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Alemanha tem 43 radicais de direita propensos ao terrorismo

15 de outubro de 2019

Diante da crescente ameaça, autoridades querem endurecer a repressão contra a violência de extrema direita no país. Nova dinâmica de radicalização na internet agrava ainda mais a situação, alertam órgãos de segurança.

Marcha de extrema direita em Essen no Primeiro de Maio
Marcha de extrema direita em Essen em maioFoto: picture-alliance/J. Tack

Autoridades de segurança na Alemanha alertaram nesta terça-feira (15/10) para a crescente ameaça do extremismo de direita à democracia alemã nos últimos anos. O Departamento Federal da Polícia Criminal alemã (BKA) afirmou que há no país atualmente 43 extremistas de direita considerados potencialmente perigosos.

Para a polícia, qualquer um desses 43 extremistas tem inclinação para cometer um atentado terrorista. O número de indivíduos considerados potencialmente perigosos nesse âmbito quase duplicou em apenas três anos. Em 2016, eram apenas 22.

"Os crimes de direita ameaçam a nossa democracia. A situaçao é séria", afirmou o chefe do BKA, Holger Münch, em Berlim. O dado foi divulgado quase uma semana depois do ataque a uma sinagoga em Halle, que deixou dois mortos.

Além de estrangeiros e judeus, figuras públicas também se tornaram alvos dos extremistas de direita. Em junho, o político conservador Walter Lübcke foi assassinato por um extremista de direita. Stephan Ernst, de 45 anos, confessou o crime e disse que resolveu matar o chefe do conselho administrativo do distrito de Kassel por causa de suas posições simpáticas a imigrantes e refugiados.

Segundo o Departamento de Proteção à Constituição da Alemanha (BfV), há no país cerca de 12,7 mil extremistas de direita considerados violentos. Uma nova dinâmica de radicalização na internet agrava ainda mais a situação.

"Grupos virtualmente ativos podem formar redes que são claramente mais acionárias e mais heterogêneas em sua composição do que tem sido até agora as de organizações rígidas de extrema direita", afirmou o presidente do BfV, Thomas Haldenwang.

Por isso, a agência de inteligência doméstica e o BKA apresentaram ao Ministério do Interior um plano para reorientar a luta contra o extremismo de direita na Alemanha.

O BfV pretende, no futuro, buscar mais intensamente na internet indícios sobre a radicalização de indivíduos dentro desses grupos chamados de "nova direita", do qual faz parte, por exemplo, o Movimento Identitário, acusado de discriminar muçulmanos.

Além disso, as autoridades querem aumentar a pressão sobre a extrema direita com medidas fiscais e a proibição de armas e dos próprios grupos.

O BKA anunciou mais investigações para descobrir estruturas extremistas e pediu também que seja criminalizada a divulgação de listas com informações sobre supostos "inimigos", prática comum entre os radicais de direita.

"Ameaças na internet e atos de violência criam um clima de medo, que levam à diminuição do engajamento voluntário e dificultam a ocupação de cargos públicos", destacou Münch.

O ataque em Halle, na última quarta-feira, chocou a Alemanha e atraiu a atenção para o potencial terrorista da extrema direita. O atentado ocorreu durante o Yom Kippur, o feriado religioso mais importante do calendário judaico. O agressor, identificado como Stephen B., de 27 anos, confessou o crime e admitiu ter motivações antissemitas e de extrema direita.

Usando um uniforme de combate, máscara e capacete e carregando várias armas, o terrorista lançou um explosivo sobre o muro de um cemitério judaico e tentou entrar em uma sinagoga nas proximidades, mas não conseguiu passar pela porta, que estava trancada. No momento, cerca de 50 pessoas estavam no local.

Sem conseguir entrar, o agressor, que transmitia o ataque ao vivo na internet, começou a disparar contra pedestres. Ainda perto da sinagoga, ele matou uma mulher que passava pelo local e efetuou disparos contra os clientes de uma lanchonete turca, matando um homem.

CN/rtr/dw

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