Alemanha vai investigar negligência em mortes nas enchentes
6 de agosto de 2021
Segundo procuradores, autoridades de Ahrweiler não agiram com clareza e rapidez suficientes para alertar moradores sobre as inundações e levá-los a locais seguros.
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Procuradores da Alemanha anunciaram nesta sexta-feira (06/08) a abertura de uma investigação por "homicídio por negligência" contra o chefe da região administrativa de Ahrweiler, no oeste do país, em razão da conduta dele frente às enchentes que devastaram a região em julho.
Depois de um exame do caso, a Procuradoria de Koblenz informou em comunicado que "confirmou as suspeitas iniciais de homicídio e lesão corporal negligente" e que abriu uma investigação.
A Justiça acusa o líder regional Jürgen Pföhler, membro do partido governista União Democrata Cristã (CDU), de não ter tomado as medidas necessárias para alertar a população, frente às fortes chuvas e inundações que assolaram a região.
Ainda muitas incertezas
De acordo com os promotores, há indícios de que os moradores do Vale do Ahr, que ainda não haviam sido afetados pelas enchentes, não foram avisados com antecedência e clareza suficientes sobre o risco que corriam, após as autoridades locais receberam alertas meteorológicos na noite de 14 de julho de 2021.
Além disso, as autoridades também não foram capazes de levar os residentes para um local seguro. "Essa operação, de acordo com as primeiras suspeitas, claramente não foi realizada, ou foi realizada sem a clareza necessária ou com atraso", destaca a Procuradoria. As falhas teriam resultado em várias mortos e dezenas de feridos. A maioria das fatalidades ocorreu em Bad Neuenahr-Ahrweiler.
Pföhler é o foco da investigação porque tinha "autoridade exclusiva para tomar decisões" e deveria ser o responsável pela operação, de acordo com a regulamentação em vigor. Uma outra pessoa, cuja identidade não foi revelada, também é investigada. Ela assumiu o comando da resposta de emergência em parte do período, informam os procuradores.
A acusação ressalta que, por enquanto, o inquérito se baseia "num status de informação nublado por incertezas e lacunas". "As investigações a ser realizadas devem exigir algum tempo, portanto não se pode esperar resultados rápidos", esclarece o comunicado.
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Sistema de alerta falho
A catástrofe das enchentes na Alemanha trouxe à tona uma discussão sobre formas eficientes de avisar a população sobre eventos meteorológicos graves. O país está estudando várias maneiras de melhorar seu sistema de alerta de desastres, incluindo a implementação de notificações por meio de telefones celulares.
Pelo menos 141 morreram e 16 seguem desaparecidas no estado da Renânia-Palatinado, onde fica parte do Vale do Ahr. Ao todo, cerca de 189 indivíduos perderam a vida nas enchentes em todo o oeste da Alemanha.
As inundações também afetaram a Bélgica, causando 38 mortes. A Justiça do país também investiga possíveis responsabilidades criminais relativas à falta de cautela e de alertas.
le/av (AFP,ots)
A devastação causada pelas enchentes na Alemanha
Fortes tempestades provocam caos no oeste da Alemanha. Enchentes, deslizamentos e desabamentos de casas deixaram mais de 160 mortos e um rastro de destruição.
Foto: Polizei/picture alliance/dpa
Desabamento de casas
Uma foto disponibilizada nesta sexta-feira (16/07) pelo governo do distrito de Colônia mostra as enchentes em Erftstadt-Blessem. Casas foram engolidas por deslizamentos e várias pessoas estão desaparecidas.
Foto: Rhein-Erft-Kreis/dpa/picture alliance
Rios turbulentos
Em tempos normais, o Kyll é um pequeno afluente do Mosela. Ele flui da região belga da Valônia para os estados federais alemães da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado. No distrito de Bitburg-Prüm, na região do Eifel, que foi particularmente afetado pela tempestade, o Kyll transbordou nas proximidades de Erdorf e inundou partes do vilarejo.
Foto: Harald Tittel/dpa/picture alliance
Enchente na metrópole
Colônia, a quarta maior cidade da Alemanha, com cerca de um milhão de habitantes, também foi afetada pelo desastre das enchentes – como nesta passagem subterrânea , onde se vê apenas o topo de um carro que se projeta da água.
Foto: Marius Becker/picture alliance/dpa
Um vilarejo devastado
Na pequena cidade de Schuld, na região do Eifel, cerca de 50 quilômetros ao sul de Colônia, ruas e casas inteiras foram destruídas pelas torrentes. Esta foto feita por um drone mostra a extensão da destruição.
Foto: Christoph Reichwein/TNN/dpa/picture alliance
Inundação histórica do Ahr
No vale do rio Ahr, as chuvas desencadearam a enchente do século. Quando os indicadores de nível da água falharam na noite de quarta-feira (14/07), o Ahr já estava dois metros acima do recorde anterior. As ruas de Esch (distrito de Ahrweiler) foram tomadas por enxurradas. Vários vilarejos e cidades da região estão completamente inundados.
Foto: Thomas Frey/dpa/picture alliance
Mais de 100 mortos
A primeira fatalidade nas inundações foi relatada na região de Sauerland. Lá, após uma missão de resgate na cidade de Altena, um bombeiro caiu na água ao voltar para o veículo de emergência e foi levado pela correnteza. "Pouco tempo depois, ele só foi resgatado morto", anunciou mais tarde a polícia. A pequena cidade, que se encontra em grande parte inundada, também teve deslizamentos de terra.
Foto: Markus Klümper/dpa/picture alliance
Ajuda do Exército
Alertas de desastres foram emitidos em muitas regiões do oeste da Alemanha. Isso facilita a coordenação entre as autoridades – e a cooperação com a Bundeswehr, as forças armadas alemãs. Com um veículo blindado de resgate e equipamentos pesados de varredura, os soldados avançam para reparar os danos causados pelas enchentes na cidade de Hagen.
Foto: Roberto Pfeil/dpa/picture alliance
Bairros evacuados
Em Leichlingen, os residentes ajudaram uns aos outros durante as enchentes do rio Wupper. Devido às fortes chuvas, o nível do rio subiu tanto que partes da cidade tiveram que ser evacuadas. A área abaixo da represa do Murbach foi particularmente afetada, com ameaças de rompimento de uma barragem.
Foto: Roberto Pfeil/dpa/picture alliance
Em vão
Na quarta-feira (14/07), os bombeiros presentes na área do desastre tentaram prevenir o pior. Uma barreira de madeira deveria proteger o município de Mayschoss, no vale do rio Ahr, das águas torrenciais. No fim, os esforços foram em vão – as forças da natureza prevaleceram.
Foto: Thomas Frey/dpa/picture alliance
Conexões de tráfego interrompidas
Trem parado à noite na estação ferroviária de Kordel, no distrito de Trier-Saarburg, na Renânia-Palatinado. Parte do local foi inundado pelas águas do rio Kyll. O tráfego local e de longa distância está interrompido em grandes partes do oeste da Alemanha, assim como o fornecimento de energia.