Grupos no Facebook de doação e troca são populares na Alemanha. Comunidade Free Your Stuff é uma das mais conhecidas e está presente em várias cidades. A ideia é reaproveitar objetos e combater o desperdício.
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Passar adiante em vez de jogar fora. Reaproveitar o que se tornou velho para alguém, mas que pode ganhar um novo significado e utilidade para você. Compartilhar o que não se usa mais é uma marca em comunidades no Facebook na Alemanha. A Free Your Stuff (FYS, em português, liberte suas coisas) é a mais popular.
Na página, usuários compartilham posts com a foto e a descrição de estantes de livros, tintura de cabelo, bijuterias, papinhas de bebê, plantas de babosa, sofás, camas, bicicletas, e outros itens, esperando que alguém venha buscar os objetos a serem doados. Quem é mais rápido em entrar em contato e ir até o local combinado para pegar a doação geralmente garante a oferta.
A principal regra é não estabelecer preços. Tudo é oferecido de forma gratuita como doação ou troca. "Estou vendendo o meu sofá 'de graça'", diz o anúncio de um usuário no Free Your Stuff Berlin.
Segundo a imprensa alemã, a plataforma surgiu em Luxemburgo, por iniciativa de um estudante que queria permitir a pessoas sem muito dinheiro obter produtos por meio de doações e trocas. A ideia, no entanto, acabou virando febre na Alemanha, onde há páginas locais do FYS em várias cidades.
A Free Your Stuff Mainz, por exemplo, foi criada por um estudante que postou a oferta de um televisor que ele não queria mais. Milhares de pessoas se juntaram à comunidade, que se tornou uma das com mais membros na Alemanha.
Também há comunidades em Berlim, Munique, Colônia, Düsseldorf e Hamburgo. No Brasil, foram criadas páginas para doação e troca em São Paulo e Porto Alegre, inspiradas na iniciativa alemã.
Esse tipo de movimento nas redes sociais reflete um senso de comunidade numa era de pós-consumismo. Prolongar a vida útil de objetos que não servem mais para alguém, mas podem ser muito úteis para outra pessoa em outro lugar transmite uma mensagem de resistência ao desperdício. O que muitas vezes é considerado "velho" pode ganhar um novo valor.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.
O que você precisa saber sobre morar de aluguel na Alemanha
Na Alemanha, 60% das pessoas moram em casas ou apartamentos alugados. Conheça algumas particularidades alemãs sobre o assunto.
Foto: picture-alliance/Wolfram Steinberg
Prédios antigos
Houve tempos em que moradias em prédios antigos em Berlim eram superlotados por grandes famílias, mesmo que tivessem só um ou dois quartos. Recentemente, estes "Altbau" (prédio antigo) estão vivendo um renascimento. Os da foto, no bairro Prenzlauer Berg, estavam praticamente vazios e abandonados no início da década de 1990. Hoje em dia, todos querem alugar um apartamento neste tipo de prédio.
Foto: picture alliance/ZB
Edifícios residenciais
Na antiga Alemanha Oriental, onde quase todos os imóveis eram alugados pelo governo, os enormes blocos residenciais feitos com elementos pré-fabricados eram chamados "plattenbau" (edifício em painéis). Eles não eram baratos, mas muitos os preferiam a prédios antigos por oferecerem todos os confortos modernos, como encanamento novo que não vaza, eletricidade confiável e água quente.
Foto: picture-alliance/dpa/A. Burgi
As sacadas
Como a maioria das pessoas vive em apartamentos alugados e não tem jardim, elas fazem muitas coisas nas sacadas. Seja churrasco, ler ou cultivar flores, cada centímetro é aproveitado para o lazer. Muitas vezes, estas varandas são verdadeiros ecossistemas durante o verão. Já no inverno, por causa do frio e da neve, são pouco frequentados.
Muitos apartamentos de aluguel acessível são habitados por imigrantes que mantêm uma ligação com a terra natal através de televisão por satélite. Na foto, parabólicas instaladas nas sacadas das varandas do Pallasseum, no bairro Schöneberg, em Berlim.
Foto: AFP/Getty Images
Bicicletas nos pátios
A maioria dos prédios alemães foi construída de forma que os fundos se encontram num pátio conjunto. São espaços comuns, muitas vezes com áreas verdes, mas também com lugar para estacionar bicicletas, pequenas motos e tonéis de lixo.
Foto: picture-alliance/ZB/M. Krause
Sobrenomes em vez de números
Em vez de números de apartamentos, as campainhas nos prédios residenciais contêm os sobrenomes dos moradores. Difícil de acreditar num país que tanto preza pela privacidade. Por outro lado, nem sempre a disposição das campainhas indica o andar onde mora a pessoa. Por isso, quando se visita alguém pela primeira vez, ao tocar a campainha, é preciso perguntar aonde exatamente ir.
Foto: picture-alliance/dpa/M. Scholz
As repúblicas
Conhecidas como WGs, as Wohngemeinschaften (apartamento compartilhado) são muito frequentes entre jovens nos grandes centros urbanos, onde o aluguel é alto e há poucos imóveis disponíveis. Muitas pessoas que compartilham apartamentos inclusive alugam espaços, para baixar ainda mais os custos.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Pinte ao sair
É tradição alemã pintar e fazer pequenos consertos ao deixar o apartamento. Dependendo do acerto com o proprietário, pode-se também pintar conforme o gosto próprio quando se assume o imóvel, não precisando fazer nada ao sair.
Foto: picture alliance/Denkou Images
Cozinha não muda
Nos últimos tempos ficou cada vez mais usual não remover as cozinhas quando se sai de um imóvel. Ou seja: muitas vezes a compra dos aparelhos eletrodomésticos e dos armários, pia e balcão é precondição para o aluguel. Em geral, no entanto, é uma questão de negociar com o dono da cozinha.
Foto: DW/S. Braun
Banheiros pequenos e antiquados
Uma das peculiaridades de apartamentos antigos é o fato de não incluírem instalações hoje imprescindíveis, como um banheiro com chuveiro. É comum encontrar banheiros improvisados em espaços minúsculos. Eles podem ser instalados até em locais inapropriados, com uma antiga sala, com janelas amplas. Na foto, o chuveiro de um apartamento em Berlim embutido no armário da cozinha.
Foto: DW/S. Braun
Número de cômodos
Na Alemanha, em vez de quartos, fala-se em cozinha, entrada, banheiro e um "x" de salas (de dormir, de jantar e de estar). O tamanho do imóvel é em m2. Para avaliar o aluguel, consulte o Mietspiegel (índice de aluguel) da cidade, que lista o preço médio com base no tipo de construção e onde ela fica. A média em Berlim é de quase 11 euros por metro quadrado, sem contar luz, água e aquecimento.