Reformar a casa, montar os próprios móveis e fazer consertos é comum para os alemães. Além de economizar nos custos, tendência reflete desejo de criar algo único e promover a criatividade coletiva.
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Montar os próprios móveis, costurar ou consertar o que iria para o lixo refletem a tendência alemã do "faça você mesmo".
Mais do que economizar dinheiro, já que qualquer serviço de reparo ou de montagem é supercaro na Alemanha, a inspiração é criar algo único e dar novo significado ao que estava velho.
É também uma forma de criatividade coletiva. Mais do que o trabalho em si, a atividade também se resume a criar conexões sociais, aprender novas habilidades e ficar satisfeito com o resultado do trabalho. É uma forma de lazer e distração.
Inspirado no movimento "Do it yourself", dos Estados Unidos, o "selbermachen" ("faça você mesmo, em alemão) ganha força na Alemanha desde a década de 1960. O upcycling, "reciclar para melhor", também tem muitos adeptos. Transformar resíduos ou materiais descartáveis em novos produtos de qualidade e com maior valor é uma tendência constante.
De acordo com a Associação Comercial de Trabalhos Caseiros, Construção e Jardins (BHB), um quinto dos alemães já reformou algum objeto antigo que não tinha mais utilidade.
Enviar algo para o conserto ou pagar mão de obra especializada na Alemanha fica muito caro. Há, por exemplo, inúmeras oficinas abertas em que voluntários ensinam quem estiver interessado em consertar sozinho sua bicicleta.
Raramente, se contrata uma empresa para fazer mudanças. As pessoas costumam fazer várias viagens de carro, alugar uma van ou contar com a ajuda de amigos ou da família.
As lojas de varejo de material de construção (baumärkte) são enormes, com grande variedade, e têm itens para cada detalhe da estrutura da casa, além de objetos decorativos. Todos os equipamentos e materiais de construção civil são adaptados ao consumidor comum, em tamanhos e quantidades menores.
A loja de departamentos sueca Ikea é especializada na venda de móveis de baixo custo e fáceis de montar, e é febre entre consumidores europeus. As peças vêm em caixas compactas com um manual de montagem.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
O que você precisa saber sobre morar de aluguel na Alemanha
Na Alemanha, 60% das pessoas moram em casas ou apartamentos alugados. Conheça algumas particularidades alemãs sobre o assunto.
Foto: picture-alliance/Wolfram Steinberg
Prédios antigos
Houve tempos em que moradias em prédios antigos em Berlim eram superlotados por grandes famílias, mesmo que tivessem só um ou dois quartos. Recentemente, estes "Altbau" (prédio antigo) estão vivendo um renascimento. Os da foto, no bairro Prenzlauer Berg, estavam praticamente vazios e abandonados no início da década de 1990. Hoje em dia, todos querem alugar um apartamento neste tipo de prédio.
Foto: picture alliance/ZB
Edifícios residenciais
Na antiga Alemanha Oriental, onde quase todos os imóveis eram alugados pelo governo, os enormes blocos residenciais feitos com elementos pré-fabricados eram chamados "plattenbau" (edifício em painéis). Eles não eram baratos, mas muitos os preferiam a prédios antigos por oferecerem todos os confortos modernos, como encanamento novo que não vaza, eletricidade confiável e água quente.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Burgi
As sacadas
Como a maioria das pessoas vive em apartamentos alugados e não tem jardim, elas fazem muitas coisas nas sacadas. Seja churrasco, ler ou cultivar flores, cada centímetro é aproveitado para o lazer. Muitas vezes, estas varandas são verdadeiros ecossistemas durante o verão. Já no inverno, por causa do frio e da neve, são pouco frequentados.
Muitos apartamentos de aluguel acessível são habitados por imigrantes que mantêm uma ligação com a terra natal através de televisão por satélite. Na foto, parabólicas instaladas nas sacadas das varandas do Pallasseum, no bairro Schöneberg, em Berlim.
Foto: AFP/Getty Images
Bicicletas nos pátios
A maioria dos prédios alemães foi construída de forma que os fundos se encontram num pátio conjunto. São espaços comuns, muitas vezes com áreas verdes, mas também com lugar para estacionar bicicletas, pequenas motos e tonéis de lixo.
Foto: picture-alliance/ZB/M. Krause
Sobrenomes em vez de números
Em vez de números de apartamentos, as campainhas nos prédios residenciais contêm os sobrenomes dos moradores. Difícil de acreditar num país que tanto preza pela privacidade. Por outro lado, nem sempre a disposição das campainhas indica o andar onde mora a pessoa. Por isso, quando se visita alguém pela primeira vez, ao tocar a campainha, é preciso perguntar aonde exatamente ir.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Scholz
As repúblicas
Conhecidas como WGs, as Wohngemeinschaften (apartamento compartilhado) são muito frequentes entre jovens nos grandes centros urbanos, onde o aluguel é alto e há poucos imóveis disponíveis. Muitas pessoas que compartilham apartamentos inclusive alugam espaços, para baixar ainda mais os custos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Pinte ao sair
É tradição alemã pintar e fazer pequenos consertos ao deixar o apartamento. Dependendo do acerto com o proprietário, pode-se também pintar conforme o gosto próprio quando se assume o imóvel, não precisando fazer nada ao sair.
Foto: picture alliance/Denkou Images
Cozinha não muda
Nos últimos tempos ficou cada vez mais usual não remover as cozinhas quando se sai de um imóvel. Ou seja: muitas vezes a compra dos aparelhos eletrodomésticos e dos armários, pia e balcão é precondição para o aluguel. Em geral, no entanto, é uma questão de negociar com o dono da cozinha.
Foto: DW/S. Braun
Banheiros pequenos e antiquados
Uma das peculiaridades de apartamentos antigos é o fato de não incluírem instalações hoje imprescindíveis, como um banheiro com chuveiro. É comum encontrar banheiros improvisados em espaços minúsculos. Eles podem ser instalados até em locais inapropriados, com uma antiga sala, com janelas amplas. Na foto, o chuveiro de um apartamento em Berlim embutido no armário da cozinha.
Foto: DW/S. Braun
Número de cômodos
Na Alemanha, em vez de quartos, fala-se em cozinha, entrada, banheiro e um "x" de salas (de dormir, de jantar e de estar). O tamanho do imóvel é em m2. Para avaliar o aluguel, consulte o Mietspiegel (índice de aluguel) da cidade, que lista o preço médio com base no tipo de construção e onde ela fica. A média em Berlim é de quase 11 euros por metro quadrado, sem contar luz, água e aquecimento.