País tem a segunda sociedade mais velha do mundo, atrás apenas do Japão. Em 2014, quase 17 mil pessoas tinham mais de 100 anos, e a previsão é de que cheguem a 115 mil em 2050. Qual o segredo da longevidade?
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Todas as noites, Hildegard M. assiste ao noticiário na televisão, lê bastante e faz palavras cruzadas. A senhora pequena, mas não frágil, tem 103 anos. "Não consigo assimilar que sou tão velha", diz. A alemã – que já não escuta muito bem, mas tem cabeça está em perfeita forma – pratica exercícios diários e é muito bem humorada. "Não sou especial e não fiz nada de mais para ficar tão velha."
Há um ano, Hildegard mora num asilo da organização humanitária Caritas, na cidade de Mettmann, no oeste da Alemanha. Ela parece contente e satisfeita. "Não tenho nenhuma dor, o que é muito importante. Eu manco, mas não preciso de remédios", diz a ex-secretária, que se casou em 1937 e teve uma filha. "Eu costumava tocar piano e praticar muito esporte, como atletismo e ciclismo. Isso tudo faz muito tempo."
Com uma idade média de 46,3 anos, a Alemanha é a segunda sociedade mais velha do mundo, perdendo apenas para o Japão. Quase um em cada cinco (18%) habitantes tem mais de 65 anos. E cada vez mais pessoas estão atingindo, e ultrapassando, os 100 anos. O Escritório de Estatística do país registrou, em 2014, 16,8 mil pessoas centenárias. Em 2011, eram 14,4 mil.
"Em breve, ser centenário não será nada de especial", diz Christoph Rott, pesquisador da Universidade de Heidelberg. Ele coordenou o Estudo sobre Centenários de Heidelberg, de 2013, para o qual foram entrevistados 112 pessoas com mais de 100 anos.
A predominante atitude positiva dos idosos em relação à própria vida surpreendeu Rott. "O bem-estar psicológico e a robustez mental foram surpreendentemente bons." Boa parte dos entrevistados estava fisicamente limitada – cerca de 90% dependem de cuidados em diferentes níveis –, mas quase metade permanece "cognitivamente intacta". Três quartos acreditavam que a vida fazia sentido.
A previsão para 2025 é que 44,2 mil alemães entrem para o grupo dos centenários e, em 2050, eles devem ser 114,7 mil, segundo dados da ONU citados pela Universidade de Heidlberg. Muitas pessoas afirmam que não querem viver até essa idade, comenta Rott. "A maioria diz que quer chegar aos 70, 80 anos, desde que em boas condições."
Sentido para a vida
Para atingir a longevidade, os laços sociais são muito importantes. "Os desejos e objetivos de centenários, muitas vezes, já não dizem mais respeito à própria vida, mas aos filhos e netos", diz Rott.
"Todas as minhas amigas já morreram. Minha mãe e minha irmã também, mas tenho dois sobrinhos muito legais e vários outros parentes. Se não os tivesse, eu não estaria mais viva", diz Hildegard.
A situação é semelhante para Georg Eschen, de 100 anos, que foi retratado numa exposição da Caritas sobre centenários. O senhor de Colônia diz ter um ótimo relacionamento com seus filhos e se orgulhar deles. E sobre sua longa vida, afirma: "Eu aprovo a minha condição."
"Não deveríamos falar apenas sobre cuidados, mas sobre recursos e planos de vida para os centenários", diz Dorothee Mausberg, da associação Caritas de Colônia. É o que ela aborda, "alegria e força de viver" dos idosos, numa reunião com 300 voluntários da casa de repouso.
Hildegard já passou por momentos complicados. "Vivenciei duas guerras mundiais, tempos difíceis e muita tristeza." Mas o pior até hoje foi lidar com a morte repentina da filha. "Eu nunca superei", diz. Apesar de tudo, ela tenta focar nos aspectos positivos da própria vida. "Tenho um bom quarto arejado e todos são muito legais comigo." A centenária ainda não cansou de viver, mas diz estar preparada para quando a morte chegar.
AF/dpa
As dez maiores fortunas da Alemanha
Quanto faturam os bilionários alemães e quem é o mais abastado de todos? A revista "Manager" divulgou uma lista das 500 famílias mais ricas. Veja aqui as dez mais.
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10º: Café, cigarros, pizza
Günter Herz, de 75 anos, ajudou a transformar a Tchibo, o relativamente modesto negócio de seu pai, em uma companhia de bens de consumo e café com faturamento previsto de 8 bilhões de euros em 2015. Os variados investimentos de Herz incluem tabaco, esportes e até mesmo a cadeia de restaurantes Vapiano.
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9º: Ferragens e obras-primas
Com os parafusos que vende para todo o mundo, o octogenário Reinhold Würth deverá ter um faturamento de 10 bilhões de euros em 2015. Porém, o magnata das ferramentas e ferragens também é um famoso colecionador de arte, possuindo mais de 16 mil quadros raros, inclusive dos mestres modernos Emil Nolde e Max Ernst.
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8º: Bons velhos tempos
A legendária cadeia alemã de vendas pelo correio Otto Versand dominava o setor décadas antes de a Amazon sequer existir. Seu fundador, Werner Otto, é venerado como pioneiro de empreendedorismo na Alemanha do pós-guerra. No entanto, a companhia tem sofrido com a concorrência das lojas online. Seu faturamento anual circula pelos 9 bilhões de euros.
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7º: Sucesso sem freios
Um faturamento de 9,5 bilhões de euros faz do proprietário da fábrica de freios Knorr-Bremse, Heinz-Hermann Thiele, o sétimo homem mais rico da Alemanha. Thiele é notório por suas estratégias de expansão agressivas nos negócios.
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6º: Administração x inovação
O supermercado popular Aldi é dividido em dois ramos: norte e sul. A Aldi Norte (logomarca à dir.), gerida pela família Theo Albrecht, fatura mais de 16 bilhões de euro neste ano. Especialistas criticam o estilo de gestão da família, por se concentrar mais em administração do que em inovação – um problema nos competitivos tempos atuais.
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5º: Luxos baratos
Champanha e comida exótica a preços de liquidação: antes limitados ao segmento econômico, os supermercados Lidl tentam conquistar uma nova clientela, concorrendo fortemente com a Aldi. A cadeia de Dieter Schwarz faturou 17 bilhões de euros em 2015.
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4º: Crescimento com unhas e dentes
Com participação na Reckitt-Benckiser, Coty and JAB Holdings, a família Reimann já faturou 17,6 bilhões de euros neste ano. Um cavalo de batalha seu é a linha de produtos para a "terceira dentição" da marca Kukident. Fundada no início do século 20, a Reimann vem se expandindo em ritmo agressivo, adquirindo, por exemplo, marcas antes pertencentes à gigante Procter & Gamble.
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3º: Economizar dá lucro
Calcula-se que o supermercado econômico Aldi Süd terá um faturamento de 20 bilhões de euros, até o fim deste ano. A terceira companhia mais rica da Alemanha é mantida pelas famílias Albrecht e Heister, que se separaram da Aldi Nord algumas décadas atrás. Sua estratégia é fornecer produtos de qualidade razoável a baixo custo.
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2º: Ao fundo do poço e de volta
Georg Schaeffler e sua mãe, Maria-Elisabeth, ficaram quase arruinados quando a companhia de rolamentos INA Schaeffler adquiriu a fabricante de pneus Continental, antes da crise financeira de 2008. Ainda assim, a segunda família mais abastada da Alemanha conseguir fazer um retorno memorável: até o fim de 2015, eles esperam ter faturado 22 bilhões de euros.
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1º: Rico demais para se preocupar
Os primeiros da lista são Stefan Quandt e sua irmã, Susanne Klatten (na foto, com a mãe, Johanna Quandt), os principais acionistas da gigante automobilística BMW. A queda das cotações após o escândalo da concorrente Volkswagen não parece ter afetado a família, que pelo segundo ano seguido se destaca como a mais rica da Alemanha. O faturamento estimado em 2015 é de 26,5 bilhões de euros.