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Alemanha teme pela segurança de toda a Europa

(am)14 de março de 2004

Berlim considera a segurança européia ameaçada, após a constatação de envolvimento do terrorismo muçulmano nos atentados de Madri. Gabinete alemão reivindicou a convocação de uma conferência dos ministros da UE.

Política de informação do ministro espanhol do Interior, Angel Acebes, foi criticada por BerlimFoto: AP

O governo federal alemão vai solicitar a convocação de uma reunião de emergência de todos os ministros do Interior dos países da União Monetária, responsáveis pelas questões de segurança, para uma avaliação conjunta da situação após os atentados de Madri. A informação foi divulgada pelo ministro alemão Otto Schily após uma reunião do chamado "gabinete de segurança", em Berlim na tarde deste domingo (14/3), sob a presidência do chanceler federal Gerhard Schröder.

A reunião dos ministros europeus deverá ocorrer o mais rápido possível, provavelmente no correr desta semana. Otto Schily já entrou em contato com seus colegas de pasta dos demais países da União Européia na tarde do domingo. A solicitação oficial da conferência de segurança será encaminhada por Berlim ao governo da Irlanda, que preside atualmente o Conselho da UE.

O gabinete de segurança é o grêmio responsável pelas decisões concernentes à segurança nacional da Alemanha. Dele fazem parte, além do chefe de governo, o ministro das Relações Exteriores Joschka Fischer, o ministro do Interior Otto Schily e os chefes do serviço secreto alemão BND, do Departamento de Defesa da Constituição e do Departamento Federal de Investigações (BKA).

Política de informação

Ministro alemão do Interior, Otto SchilyFoto: AP

O ministro Otto Schily declarou-se insatisfeito com a política de informação do governo espanhol. Detalhes importantes para a avaliação da segurança geral na Europa só teriam sido fornecidos com atraso às autoridades dos demais países da UE. Schily aludiu assim à dúvida crescente sobre o envolvimento da ETA no atentado.

Na sua avaliação da segurança nacional, o governo da Alemanha orientara-se inicialmente pelas informações recebidas de Madri, sustentando a tese de que os atentados teriam sido perpetrados pela organização basca ETA. Agora, no entanto, tornam-se cada vez mais concretos os indícios de um envolvimento de terroristas islâmicos no crime.

Nova qualidade da ameaça

O ministro alemão do Interior considera que a eventual participação de terroristas islâmicos, em especial da organização Al Qaeda, nos atentados de Madri exige uma completa reavaliação das medidas de segurança até agora adotadas no continente europeu. Na opinião de Otto Schily, há uma "nova qualidade da ameaça" terrorista na Europa.

O governo de Berlim não pretende advertir os cidadãos alemães sobre o perigo potencial de uma viagem à Espanha. A ameaça na Península Ibérica não é considerada maior que em outras partes da Europa. Tampouco existem planos de suspensão temporária do chamado Acordo de Schengen para a reintrodução de controles nas fronteiras. Segundo Schily, seria ilusório pensar que as forças de segurança teriam condições de proteger todos os possíveis alvos de atentados no país.

Ameaça sem precedente

O secretário do Interior de Brandemburgo, Jörg SchönbohmFoto: AP

A oposição criticou a posição assumida inicialmente pelo governo do chanceler Gerhard Schröder, em relação a uma possível ameaça ao país. O secretário do Interior do Estado de Brandemburgo, o democrata-cristão Jörg Schönbohm, considera que a Alemanha e a União Européia em seu todo nunca estiveram sob tal ameaça aguda de atos de terrorismo, como no momento.

Schönbohm criticou declarações anteriores de Gerhard Schröder de que nada teria mudado na avaliação da segurança nacional alemã. "A afirmação do chanceler federal, de que não há uma nova situação de perigo, é falsa e completamente fora da realidade", afirmou o político oposicionista. Berlim teria perdido um tempo precioso para as medidas preventivas, aceitando a tese do governo espanhol sobre a autoria basca dos atentados.

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