Alemanha: Verdes escolhem Habeck para candidato a chanceler
17 de novembro de 2024
Atual ministro da Economia será o principal candidato do Partido Verde nas próximas eleições, que devem ocorrer de forma antecipada em fevereiro. As pesquisas no momento são desfavoráveis à legenda.
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Os delegados do Partido Verde da Alemanha decidiram neste domingo (17/11), por expressiva maioria, que Robert Habeck, atual vice-chanceler federal e ministro da Economia, será o principal candidato da legenda na provável eleição antecipada de fevereiro.
A coalizão de três partidos que governava a Alemanha colapsou no início do mês após o chanceler federal Olaf Scholz, do Partido Social Democrata (SPD), exonerar o então ministro das Finanças e presidente do Partido Liberal Democrático (FDP), Christian Lindner.
O Bundestag (câmara baixa do Parlamento) deverá promover em dezembro um voto de confiança sobre Scholz, no qual ele deve ser derrotado, abrindo caminho para novas eleições previstas para 23 de fevereiro – e os partidos já estão em pré-campanha.
Habeck obteve cerca de 96% dos votos dos delegados da sua legenda, que se reuniram em uma conferência na cidade de Wiesbaden, no oeste da Alemanha.
"Muita coisa pode mudar em todas as frentes"
A decisão dos verdes significa que Habeck será o escolhido do partido para o cargo de chanceler federal, se a legenda estiver em posição de apresentar um.
A Alemanha é um país parlamentarista e, em regra, cabe ao partido mais votado nas eleições liderar a construção de uma coalizão e indicar o chanceler federal. Atualmente, o partido mais bem posicionado nas pesquisas são os conservadores da União Democrata Cristã (CDU).
Habeck e os verdes têm falado abertamente sobre essa ser uma perspectiva improvável. No momento, as pesquisas indicam que eles têm um apoio de 11% ou 12%.
Mas em uma entrevista recente à DW, ele disse que as pesquisas atuais poderiam mudar até fevereiro. Os três partidos da coalizão vinham sofrendo queda de popularidade em meio a divergências públicas, impasses políticos e compromissos difíceis.
"Todas as disputas e todos os compromissos que tivemos que fazer já não existem mais. E agora os partidos estão dando um passo à frente com suas próprias ideias. Agora muita coisa pode mudar em todas as frentes", disse Habeck.
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Baerbock não quis concorrer novamente
Na última campanha eleitoral, Habeck havia se retirado da disputa de candidato principal do partido para dar espaço à atual ministra do Exterior, Annalena Baerbock. No início do ano, ela disse que que não tinha ambição de concorrer novamente.
Neste domingo, ele agradeceu explicitamente a Baerbock quando se dirigiu aos delegados. "É um grande privilégio saber que você está à minha frente, ao meu lado e me apoiando", disse Habeck a Baerbock.
Baerbock, por sua vez, elogiou Habeck como "superpragmático", e disse que ele havia conseguido manter um curso firme e fazer a Alemanha superar sua dependência das importações de energia russas em meio à crise provocada pela invasão da Ucrânia por Moscou, referindo-se a políticas que, em alguns casos, irritaram parte da base ambientalista do partido.
"Ninguém consegue manejar o leme como Robert Habeck em uma tempestade e, ao mesmo tempo, ajustar as velas corretamente em um vento de cauda", disse Baerbock.
Brantner e Banaszak assumem a co-liderança do partido
No sábado, dia de abertura da conferência, o partido também escolheu seus novos líderes: a especialista em política externa Franziska Brantner e Felix Banaszak, de 35 anos, um ex-copresidente da ala jovem do partido que só ingressou no Parlamento após as últimas eleições em 2021.
Os verdes estiveram brevemente no topo das pesquisas no início da campanha de 2021, mas depois caíram e terminaram em terceiro lugar, com 14,7% de apoio, enquanto os social-democratas de Scholz tiveram um aumento no final da disputa que os colocou à frente de seus rivais tradicionais da CDU.
bl (dpa/ots)
Os principais partidos alemães
São eles: Partido Social-Democrata (SPD), União Democrata Cristã (CDU), União Social Cristã (CSU), Partido Liberal Democrático (FDP), Alternativa para a Alemanha (AfD), Verdes, Esquerda e Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
Foto: picture-alliance/dpa
União Democrata Cristã (CDU)
Fundada em 1945, a CDU se considera "popular de centro". Seus governos predominaram na política alemã do pós-guerra. O partido soma em sua história cinco chanceleres federais, entre eles Helmut Kohl, que governou por 16 anos e conduziu o país à reunificação em 1990, e Angela Merkel, a primeira mulher a assumir o cargo, em 2005.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Dedert
Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD)
Integrante da Internacional Socialista, o SPD é uma reconstituição da legenda homônima fundada em 1869 e identificada com as classes trabalhadoras. Na Primeira Guerra, ele se dividiu em dois partidos, ambos proibidos em 1933 pelo regime nazista. Recriado após a Segunda Guerra, o SPD já elegeu quatro chanceleres federais: Willy Brandt, Helmut Schmidt, Gerhard Schröder e Olaf Scholz.
Foto: Thomas Banneyer/dpa/picture alliance
União Social Cristã (CSU)
Igualmente fundada em 1945, a CSU só existe na Baviera, onde a CDU não conta com diretório local. Os dois partidos são considerados irmãos. A CSU tem como objetivo um Estado democrático e com responsabilidade social, fundamentado na visão cristã do mundo e da humanidade. Desde 1949, forma no Bundestag uma bancada única com a CDU.
Foto: Peter Kneffel/dpa/picture alliance
Aliança 90 / Os Verdes (Partido Verde)
O partido Os Verdes surgiu em 1980, após três anos participando de eleições como chapa avulsa, defendendo questões ambientais e a paz. Em 1983, conseguiu formar uma bancada no Bundestag. Oito anos depois, o movimento Aliança 90 se fundiu com ele. Em 1998 participou com o SPD pela primeira vez do governo federal.
Foto: Christophe Gateau/dpa/picture alliance
Partido Liberal Democrático (FDP)
O Partido Liberal Democrático (FDP, na sigla em alemão) foi criado em 1948, inspirado na tradição do liberalismo e valorizando a "filosofia da liberdade e o movimento pelos direitos individuais". O partido é tradicionalmente um membro minoritário de coalizões de governo federais
Foto: Hannes P Albert/dpa/picture alliance
A Esquerda (Die Linke)
Die Linke (A Esquerda, em alemão) surgiu da fusão, em 2007, de duas agremiações esquerdistas: o Partido do Socialismo Democrático (PDS), sucessor do Partido Socialista Unitário (SED) da extinta Alemanha Oriental, e o Alternativa Eleitoral por Trabalho e Justiça Social (WASG, criado em 2005, aglutinando dissidentes do SPD e sindicalistas).
Foto: DW/I. Sheiko
Alternativa para a Alemanha (AfD)
Fundada em 2013, inicialmente como uma sigla eurocética de tendência liberal, a AfD rapidamente passou a pender para a ultradireita, especialmente após a crise dos refugiados de 2015-2016. Com posições radicalmente anti-imigração, membros que se destacam por falas incendiárias, a legenda tem vários diretórios classificados oficialmente como "extremistas" pelas autoridades
Foto: Martin Schutt/dpa/picture alliance
Aliança Sahra Wagenknecht (BSW)
A Aliança Sahra Wagenknecht (BSW) é um partido fundado em janeiro de 2024 pela mulher que lhe dá o nome, uma ex-parlamentar do partido Die Linke (A Esquerda) que defende uma mistura de política econômica de esquerda e retórica social de direita. Nas suas primeiras eleições, o partido tomou boa parte do espaço que era ocupada pela Esquerda.
Foto: Anja Koch/DW
Os pequenos
Há numerosos partidos menores na Alemanha, como Os Republicanos (REP) e o Heimat (Pátria), ambos de extrema direita, ou o Partido Marxista-Leninista (MLPD), de extrema esquerda. Outros defendem causas específicas, como o Partido dos Aposentados, o das mulheres, dos não eleitores, ou de proteção dos animais. E mesmo o Violetas, que reivindica uma política espiritualista.