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Afeganistão

3 de julho de 2009

Bundestag aprova envio de aviões de reconhecimento ao Afeganistão com ampla maioria. Deputado conservador defende substituição de forças militares por contingente policial no país. Ministro é contra estratégia de saída.

Avião de reconhecimento AWACS em missão da OtanFoto: AP

Numa sessão parlamentar na noite da quinta-feira (02/07), 461 deputados alemães votaram a favor do uso de aviões AWACS no Afeganistão, confirmando assim uma ampliação da missão das Forças Armadas alemãs no país. Apenas 81 parlamentares se opuseram e houve um total de 15 abstenções.

Quatro AWACS serão enviados pela Otan ao Afeganistão, a fim de coordenar e manter a segurança do tráfego aéreo no país. Além disso, os aviões deverão dar apoio à Força Internacional de Assistência à Segurança (Isaf) no país. A princípio, os aviões alemães deverão permanecer no Afeganistão até o próximo 13 de dezembro. A operação custa aos cofres alemães aproximadamente 4,2 milhões de euros.

Estações móveis de radar

Os aviões AWACS (airborne warning and control system), conhecidos como estações voadoras de radar, deverão servir de ponto central de comunicação no espaço aéreo afegão. Os aviões não armados foram construídos com base no modelo Boeing 707 e servem principalmente como radares móveis.

AWACS: radares para vigilância e proteçãoFoto: AP

Com capacidade de voar até 800 quilômetros por hora, podem se manter no ar por até 10 horas sem necessidade de serem reabastecidos. Segundo informações das Forças Armadas alemãs, os AWACS, ao contrário dos aviões de reconhecimento do tipo tornado, não estão equipados com pequenas câmeras, com as quais podem ser registradas imagens aéras do solo.

Vigilância e proteção

A Otan conta hoje com duas estações AWACS na Europa, estando uma localizada na alemã Geilenkirchen, nas proximidades da fronteira com a Holanda, e outra em Waddington, na Inglaterra. A estação de Geilenkirchen dispõe de mais de 17 aeronaves, além de três aviões especiais de formação e transporte.

A tripulação de um AWACS é composta por dois pilotos, um navegador, um engenheiro de bordo e 12 especialistas táticos. Os soldados que operam nas missões em que são usados esses aviões de reconhecimento vêm de 14 diferentes países da Otan, sendo um terço deles provenientes da Alemanha.

Até hoje, os sistemas móveis de radar dos AWACS foram utilizados na vigilância de zonas em que estava proibido o tráfego aéreo na Bósnia-Herzegóvina, em 1992, e sobre toda a antiga Iugoslávia entre 1993 e 1999.

Após os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001, os AWACS auxiliaram na proteção do espaço aéreo norte-americano. Durante a visita do Papa Bento 16 à Alemanha e por ocasião da Copa do Mundo em 2006 os aviões de reconhecimento também foram utilizados.

Forças policiais e não militares

Após a aprovação pelo Parlamento alemão do envio dos AWACS ao Afeganistão, a conservadora União Social Cristã (CSU) desencadeou um novo debate no país ao defender a substituição das forças militares alemãs que participam de missões no Afeganistão por forças policiais.

Segundo o especialista em segurança do partido, Hans-Peter Uhl, a Bundeswehr deveria deixar o mais rápido possível o Afeganistão. Para isso, defende ele, deveriam ser enviados mais aprendizes da polícia ao Hindukush, aumentando em algumas centenas o número de policiais alemães no Afeganistão.

Controle do espaço aéreoFoto: picture-alliance/ dpa

A fim de que seja garantida a segurança no país, aponta Uhl, as forças policiais alemãs deveriam capacitar pelo menos 4 mil policiais afegãos por ano. Uma medida necessária, segundo o deputado alemão, diante do fato de que, segundo o Ministério afegão do Interior, 2 a 3 mil policiais são mortos a cada ano pela milícia talibã.

Não à "estratégia exit"

O ministro alemão do Exterior, Frank-Walter Steinmeier, alertou para que não sejam travadas "discussões insensatas" sobre a estratégia de saída da Bundeswehr do Afeganistão.

Para Steinemer, questionar a presença das Forças Armadas alemãs no país é um "ato de irresponsabilidade", uma vez que a máxima de combate ao terrorismo continua valendo para a região. A premiê alemã, Angela Merkel, ressaltou ainda na quinta-feira perante o Parlamento: "Não vamos fugir desta tarefa, mas sim executá-la passo a passo".

SV/ap/dpa

Revisão: Rodrigo Abdelmalack

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