Alemanha investirá €86,2 bilhões na malha ferroviária
26 de julho de 2019
Pacote de investimentos ao longo de dez anos prevê a modernização da rede e reforma de milhares de pontes. País quer dobrar número de usuários de trens até 2030.
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A Alemanha anunciou nesta sexta-feira (26/07) o investimento de 86,2 bilhões de euros (cerca de 359,7 bilhões de reais) para reformar a malha ferroviária do país. O valor será investindo ao longo dos próximos dez anos. A maior parte saíra dos cofres do governo federal, que arcará com 62 bilhões de euros. A Deutsche Bahn (DB), a empresa que opera o serviço ferroviário, deve investir 24,2 bilhões de euros.
Segundo o ministro alemão dos Transportes, Andreas Scheuer, esse é o maior programa de modernização ferroviária da história da Alemanha e será a base para a proteção climática ativa no transporte. "Vamos substituir instalações obsoletas, garantir a acessibilidade, melhoraremos o gerenciamento de construção e as condições das pontes ferroviárias", acrescentou Scheuer.
O acordo prevê a reforma de cerca de 2 mil pontes ferroviárias, além de dobrar o número de maquinistas e passageiros até 2030. O projeto incluiu a modernização da atual rede, mas não estabelece a construção de novos trechos. Os cerca de 33 mil quilômetros da malha ferroviária alemã estão deteriorados devido ao excesso de uso e muitas pontes estão em péssimo estado.
Com o acordo, o atual plano quinquenal de investimento, orçado em cerca de 5,6 bilhões por ano, será substituído pelo novo projeto. O total de 86,2 bilhões de euros para a próxima década representa um aumento de 54% nos investimentos em relação ao orçamento em vigor.
Apesar da reputação de pontualidade e precisão da Alemanha, os trens da Deutsche Bahn têm sido afetados por atrasos e cancelamentos nos últimos anos. A empresa define como pontual todos os trens que chegam até seis minutos depois do horário previsto. Mesmo como esse cálculo, no primeiro semestre de 2019, cerca de um quinto dos trens chegaram atrasados ao seu destino.
Para o presidente da Rede de Malhas Ferroviárias Europeias, Peter Westenberger, o amplo projeto possibilita um planejamento seguro. "Tornará toda construção mais barata e é o sinal correto para enviar num momento em que a economia ameaça desacelerar", destacou.
A Deutsche Bahn é uma sociedade anônima privada, com o governo alemão sendo seu único acionista.
A companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn apresentou oficialmente o ICE 4, novo integrante de sua frota de trens de alta velocidade da série InterCity Express. Ele deverá entrar em circulação em dezembro de 2017.
Foto: Deutsche Bahn/Foto: Detlev Wecke
O rei dos trilhos
O presidente da companhia ferroviária alemã Deutsche Bahn, Rüdiger Grube, apresentou em Berlim o novo carro-chefe da empresa. Segundo a Deutsche Bahn, a marca ICE (InterCity Express) é conhecida por 100% dos alemães. Embora seja responsável por apenas 8 a 10% do faturamento da empresa, o ICE é diretamente associado à imagem da Deutsche Bahn.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
O novo modelo
A quarta geração do ICE deverá começar a circular em dezembro do ano que vem, após uma fase de testes. Estes testes com o novo ICE 4 (à direita na foto, ao lado do ICE 3) devem começar ainda em 2016. O novo trem tem 346 metros de comprimento e capacidade para 830 passageiros.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Opção pelo espaço interno
O espaço entre as poltronas poderia ter sido reduzido, aumentando a capacidade para 1.000 passageiros. Mas a companhia ferroviária optou pelo conforto: há espaço suficiente para as pernas, mais lugar para a bagagem, e também se pensou nos cadeirantes.
Foto: Deutsche Bahn AG
Versátil e econômico
Apesar da possibilidade de instalar tantas poltronas, o trem de 12 módulos é relativamente leve. E o consumo de energia por assento é até 22% menor que o de um ICE da primeira geração. A velocidade máxima é de 250 quilômetros por hora, 50 km/h a menos que o modelo anterior.
Foto: picture-alliance/dpa
TEE, o antecessor
Antes do ICE, existiu o Trans Europ Express (TEE). Este tipo de trem circulou entre 1957 e 1987 entre os países da então Comunidade Econômica Europeia, mais Áustria e Suíça. Ele só tinha vagões de primeira classe. Na foto, o lendário TEE "Rheingold".
Foto: Getty Images/J.Macougall
Atração turística
Assim era o vagão com bar do trem de luxo TEE "Rheingold" na década de 1960. Ainda hoje os fãs do mundo ferroviário podem fazer passeios neste trem e reviver o passado.
Foto: Imago
Trens voadores
Nos anos 1930, para concorrer com automóveis e aviões, a companhia ferroviária Deutsche Reichsbahn apostou nos trens movidos a diesel. Tão velozes que passaram a ser chamados "trens voadores", eles encurtaram de forma significativa as viagens entre cidades. Assim surgiu uma rede de transporte rápido, que serviu de base para o atual ICE.
Foto: Imago/Arkivi
Os primórdios do trem-bala
Já em 1903, um grupo de estudos do transporte rodoviário fazia testes com trens rápidos. Uma automotriz trifásica da Siemens atingiu 210 km/h no trecho de teste em Berlim, mas a tecnologia só seria desenvolvida depois da Primeira Guerra Mundial.
Foto: Siemens AG
Concorrência internacional
O mais rápido dos trens-bala continua sendo o francês TGV (Train à Grande Vitesse, trem de alta velocidade), que circula desde 1981. Sua mais nova versão, o AGV (Automotrice à Grande Vitesse, automotriz de grande velocidade), atingiu 574 km/h em 2007. Normalmente, no entanto, eles andam a no máximo 320 km/h. Trens com a base do TGV circulam na Alemanha, Bélgica, Reino Unido, Suíça e Itália.
Foto: picture-alliance/dpa/C. Sasso
Velaro, sem locomotiva
A Siemens Velaro é uma família de trens de alta velocidade sem locomotiva, mas com a potência de tração distribuída. Há motores sob cada eixo. O mais rápido de todos da série é o Harmony CRH 380A, em circulação na China. Num teste em 2010, ele atingiu 486 km/h. O trem liga Pequim e Xangai com uma velocidade operacional de 380 km/h.
Foto: imago/UPI Photo
Japão, o pioneiro
Mas foi no Japão que o trem-bala circulou primeiro. Quando foi inaugurado, nos Jogos Olímpicos de 1964, o antecessor do Shinkansen já andava regularmente a 210 km/h. Hoje em dia, trens da nova geração, como o da foto, têm uma velocidade operacional de 320 km/h.
Foto: Reuters/Kyodo
Futuro a 1200 km/h
O Hyperloop é um sistema de transporte pneumático que está sendo desenvolvido na Califórnia. Os estreitos vagões do Hyperloop flutuarão sobre um colchão de ar que eles mesmos formam ao se locomoverem em alta velocidade – que pode chegar a 1.225 km/h.