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Alemanha vai importar gás do Catar

29 de novembro de 2022

Acordo fechado com a QatarEnergy deve entrar em vigor em 2026 e durar 15 anos. Berlim busca alternativas para suprir a lacuna deixada com o corte da exportação da Rússia, que fornecia 55% do gás utilizado no país.

Katar | Industiehafen  Ras Laffan
Foto: Karim Jaafar/AFP/Getty Images

A empresa estatal de petróleo e gás do Catar vai enviar à Alemanha dois milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) por ano, informou o CEO da QatarEnergy nesta terça-feira (29/11).

A Alemanha consome cerca de 100 bilhões de metros cúbicos de gás natural anualmente, pouco mais da metade era proveniente da Rússia, até antes da invasão da Ucrânia. O acordo fechado com a QatarEnergy abrange cerca de 2,7 bilhões de metros cúbicos por ano.

"Consciente de que a Alemanha é o maior mercado de gás da Europa, o Catar pretende contribuir para os esforços de apoio à segurança energética na Alemanha e no continente", disse o ministro da Energia e CEO da QatarEnergy, Saad Sherida al-Kaabi.

O gás será enviado da cidade industrial de Ras Laffan, no Catar, até o terminal de GNL de Brunsbüttel, no estado de Schleswig-Holstein, no norte da Alemanha.

O combustível será vendido para a empresa americana Conoco Phillips, que o entregará para a Alemanha. O fornecimento está previsto para começar em 2026 e se estenderá por pelo menos 15 anos.

As negociações entre Berlim e Doha enfrentaram algumas dificuldades, já que a Alemanha era reticente em assinar um acordo de longo prazo.

Segundo o ministro da Economia alemão, Robert Habeck, embora Berlim não tenha nada contra a assinatura de um acordo de 20 anos ou mais, as empresas devem estar "cientes das metas climáticas de longo prazo da Alemanha".

China, Japão e Coreia do Sul são atualmente os principais mercados para o gás do Catar. Na semana passada, Doha fechou um acordo de 27 anos para enviar quatro milhões de toneladas de GNL por ano à China.

Corte no fornecimento russo

Até 2021, a Rússia fornecia 55% do gás utilizado na Alemanha. Mas, desde que Moscou cortou o fornecimento aos países europeus por causa de seu apoio a Kiev após a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Alemanha busca formas de suprir essa demanda.

O país está construindo, por exemplo, cinco terminais de GNL para substituir os suprimentos russos. Atualmente, grande parte do gás utilizado na Alemanha vem ou passa pela Noruega, Holanda e Bélgica. Berlim também reativou temporariamente velhas usinas movidas a carvão e petróleo e prolongou a vida útil das últimas três usinas nucleares do país.

Além disso, em setembro, o chanceler federal da Alemanha, Olaf Scholz, anunciou um acordo com os Emirados Árabes Unidos para a compra de GNL. O acordo prevê a entrega de 137 mil metros cúbicos do combustível em dezembro, num dos novos terminais de GNL da empresa de energia alemã RWE, localizado próximo de Hamburgo. Novas entregas foram prometidas para 2023.

Apesar do volume relativamente pequeno, Scholz ressaltou que o acordo foi apenas um começo e que espera firmar novas parcerias para reduzir os preços de energia. 

le/md (Reuters, AP, AFP, DPA)

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