Alemanha vai exigir teste a todos os viajantes não vacinados
30 de julho de 2021
Quem não estiver completamente imunizado contra covid-19 terá que apresentar teste negativo para entrar no país, mesmo vindo de carro ou trem. Medida aperta o cerco a não vacinados e visa frear infecções após as férias.
Anúncio
A Alemanha vai passar a exigir teste negativo de covid-19 a todas as pessoas não vacinadas que entrarem no país, anunciou nesta sexta-feira (30/07) o Ministério da Saúde alemão. A medida vale a partir de domingo para todos os viajantes não imunizados com mais de 12 anos, independentemente da situação epidemiológica no país de origem ou do meio de transporte.
"Todos os viajantes não vacinados terão de ser testados, quer cheguem de avião, carro ou trem", disse o ministro da Saúde, Jens Spahn. Até então, a obrigação só se aplicava a quem chega de avião.
No caso de viajantes que estiveram no Brasil, porém, mesmo os vacinados ou recuperados da covid-19 precisarão apresentar um teste negativo, pois o país está classificado como zona de alto risco de variantes do coronavírus. A entrada de brasileiros na Alemanha também continua altamente restrita, com turistas ainda proibidos de visitar o país europeu.
Sob a nova obrigatoriedade de testes, o controle das fronteiras terrestres e ferroviárias não será sistemático, ou seja, o comprovante de resultado negativo será pedido de forma aleatória. No caso de empresas aéreas, o teste deve ser apresentado antes do embarque. Em trens, o comprovante também poderá ser pedido com o veículo em movimento.
Nos últimos dias, líderes de estados alemães fronteiriços, como Baviera (que faz fronteira com Liechtenstein, Áustria e República Tcheca) e Renânia-Palatinado (fronteira com França, Luxemburgo e Bélgica), vinham pressionando o governo federal a expandir a exigência de testes.
Na Alemanha, os testes rápidos de antígeno permanecerão gratuitos por ora, enquanto os exames feitos no exterior deverão ser pagos pelo próprio viajante.
Anúncio
Contaminados no exterior
O objetivo da nova medida é reduzir o número de infecções por covid-19, em um momento em que os alemães começam a regressar das férias de verão.
"É correto que os turistas que não estavam anteriormente sujeitos a essa obrigação sejam testados a partir de agora", disse o vice-chanceler federal, Olaf Scholz, à emissora pública ARD.
"Quem está de férias também quer um bom outono e um bom inverno", disse Scholz, referindo-se aos receios de uma quarta onda de infecções quando o frio chegar no hemisfério norte.
O Instituto Robert Koch (RKI), agência governamental para o controle e prevenção de doenças infecciosas, alertou que, durante o período de férias, aumentam os casos de pessoas que voltam contaminadas de outros países.
Em seu relatório semanal, o RKI relatou 3.662 casos contraídos no exterior entre 28 de junho e 25 de julho. Espanha, Turquia, Holanda, Croácia e Grécia são os locais mais frequentes de infecção.
A agência deixa claro, porém, que pelo menos 81% das infecções continuam ocorrendo dentro da Alemanha. A variante delta é responsável por nove em cada dez casos.
Aumento nas infecções
A Alemanha vive um aumento nas infecções, embora bem menos preocupante que em outros Estados europeus, como França e Espanha. O país, porém, vive o temor de uma possível quarta onda de covid-19, em meio a uma desaceleração da campanha de vacinação nas últimas semanas, mesmo sem a escassez de imunizantes.
De acordo com o RKI, a incidência na Alemanha está aumentando especialmente em crianças, adolescentes e adultos jovens, sobretudo na faixa etária de 10 a 34 anos de idade. Entre as pessoas com mais de 60 anos, grupo que já está mais vacinado do que os jovens, o aumento não foi expressivo.
Nesta sexta-feira, a Alemanha registrou 2.454 novos casos de covid-19 e 30 mortes atribuídas à doença. A incidência atualmente é de 16,5 casos a cada 100 mil habitantes em sete dias. No total, o país contabiliza 3.766.765 casos de coronavírus e 91.637 mortes, segundo dados do RKI.
Metade da população da Alemanha já está completamente vacinada contra a covid-19, enquanto 61% já receberam ao menos uma dose de imunizantes.
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine