Móveis, malas e colchões descartados por moradores são colocados para fora no dia do "Sperrmüll". Antes da coleta pela prefeitura, é possível vasculhar e encontrar algo útil. Karina Gomes conta na coluna.
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Algumas vezes por ano, pequenos "lixões" se formam nas ruas da Alemanha. São móveis, tapetes, colchões e malas colocados pelos moradores em frente às casas para serem coletados pela prefeitura. É o dia do "Sperrmüll", a recolha de objetos que não são incluídos na coleta de lixo semanal por serem muito grandes ou volumosos.
A data está longe de ser ignorada. Muitas pessoas, principalmente estudantes, vasculham os amontoados de "lixo em bom estado" para garantir o guarda-roupa, o sofá ou a mesa de jantar que estão faltando no apartamento.
Alemanha em 1 minuto: Separação do lixo
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Muita coisa pode ser reutilizada. Geralmente, os móveis estão bem conservados. Os moradores os colocam para fora no dia antes da data da coleta, e, assim, quem passar por ali pode encontrar algo útil.
É um mercadinho gratuito a céu aberto. Muita gente sabe que se alugar um quarto sem mobília não será tão difícil encontrar tudo o que precisa na rua – e de graça. O ponto negativo é que, nos dias de chuva, tudo permanece do lado de fora e pode perder a utilidade.
O "Sperrmüll" não ocorre ao ar livre em todas as cidades alemãs. Há lugares em que é preciso levar tudo pessoalmente a um centro de coleta. E algumas prefeituras cobram uma taxa para recolher os móveis.
É claro que há regras. Os tapetes, por exemplo, precisam estar enrolados, e todo o material não pode ocupar mais do que 5 metros quadrados. Há cidades em que aparelhos eletrônicos, como computadores e televisores, devem ser entregues diretamente em postos de coleta.
Os móveis e objetos recolhidos pela prefeitura podem depois ser revendidos por instituições de caridade para arrecadação de fundos. As datas de coleta ao longo do ano estão disponíveis na internet. Basta se programar.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.
Sacolas não são todas iguais
Na hora das compras não é preciso usar sempre sacolas plásticas descartáveis. Existem várias alternativas reutilizáveis, como sacolas de algodão, de papel ou de poliéster.
Foto: DUH
Não só de plástico
Algumas bananas aqui, algumas maçãs acolá – durante as compras, as sacolas plásticas estão sempre por perto e logo ficam cheias. Em média, cada alemão usa 71 sacolas por ano. Mas há alternativas que agridem menos o meio ambiente do que as sacolas produzidas apenas com polietileno, o material mais comum.
Foto: Fotolia/pizzicati
A vilã
A sacola plástica comum é composta quase só de polietileno, que é produzido a partir do petróleo bruto. Esse tipo de sacola é tudo, menos boa para o meio ambiente. Ela precisa de 400 a 500 anos para se decompor. A Comissão Europeia considera isso tempo demais e exige uma lei só para regular o uso de sacolas plásticas.
Foto: Fotolia/rdnzl
Plástico de plantas
Na Europa, algumas sacolas são produzidas com 30% do plástico oriundo de matérias primas renováveis e 70%, de petróleo. Parece melhor, mas essas sacolas plásticas são de difícil reciclagem. O plástico delas também é menos resistente, o que leva ao uso de mais plástico do que nas sacolas comuns. Além disso, o cultivo de plantas para a produção de plástico tem um impacto ambiental negativo.
Foto: picture-alliance/ZB
Polietileno reciclado
Existem também as sacolas plásticas feitas com pelo menos 70% de polietileno obtido da reciclagem. Esse tipo é o melhor para o meio ambiente se forem consideradas apenas as sacolas plásticas descartáveis. Só que apenas uma pequena parte do polietileno usado em sacolas plásticas acaba sendo reciclado.
Foto: picture-alliance/dpa
Papel não é muito melhor
As sacolas de papel não são necessariamente melhores do que as de plástico. Elas são produzidas com fibras de celulose especialmente resistentes, que necessitam ser tratadas com produtos químicos. A situação melhora quando o papel tem origem na reciclagem.
Foto: picture-alliance/dpa
Desvantagens do algodão
Sacolas de algodão ou de linho são mais resistentes e podem assim ser usadas inúmeras vezes, o que é bom para o meio ambiente. Mas a sua produção consome muito mais material e energia do que a produção das de plástico. Além disso, elas são feitas a partir de plantas cujo cultivo requer uma grande quantidade de água e recursos naturais.
Foto: Fotolia/Robert Kneschke
Melhor do que a reputação
Ao contrário do que muita gente pensa, sacolas reutilizáveis feitas de polipropileno, poliéster ou politereftalato de etileno (PET) não são piores do que as feitas de pano. E, se for usada mais de três vezes, uma sacola de polipropileno já é mais benéfica ao meio ambiente do que as tradicionais sacolinhas de polietileno.
Foto: DUH
E a vencedora é...
Sacolas reutilizáveis feitas de poliéster são consideradas a melhor alternativa para quem se preocupa com o meio ambiente. Quando dobradas, elas são menores do que um maço de cigarros. Elas pesam cerca de 30 gramas, menos até do que muitas sacolinhas descartáveis. E, mesmo assim, carregam até 10 quilos.