Começar um relacionamento sério ou ficar com alguém na balada podem se tornar uma missão longa e difícil na Alemanha. Karina Gomes conta na coluna.
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Flertar na Alemanha é, definitivamente, uma missão difícil. Depois de trocar olhares por duas horas na balada e não dar em nada, ser censurado por dar um beijo de língua num bar ou perder as esperanças depois de cinco encontros seguidos sem um beijo sequer, alguém pode se perguntar: o flerte existe por aqui?
É arriscado dar uma resposta categórica sobre como uma paquera tão sutil, intrigante e desafiadora resulta num relacionamento. Experiências vividas por estrangeiros na roleta da conquista alemã não devem ser generalizadas, mas ajudam a entender o que se passa no coração alemão.
É o quinto encontro. Ele sempre dá sinais de interesse. Até já ficaram até as cinco da manhã conversando na casa dele, apesar de nada ter acontecido. Ela decide tomar a iniciativa para, no final, conseguir um beijo de leve. Assim foi até virar namoro. Depois de alguns meses de relacionamento, ele explica que a demora no início foi para conhecê-la melhor, estabelecer uma amizade e, depois de "300 encontros", ter certeza de que poderiam namorar.
A ideia de "ficar" e deixar rolar um flerte despreocupado na linha do "vamos curtir e ver no que vai dar" não combinam, em geral, com alemães que procuram um relacionamento sério. Quando a intenção é verdadeira, o processo é lento. E se querem apenas diversão, vão deixar claros os limites: nada de romantismo.
Em bares e baladas, não é comum ver "pegação geral". Quando vão a uma festa, é para curtir a música e os amigos. Vão, claro, trocar olhares, caso se interessem por alguém. Mas não se surpreenda se as olhadas durarem a noite toda e o cara não vier conversar com você. Esse papel é, muitas vezes, da mulher.
Num país em que não é comum os homens pagarem a conta do restaurante, abrirem a porta do carro para a mulher ou se oferecerem para carregar uma mala pesada, a independência feminina fica evidente. O poder da paquera está com as mulheres, e o flerte agressivo não é bem recebido. Não é não. E são elas que gostam de dar o primeiro passo.
Saber até onde podem ir ao se interessarem por alguém pode gerar insegurança entre os alemães. Para pular essa etapa tão difícil, muitos recorrem aos sites e apps de encontros, que fazem muito sucesso na Alemanha. Outra estratégia é entrar para um curso de culinária ou ir a festas de amigos para conhecer um possível amor.
E para os estrangeiros que se deparam de primeira com uma equação tão complexa de conquista é normal se sentir um peixe fora d'água e até ficar frustrado. Pedi a colaboração de colegas da DW Brasil para traduzir o que é vivenciar o "flerte inexistente” alemão. A boa notícia é que, segundo me contaram, quando o relacionamento engata, a coisa é intensa.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.
Dez fatos que você precisa saber sobre o amor
Há infinitos mistérios sobre o amor. Como defini-lo? Por que nos apaixonamos? Por que sofremos quando temos o coração partido? Listamos dez curiosidades sobre este complexo sentimento.
Foto: picture alliance/David Ebener
Você pode se apaixonar por qualquer pessoa
O psicólogo americano Arthur Aron realizou uma pesquisa com 100 pessoas que não se conheciam. Em duplas, elas tinham que responder a 36 perguntas íntimas, como: "A morte de quem da sua família te deixaria pior? Por quê?" Na última parte do experimento, os pares deviam se olhar nos olhos durante quatro minutos. Nem todos os estranhos se apaixonaram, mas um casal acabou se casando seis meses depois.
Foto: Fotolia/tramp51
Beijamos de jeitos diferentes
Em algumas culturas, beijos não são um gesto sexual ou de afeto, mas algo meramente prático. Em partes da Papua Nova Guiné, por exemplo, pais mastigam os alimentos para seus bebês e, então, passam-lhes a comida numa espécie de beijo. Para os esquimós inuítes, esfregar os narizes e não as bocas é um sinal de afeto. Textos sânscritos antigos, por sua vez, referem-se a um beijo como uma fungadela.
Foto: picture-alliance/dpa/Stephen M. Dowell/Orlando Sentinel
Você pode morrer de coração partido
Perder alguém pode realmente nos afetar fisicamente, provocando em alguns casos a cardiomiopatia induzida por estresse, ou "síndrome do coração partido". Trata-se de uma condição temporária, que pode ser desencadeada por um choque ou trauma. Geralmente, os pacientes se recuperam em cerca de uma semana, mas em pessoas mais velhas ou que já sofrem do coração, a doença pode levar à morte.
Foto: imago/Steinach
Homens se apaixonam mais rápido
De acordo com um estudo feito pelo site americano match.com, enquanto as mulheres levam cerca de cinco meses para se apaixonarem, os homens demoram apenas três. De acordo com a bioantropóloga Helen Fisher, as mulheres precisam criar e avaliar uma espécie de memória afetiva baseada no comportamento do homem – como se lembrar do que ele prometeu fazer – antes de se permitirem se apaixonar.
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Talvez o afrodisíaco seja apenas psicológico
Não há provas científicas de que a ingestão de alimentos como a ostra tenha algum efeito químico sobre os órgãos sexuais. É mais provável que os poderes afrodisíacos da ostra, por exemplo, estejam ligados à aparência, que supostamente remete ao órgão sexual feminino. Nossos ancestrais também acreditavam que a cebola lembra uma parte do corpo masculino (pode ser divertido adivinhar qual seria!).
Foto: picture-alliance/dpa
Não somos os únicos que amam
Cientistas têm opiniões distintas quanto à capacidade dos animais de amar como os seres humanos. Mas é inegável que os bichos formam fortes ligações entre si. É o caso de um gorila fiel à sua parceira num zoológico de Boston, nos EUA. Ao perder a amada, ele uivou e bateu no peito e tentou reanimá-la. Também é comum haver laços entre diferentes espécies: como tartarugas e gansos ou leões e coiotes.
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Beijo é mais importante que sexo
Para as culturas que veem o beijo como um gesto erótico (a maior parte da população mundial), afirma-se que, quanto maior o número de beijos compartilhados, mais saudável tende a ser a relação do casal. Aparentemente, tal correlação não vale para o sexo. Os beijos também são conhecidos por diminuir os níveis de cortisol, o hormônio do estresse.
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Origem da palavra amor
Em português, "amor" vem da palavra com mesma grafia em latim e pode ter significados como afeição, compaixão ou atração. Em inglês, "love" pode estar associado ao verbo "lubere", também em latim, que significa "agradar", ou a "libere" (ainda mais próxima de "Liebe", em alemão), que significa "livre, aberto e francamente" – o que às vezes pode fazer sentido.
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Diferentes definições para o amor
Não há um conceito universal de amor. Um estudo recente indica que é mais comum para os chineses que para os americanos, associarem dor, ansiedade e medo ao amor – fenômeno que o psicólogo Artur Aaron associa à cultura de casamentos obrigatórios na China. Mas exames mostram que os padrões cerebrais de pessoas amadas são os mesmos em todo o mundo, o que sugere que a definição do amor é cultural.
Foto: picture-alliance/dpa
O amor é literalmente como um vício
Tomando por base reações cerebrais, cientistas afirmam que estar apaixonado é o mesmo que estar viciado. A bioantropóloga Helen Fisher explica que, em alguns casos de amor obsessivo, verificam-se os sintomas básicos de um vício, como mudar as próprias prioridades para satisfazer necessidades. Nesses casos, também podem ocorrer sintomas de abstinência, caso haja uma separação da pessoa amada.