Alemanices: Animais abandonados importam
3 de março de 2017É fim de tarde. O vira-lata húngaro espera ansioso pelo típico passeio de todas as quartas-feiras. Ele vive num Tierheim – abrigo de animais, em alemão –, onde aguarda para ser adotado. A voluntária chega pontualmente às cinco da tarde. Ela põe a coleira e começa a caminhada. Hoje o passeio será numa plantação de trigo, a poucos minutos dali.
Outros voluntários também andam pelos quarteirões com cães de rua vindos de outros países ou abandonados por seus donos alemães. "Sempre passeio com o Bob. Eu gosto de proporcionar um tempo de descontração para ele. Ele sofreu muito em seu país", conta a voluntária que, apesar de ter cinco cachorros em casa, ajuda a cuidar de outros animais que ainda não têm um dono.
Os Tierheime também recebem gatos, hamsters e aves. Muitos têm idade avançada, problemas de saúde ou foram vítimas de maus-tratos. Nos sites de alguns abrigos, há descrições fofas de cada novo animal que chega.
Em Bonn, no noroeste da Alemanha, a hamster Rita "procura donos carinhosos" que ofereçam várias atividades. A cadela Nora, vinda da Romênia e "muito amigável", precisa de cuidados especiais devido a uma lesão permanente em uma das patas.
Enquanto não encontram uma nova casa, os cães que vivem nos Tierheime contam com a ajuda dos voluntários para ter momentos de diversão. As pessoas interessadas precisam se cadastrar e fazer um curso específico antes de iniciar o voluntariado. Muitas saem em grupos para que os cachorros possam interagir entre si. Quem não tem tempo para os passeios regulares, pode contribuir com doações.
O Tierheim Berlim, o maior abrigo para animais domésticos da Europa, recebe a cada ano 12 mil bichinhos abandonados. Na Alemanha, é raríssimo encontrar um cão ou gato vagando sozinho pelas ruas. Todos possuem um número de identificação. E os donos têm que pagar um imposto anual à prefeitura.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.