Berlim vai acelerar envio de sistema antiaéreo à Ucrânia
11 de outubro de 2022
Após ataques russos a cidades da Ucrânia, ministra da Defesa da Alemanha afirma que Berlim deve enviar para Kiev "nos próximos dias" sistemas de defesa aéreos que seriam originalmente entregues no fim do ano.
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A ministra da Defesa da Alemanha, Christine Lambrecht, disse nesta segunda-feira (10/10) que os ataques com mísseis executados pela Rússia contra centros populacionais ucranianos explicitaram a necessidade de urgência para a entrega de sistemas de defesa aérea ao governo de Kiev.
Segundo autoridades ucranianas, o número oficial de vítimas dos ataques subiu para 19 em todo o país nesta terça. Os bombardeios feriram 105 pessoas. O Serviço Estatal de Emergência da Ucrânia ainda afirmou que serviços essenciais de infraestrutura foram atingidos na capital Kiev e em 12 outras regiões, e que 301 cidades e comunas estavam sem energia.
Sistemas alemães de defesa aérea podem proteger uma cidade inteira
Os sistemas Iris-T SLM, prometidos há meses, são capazes de proteger uma cidade inteira. Originalmente, eles estavam programados para serem entregues no final do ano. Os ataques desta segunda-feira, no entanto, devem acelerar o prazo de entrega.
"Os novos disparos de mísseis contra Kiev e outras cidades mostram como é importante fornecer rapidamente à Ucrânia sistemas de defesa aérea", disse a ministra da Defesa em comunicado.
"Os ataques da Rússia com mísseis e drones aterrorizam sobretudo a população civil", disse Lambrecht. No domingo, pelo menos 12 pessoas morreram após um bombardeio na cidade de Zaporíjia, e 50 foram hospitalizadas, entre as quais seis crianças, disseram autoridades ucranianas.
Ela acrescentou que o primeiro dos quatro sistemas de defesa aérea de alta tecnologia estará "pronto para a proteção efetiva das pessoas nos próximos dias".
O chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, havia prometido fornecer os sistemas de defesa aérea para a Ucrânia em junho.
O Iris-T SLM é capaz de fornecer defesa contra mísseis que se aproximam a uma altitude de até 20 quilômetros e a uma distância de até 40 quilômetros.
Segundo Scholz, o sistema de defesa permite proteger "uma grande cidade inteira dos ataques aéreos russos".
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Ataque danifica edifício do consulado alemão em Kiev
A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, também disse na segunda-feira que a Alemanha fará "tudo o que puder" para ajudar a reforçar rapidamente as defesas aéreas da Ucrânia.
"É desprezível e injustificável que Putin bombardeie grandes cidades e civis com mísseis", escreveu Baerbock no Twitter.
Durante os ataques com mísseis na manhã de segunda-feira, um grande edifício que abriga o consulado alemão em Kiev foi danificado, disse o Ministério do Exterior da Alemanha. No entanto, a pasta acrescentou que o escritório não estava em uso desde o início da guerra.
Putin confirma retaliação
O presidente russo, Vladimir Putin, confirmou nesta segunda-feira que ordenou os bombardeios contra a Ucrânia, em retaliação à destruição parcial da ponte de Kerch, a única que liga o território russo à península da Crimeia, anexada ilegalmente por Moscou em 2014, e reforçou suas ameaças em caso de novas ofensivas.
"Se as tentativas de ataques terroristas no nosso território continuarem, as respostas da Rússia serão severas", disse numa reunião do Conselho de Segurança russo, transmitida pela televisão. "Ninguém deve ter qualquer dúvida."
jps/rk (Reuters, dpa, AFP, AP)
Instantâneos de uma Ucrânia em guerra
Mostra "O novo anormal", no Museu Deichtorhallen de Hamburgo, registra horrores da guerra, mas também a resistência dos ucranianos, em trabalhos de 12 fotógrafos do país sob invasão russa.
Foto: Oksana Parafeniuk
Civis treinam com armas de madeira
Nesta imagem feita perto de Kiev em 6 de fevereiro de 2022, menos de duas semanas antes da invasão russa, a fotógrafa Oksana Parafeniuk capturou a determinação de seus compatriotas de resistir. Embora os países ocidentais não esperassem que a Rússia atacasse a capital a Ucrânia, os civis de lá já estavam treinando com armas de madeira, para caso de emergência.
Foto: Oksana Parafeniuk
Resistindo com o país
Em 24 de fevereiro, o fotógrafo Mykhaylo Palinchak acordou em Kiev com o som de sirenes, pouco depois ouviu uma explosão. "Desde então, estamos vivendo num novo mundo", afirma. Suas fotografias mostram granadas, casas destruídas e como seus compatriotas defendem a nação, mais do que nunca. A mulher da foto exibe o pulso esquerdo tatuado com o mapa da Ucrânia.
Foto: Mykhaylo Palinchak
Começou às 5 da manhã
"A guerra é a pior das opções da humanidade. Nenhum filme, nenhum livro, nenhuma foto pode transmitir este horror", diz a fotógrafa Lisa Bukreieva. "Com a invasão dos russos, meu sentido de tempo mudou. É apenas um horror de longa
duração." Esta fotografia capta o momento em que a guerra começou para ela.
Foto: Lisa Bukreieva
Cidadãos de Kiev - parte 1
Depois da invasão da Ucrânia pelo exército russo, Kiev se transformou em outra cidade, relata Alexander Chekmenev, de 52 anos. Muitos fugiram, ele próprio enviou a família para a segurança no exterior, mas ficou no país para documentar com sua Pentax a vida dos cidadãos de Kiev em tempos de guerra. Como esta ucraniana em uniforme de combate.
Foto: Alexander Chekmenev
Cidadãos de Kiev - parte 2
Abrigos antiaéreos e centros de primeiros-socorros espalharam-se pela capital ucraniana. Lá, Chekmenev fotografou gente comum, que nunca esteve sob os holofotes: "Eu queria mostrar a dignidade deles. Este país pertence ao seu povo, e eu quero mostrar o meu respeito por cada um deles", diz o fotógrafo de renome internacional.
Foto: Alexander Chekmenev
Traços do presente
Em sua série de fotografias, Pavlo Dorohoi capturou a vida em tempos de guerra em sua cidade natal, Kharkiv. Muitos cidadãos se esconderam em estações do metrô para escapar das bombas, transformando os locais em lares temporários, com "tapetes, cobertores e outros objetos pessoais", relata Dorohoi.
Foto: Pavlo Dorohoi
Bucha: o local do horror
O arquiteto e fotógrafo de Kiev Nazar Furyk fotografou lugares devastados pelas tropas russas, entres os quais a cidade de Bucha, que se tornou símbolo de muitas atrocidades. O fotógrafo se pergunta: como é possível continuar vivendo num lugar assim? Como se lida com essa experiência, gravada profundamente na memória coletiva da população ucraniana?
Foto: Nazar Furyk
Diário de Kiev - parte 1
A fotógrafa e videoartista Mila Teshaieva mantém um diário online desde o início da guerra, onde registrou tudo: desde os primeiros dias, antes dos mísseis, até os crimes contra a humanidade revelados desde então. Seus registros também incluem fotos, como esta.
Foto: Mila Teshaieva
Diário de Kiev - parte 2
Mila Teshaieva relata o desespero que a guerra provoca, mas também registra a união dos ucranianos e sua enorme vontade de resistir. Em sua cidade natal, Kiev, os moradores estão tentando proteger não só a si, mas também seus monumentos, símbolos da identidade nacional.
Foto: Mila Teshaieva
Documentação da guerra
Vladyslav Krasnoshchok é dentista, mas há anos se dedica à arte. Agora viaja por sua pátria devastada e fotografa carros queimados, pontes e tanques destruídos. "Eu tiro fotos, ouço tiros e corro de volta para o carro. Adrenalina pura!", escreve. Ele sempre revela os filmes imediatamente. Afinal, não se sabe se haverá oportunidade de tirar mais fotos.
Foto: Vladyslav Krasnoshchok
Mutilado
"Vivendo com o medo de ser ferido" é o nome da série de fotos do designer Sasha Kurmaz. A violência tem feito parte da história humana desde o início, afirma, e não está otimista se isso vá mudar em breve. Ainda assim, não desiste de sua luta pessoal por um mundo melhor.
Foto: Sasha Kurmaz
Porto seguro?
Uma cadeira, copos com bebidas: para Elena Subach esta foto tirada na cidade de Uzhgorod, no oeste da Ucrânia, simboliza a segurança de quem foge rumo a outros países. "Quase todo homem tirou uma foto da esposa e dos filhos antes de lhes dizer adeus. Eu nunca vi tanto amor e tanta dor ao mesmo tempo."