Alemanha vai pagar compensação pelo fim de usinas nucleares
5 de março de 2021
Empresas receberão 2,4 bilhões de euros do governo alemão para encerrarem suas atividades até o fim de 2022. Medida é parte da transição da matriz energética do país.
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O governo da Alemanha anunciou nesta sexta-feira (05/03) que firmou um acordo com quatro empresas do setor de energia para pagar uma indenização de 2,4 bilhões de euros (cerca de R$ 16,2 bilhões) pelo fechamento de todas as usinas nucleares que operam no país até 2022.
A transição da matriz energética na Alemanha foi estipulada pela chanceler federal Angela Merkel em 2011, semanas após a catástrofe na usina atômica japonesa de Fukushima. À época, os planos determinaram a paralisação das oito usinas nucleares mais antigas do país, além do fechamento de outras nove, até 2022.
Atualmente, ainda restam seis usinas nucleares em operação no país. Elas terão que encerrar as atividades antes do fim de sua vida útil.
Devido ao encerramento forçado das operações, algumas empresas decidiram processar o governo alemão. Em 2016, o Tribunal Constitucional da Alemanha deu ganho de causa às operadoras e determinou que elas teriam direito a compensações financeiras pela perda de investimentos e de eletricidade que poderiam produzir.
Satisfação mútua
Em comunicado, os ministérios alemães da Economia e Meio Ambiente afirmaram que a sueca Vatenfall receberá aproximadamente 1,4 bilhão de euros, e as alemães RWE, EnBW e Eon receberão 880 milhões, 80 milhões e 42,5 milhões de euros, respectivamente. Em contrapartida, as empresas concordaram em retirar todos os processos abertos contra o governo.
Os ministérios ressaltaram ainda que o acordo "não tem impacto na transição da matriz energética". "As últimas usinas nucleares da Alemanha serão fechadas, o mais tardar, até o fim de 2022", acrescenta a nota.
As quatro empresas do setor energético saudaram o acordo com o governo alemão. "Isso significa que após dez anos foi encontrada uma solução sobre a compensação, que foi repetidamente solicitada pelo Tribunal Constitucional", afirmou a RWE.
A Vatenfall afirmou que, com a decisão, irá retirar um processo internacional aberto contra a Alemanha em Washington, nos Estados Unidos.
O acordo precisa ainda ser aprovado pelos conselhos das empresas e necessita também do aval da União Europeia (UE), que recentemente abriu uma investigação sobre um pacto semelhante firmado pela Alemanha com operadores de usinas elétricas movidas a carvão.
cn/ek (AP, AFP, DPA)
A resistente fauna de Chernobyl
Trinta anos de contaminação radioativa não expulsaram os animais que habitam ao redor do antigo reator nuclear que explodiu em 1986. Um fotógrafo bielorrusso documentou a vida na região desabitada por humanos.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Quando os humanos se foram
Trinta anos após o desastre de Chernobyl, na antiga União Soviética, grandes áreas ao longo da usina nuclear, nos territórios que hoje são da Ucrânia e Belarus, ainda estão desertas por medo das consequências de longo prazo de um vazamento nuclear. Em vez de casas e edifícios, reaparecem águias, lobos, veados e outros animais.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Inóspito para humanos
Diferentes tipos de animais foram vistos no local, como esta raposa na foto tirada pelo fotógrafo bielorrusso da agência de notícias Reuters, Vasily Fedosenko, responsável por esta série de imagens. Segundo a agência, a ministra ucraniana do Meio Ambiente, Hanna Vronska, informou que "as pessoas não podem viver lá, é impossível, nem mesmo nos próximos 24 mil anos."
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Evacuados e realocados
O acidente ocorreu em 26 de abril de 1986, quando um experimento fracassado na usina nuclear na localidade de Pripyat levou a uma explosão no reator número 4, que fora construído somente três anos antes do desastre. Uma imensa quantidade de material radioativo foi liberada na atmosfera, espalhando-se para o resto da Europa. Mais de 350 mil pessoas foram evacuadas e realocadas entre 1986 e 2000.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Consequências pouco claras
Os pesquisadores continuam divididos sobre as implicações do desastre na flora e fauna da região, especialmente considerando a contradição entre os efeitos negativos da radiação e as conseqüências positivas da ausência humana. No entanto, parece que não se pode conter a natureza, como demonstra esta manada de bisões perto do vilarejo de Dronki, em Belarus.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Vilarejos abandonados
Reportagem de 2014 transmitida pelo programa "60 minutes", principal noticiário da emissora americana CBS, mostrou as ruínas quase intocadas de Pripyat, cidade abandonada na fronteira entre a Ucrânia e Belarus e que antes abrigava 50 mil pessoas. Aqui se veem restos de edifícios agrícolas perto do vilarejo bielorrusso de Pogonnoe, na declarada faixa de exclusão de 30 quilômetros.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Implicações de longo prazo
Muitas pessoas temem os efeitos de longo prazo para a saúde, provocados por tal ambiente radioativo. Em março, a Prêmio Nobel bielorrussa Svetlana Alexievich disse à DW: "todos os amigos que perdi nos últimos dez anos morreram de câncer. E não passa um dia em que eu não escuto de alguém que adoeceu ou morreu."
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Ninguém é imune
Um lobo olha para a câmera no vilarejo abandonado de Orevichi, em Belarus. Ainda que muitas espécies de plantas, flores e animais continuem a povoar a área em torno do reator nuclear, sabe-se que a taxa de mortalidade entre eles é maior que a média, e que eles sofrem de tumores e outras complicações. O impacto da radiação parece variar por espécie.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Perigo por séculos
"Foi bastante óbvio que padrões de deformação tenham prevalecido muito mais em áreas de alta contaminação", explicou o biólogo Timothy Mousseau à DW, após passar anos coletando insetos, aves e ratos mutantes da região de Chernobyl e Fukushima, no Japão. "Muitas áreas vão permanecer perigosas por séculos, ou até milênios", acrescentou. Aqui, alces são vistos perto de Dronki.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Efeitos em Belarus
Uma águia pousa sobre o telhado de uma escola no vilarejo abandonado de Tulgovichi, a cerca de 370 quilômetros ao sudeste de Minsk. A antiga república soviética de Belarus recebeu por volta de 70% da precipitação radioativa do acidente. Mais de 20% das terras agrícolas do país foram contaminadas.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Números pouco concludentes
Trinta anos depois, números precisos sobre casos de câncer causados pelo desastre de Chernobyl e pela contaminação indireta ainda não são concludentes. A quantidade de mortes atribuídas diretamente à explosão é de 31, mas até agora não há um quadro compreensível ou mesmo um consenso sobre o método usado para contabilizar os impactos na saúde.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
De uma geração a outra
O exame de animais, como este pica-pau visto perto do vilarejo de Babkhin, levou cientistas a acreditar que os efeitos da radiação são passados tanto através da cadeia alimentar quanto de uma geração a outra. Testes em animais provenientes da região de Chernobyl apontaram para um aumento das taxas de tumores, catarata e defeitos neurológicos, como tamanhos menores de cérebro.
Foto: Reuters/V. Fedosenko
Grande incerteza
Alguns pesquisadores acreditam que várias espécies encontradas hoje ao redor da área de Chernobyl não estavam lá antes do desastre. No entanto, essas suposições não foram confirmadas e, em sua maioria, os cientistas são cautelosos sobre tais declarações.