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Cautela alemã

5 de maio de 2011

Ministro do Exterior diz que Alemanha não reconhece como interlocutora uma organização que questione a existência de Israel. Líder palestino Mahmoud Abbas, do Fatah, se encontra em Berlim com Merkel.

Mahmoud Abbas, chefe do Fatah, encontra-se com Merkel
Abbas, líder do FatahFoto: picture alliance/dpa

Programado desde meados de abril, o encontro entre a chanceler federal Angela Merkel e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, nesta quinta-feira (05/05) em Berlim, será dominado pelo recente fato que surpreendeu o Ocidente: o pacto de paz selado entre os grupos rivais Hamas e Fatah, assinado nesta quarta-feira no Cairo, capital do Egito.

Assim como outros países ocidentais, o governo alemão se mostra cético quanto ao acordo entre o Fatah, de Abbas, e o grupo islâmico Hamas, isso porque esse último até hoje não reconheceu oficialmente a existência do Estado de Israel.

Um dia antes do encontro, o ministro alemão do Exterior, Guido Westerwelle, disse que o governo em Berlim não poderia aceitar como interlocutora uma organização que questiona a existência de Israel. "Para nós, essa é a linha vermelha."

O porta-voz de Merkel, Steffen Seibert, comentou que a chanceler federal espera ter uma discussão frutífera e amigável com o representante do Fatah. Seibert ressaltou que o governo alemão é a favor da existência dos dois Estados, o judeu e o palestino, e que o entendimento entre Fatah e Hamas é desejável. Importante, porém, é que sejam respeitadas as exigências do Quarteto do Oriente Médio.

Palestinos celebram em Ramallah a aproximação entre os grupos rivaisFoto: Picture-Alliance/dpa

Estranho pacto de fraternidade

Para o Conselho Central dos Judeus na Alemanha, a reconciliação entre Hamas e Fatah é uma ameaça para o processo de paz no Oriente Médio. A aliança entre as duas partes seria uma "confraternização fatal", afirmou o presidente da organização, Dieter Graumann.

Numa entrevista à rádio alemã Deutschlandfunk, Graumann disse que o Hamas não pode ser um parceiro para a paz e que o grupo islâmico só poderia ser considerado um parceiro sério se mudasse radicalmente suas posições.

O presidente do Conselho Central dos Judeus recusou encontrar-se com o presidente palestino durante sua passagem pela Alemanha. "Encontrar-se com Mahmoud Abbas significaria para nós que estaríamos dando legitimidade a esse pacto estranho de fraternidade."

No Ocidente

O acordo entre os antigos rivais Hamas e Fatah deve ajudar no processo de paz com Israel, na opinião dos Estados Unidos. Segundo o porta-voz do governo norte-americano, Mark Toner, é importante que os palestinos implementem o acordo sob uma perspectiva de paz, e que ele não mine o processo de paz com Israel.

O primeiro-ministro britânico, David Cameron, tem uma opinião semelhante. Durante uma conversa nesta quarta-feira com o chefe de governo israelense, Benjamin Netanyahu, Cameron disse que vê uma chance real de os valores democráticos e a liberdade se expandirem para o Oriente Médio e o norte da África – e a morte de Bin Laden ajudaria nesse processo.

A França quer sediar no fim de junho um encontro internacional em Paris para debater o processo de paz no Oriente Médio. Segundo o ministro francês do Exterior, Alain Juppé, a intenção é discutir um formato político para o território palestino.

O processo de paz no Oriente Médio está congelado desde o fim de setembro de 2010. Os palestinos querem, até setembro próximo, fundar um Estado independente na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, com a ajuda das Nações Unidas e da Cisjordânia.

O acordo

Anunciado em 27 de abril e assinado em 4 de maio, o acordo entre os grupos palestinos Hamas e Fatah incluiu a formação de um governo provisório no território palestino e a realização de eleições gerais em até um ano.

O movimento islâmico Hamas venceu inesperadamente as eleições legislativas em 2006 e passou a controlar a Faixa de Gaza no ano seguinte. Já o Fatah, de Mahmoud Abbas, governa a Cisjordânia.

NP/dpa/dapd/ap
Revisão: Alexandre Schossler

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