de batalha.

Décadas depois desses conflitos, a VDK ainda está construindo novos cemitérios e ampliando outros para proporcionar o último local de descanso para os milhões de soldados que morreram.

A comissão também cuida da manutenção de túmulos de guerra de soldados estrangeiros que estão enterrados na Alemanha, incluindo de países que já estiveram em guerra com os alemães.

jps (dpa, DW, KNA)

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