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Alemanha tem cada vez mais centenários

11 de novembro de 2015

País tem a segunda sociedade mais velha do mundo, atrás apenas do Japão. Em 2014, quase 17 mil pessoas tinham mais de 100 anos, e a previsão é de que cheguem a 115 mil em 2050. Qual o segredo da longevidade?

Hildegard M., de 103 anosFoto: picture-alliance/dpa/M.Skolimowska

Todas as noites, Hildegard M. assiste ao noticiário na televisão, lê bastante e faz palavras cruzadas. A senhora pequena, mas não frágil, tem 103 anos. "Não consigo assimilar que sou tão velha", diz. A alemã – que já não escuta muito bem, mas tem cabeça está em perfeita forma – pratica exercícios diários e é muito bem humorada. "Não sou especial e não fiz nada de mais para ficar tão velha."

Há um ano, Hildegard mora num asilo da organização humanitária Caritas, na cidade de Mettmann, no oeste da Alemanha. Ela parece contente e satisfeita. "Não tenho nenhuma dor, o que é muito importante. Eu manco, mas não preciso de remédios", diz a ex-secretária, que se casou em 1937 e teve uma filha. "Eu costumava tocar piano e praticar muito esporte, como atletismo e ciclismo. Isso tudo faz muito tempo."

Com uma idade média de 46,3 anos, a Alemanha é a segunda sociedade mais velha do mundo, perdendo apenas para o Japão. Quase um em cada cinco (18%) habitantes tem mais de 65 anos. E cada vez mais pessoas estão atingindo, e ultrapassando, os 100 anos. O Escritório de Estatística do país registrou, em 2014, 16,8 mil pessoas centenárias. Em 2011, eram 14,4 mil.

"Em breve, ser centenário não será nada de especial", diz Christoph Rott, pesquisador da Universidade de Heidelberg. Ele coordenou o Estudo sobre Centenários de Heidelberg, de 2013, para o qual foram entrevistados 112 pessoas com mais de 100 anos.

A predominante atitude positiva dos idosos em relação à própria vida surpreendeu Rott. "O bem-estar psicológico e a robustez mental foram surpreendentemente bons." Boa parte dos entrevistados estava fisicamente limitada – cerca de 90% dependem de cuidados em diferentes níveis –, mas quase metade permanece "cognitivamente intacta". Três quartos acreditavam que a vida fazia sentido.

A previsão para 2025 é que 44,2 mil alemães entrem para o grupo dos centenários e, em 2050, eles devem ser 114,7 mil, segundo dados da ONU citados pela Universidade de Heidlberg. Muitas pessoas afirmam que não querem viver até essa idade, comenta Rott. "A maioria diz que quer chegar aos 70, 80 anos, desde que em boas condições."

Sentido para a vida

Para atingir a longevidade, os laços sociais são muito importantes. "Os desejos e objetivos de centenários, muitas vezes, já não dizem mais respeito à própria vida, mas aos filhos e netos", diz Rott.

"Todas as minhas amigas já morreram. Minha mãe e minha irmã também, mas tenho dois sobrinhos muito legais e vários outros parentes. Se não os tivesse, eu não estaria mais viva", diz Hildegard.

A situação é semelhante para Georg Eschen, de 100 anos, que foi retratado numa exposição da Caritas sobre centenários. O senhor de Colônia diz ter um ótimo relacionamento com seus filhos e se orgulhar deles. E sobre sua longa vida, afirma: "Eu aprovo a minha condição."

"Não deveríamos falar apenas sobre cuidados, mas sobre recursos e planos de vida para os centenários", diz Dorothee Mausberg, da associação Caritas de Colônia. É o que ela aborda, "alegria e força de viver" dos idosos, numa reunião com 300 voluntários da casa de repouso.

Hildegard já passou por momentos complicados. "Vivenciei duas guerras mundiais, tempos difíceis e muita tristeza." Mas o pior até hoje foi lidar com a morte repentina da filha. "Eu nunca superei", diz. Apesar de tudo, ela tenta focar nos aspectos positivos da própria vida. "Tenho um bom quarto arejado e todos são muito legais comigo." A centenária ainda não cansou de viver, mas diz estar preparada para quando a morte chegar.

AF/dpa

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