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Alemanha vai buscar 674 toneladas de ouro depositadas no exterior

17 de janeiro de 2013

Até 2020, metade dos estoques alemães do metal deverá estar armazenada em Frankfurt. Alemanha possui a segunda maior reserva de ouro do mundo, atrás apenas dos EUA.

Foto: picture-alliance/dpa

O Banco Central da Alemanha (Bundesbank) vai transportar para o país boa parte das reservas de ouro depositadas no exterior. A meta é que, até 2020, metade do ouro alemão esteja armazenada no Bundesbank, anunciou Carl-Ludwig Thiele, membro do conselho da instituição nesta quarta-feira (16/01), em Frankfurt.

A Alemanha possui a segunda maior reserva de ouro do mundo, atrás somente dos Estados Unidos. Nos últimos meses houve um debate interno sobre a segurança das reservas de ouro alemãs depositadas no exterior.

Ao todo, o país tem 3.391 toneladas de ouro, no valor de 137,51 bilhões de euros. A maior parte, 1.536 toneladas, está depositada no Fed, o Banco Central dos EUA. Outras 445 toneladas estão armazenadas no Bank of England, em Londres. Em Paris repousam mais 374 toneladas de ouro. Somente 31% das reservas alemãs de ouro, ou 1.036 toneladas, estão em Frankfurt.

Nos próximos anos, a Alemanha pretende buscar 300 toneladas de ouro dos EUA e tudo o que possui na França, ou seja, 374 toneladas. O valor total é de 27 bilhões de euros, segundo Thiele.

O motivo para o Banco Central Alemão manter parte das reservas no exterior é ter a possibilidade de, no caso de uma crise monetária, converter rapidamente o ouro em dólares, a moeda mais importante do mundo.

A recuperação total do metal armazenado na França explica-se, portanto, pelo fato de o país usar hoje a mesma moeda que a Alemanha. Ou seja, caso necessário, não seria possível trocar o ouro retido em Paris por uma moeda internacional. Thiele justificou a recuperação de parte do ouro dos EUA dizendo que há espaço sobrando nos cofres alemães.

Questão de confiança

No segundo semestre de 2012, um debate aberto sobre a segurança do ouro alemão no exterior ganhou força no país. Há alguns meses, o Tribunal de Contas da Alemanha (Bundesrechnungshof) criticou em um relatório o fato de as reservas de ouro armazenadas no exterior nunca terem sido inspecionadas em sua "composição física" e autenticidade.

Alguns políticos afirmaram que o Bundesbank havia aberto mão do controle sobre o metal precioso. Thiele ressaltou, porém, que a decisão de recuperar parte do ouro do país foi tomada de maneira independente.

Razões históricas

O patrimônio alemão em ouro foi adquirido principalmente nas décadas de 1950 e 1960. Na época do sistema monetário de Bretton Woods, que valeu de 1944 a 1971, os EUA trocavam cada onça de ouro pelo valor fixo de 35 dólares.

Nos anos do seu milagre econômico, alguns anos após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha conseguiu elevados superavits comerciais, e o Bundesbank trocava marcos alemães por dólares continuamente. Os estoques acumulados da moeda norte-americana eram, então, trocados por ouro nos EUA.

Após a troca, o ouro ficava depositado no Fed em Nova York, ou seja, nunca esteve na Alemanha. Algo parecido ocorreu durante a União Europeia de Pagamentos, que existiu de 1950 a 1958. O ouro alemão ficou, assim, nos cofres de Londres e Paris.

Na época da Guerra Fria, 98% das reservas de ouro da então Alemanha Ocidental estavam no exterior por motivos de segurança. Com a queda do Muro de Berlim e a reunificação do país, os temores de um ataque externo deixaram de existir. A partir de 2000, a Alemanha começou a transportar para o país parte de suas reservas.

LPF/dpa/afp
Revisão: Alexandre Schossler

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