Depois da nevasca, a paisagem idílica logo derrete. Todos têm, então, o dever de deixar as ruas e calçadas limpas para evitar acidentes e possibilitar que a rotina siga normalmente.
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A neve cai e pinta a paisagem de branco. É hora de sair para fazer bonecos de neve e deslizar com pequenos trenós de madeira. O encanto da neve é, no entanto, efêmero.
Assim que a nevasca passa e o frio diminui, o cenário bonito e de tirar o fôlego logo se dissolve. Os passos firmes na neve começam a ficar escorregadios, os flocos derretem, e as calçadas viram pura lama.
É hora de iniciar o trabalho pós-neve. Na Alemanha, cada morador tem, por lei, a responsabilidade de limpar a calçada em frente de casa. Caso alguém caia devido à neve escorregadia em frente à residência, o morador pode ser obrigado a pagar uma indenização. No caso de condomínios, os residentes podem se revezar na tarefa.
Para manter tudo limpo, um item essencial é a pá de neve (Schneeschaufel). Os montes de neve são descartados nos canteiros. Sal e granulado de lava são usados para fazer a neve derreter e não deixar o chão escorregadio.
A limpeza de ruas e estacionamentos é feita com um "arado de neve" (Schneepflug). O dispositivo na frente de caminhões ou tratores arrasta os montes de neve e deixa o caminho limpo para a passagem dos veículos.
Dependendo do volume de neve, os motoristas colocam uma proteção feita de correntes sobre as rodas para que o veículo siga firme na estrada. Uma pá pequena auxilia na limpeza dos vidros. Com o objeto, os motoristas raspam os para-brisas e demais vidros do carro cobertos de gelo.
Todo esse trabalho é feito em tempo recorde. O último floco de neve nem caiu, e todos já saem de casa para deixar o espaço público organizado. A paisagem idílica logo derrete, e o esforço conjunto ajuda a evitar transtornos.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos na área de sustentabilidade e é mestre em Direitos Humanos.
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A vida de um floco de neve
Não só as paisagens de inverno nevadas merecem ser admiradas, mas cada floco de neve em si. Conheça a trajetória e a diversidade dos cristais de neve, do céu ao solo – um espetáculo geométrico natural único.
Foto: CC-BY-NC-ChaoticMind75
Inverno no país das maravilhas
O delicado ranger sob os sapatos quando se faz o primeiro passeio na neve, a tranquilidade contemplativa que o esplendor branco irradia. Em dezembro, o mais tardar no Natal, todo europeu torce pela chegada da primeira neve. No entanto uma paisagem invernal não é só bonita à distância: vista bem de perto, a neve revela um universo à parte.
Foto: picture-alliance/dpa/Karl-Josef Hildenbrand
Beleza delicada
A neve, que nada mais é do que uma forma de precipitação meteorológica, compõe-se de inumeráveis cristais de gelo. As delicadas estruturas se formam nas camadas altas e frias da atmosfera, quando uma gotícula d'água congela, ou vapor se condensa em torno de um núcleo, por exemplo, partículas de poeira ou de ferrugem. A temperatura deve circular entre -4 e -20 graus centígrados.
Foto: CC-BY-NC-ChaoticMind75
No início são seis arestas
Sob essas condições, a viagem dos flocos de neve em direção ao solo pode começar. No início, as minúsculas estruturas medem 0,1 milímetro e sua forma básica é sempre um cristal de gelo em foma de placa com seis arestas. Isso se deve à estrutura cristalina hexagonal das moléculas de água.
Foto: CC-BY-NC-ChaoticMind75
Do cristal ao floco
Comumente os cristais contêm numerosas ramificações, denominadas dendritos. Lembrando estrelas, eles são considerados o típico cristal de neve. Quando uma grande quantidade deles se une, formam-se os flocos de neve.
Foto: CC-BY-NC-ChaoticMind75
Trajetória de uma hora
O cristal de gelo precisa de quase uma hora em seu trajeto da nuvem ao solo. Em temperaturas mais altas, acima de -5 graus centígrados, e alta umidade do ar, formam-se flocos maiores; em temperaturas mais baixas e ar seco, por exemplo nos polos, a neve.cai em forma de agulhas ou plaquinhas.
Foto: picture-alliance/dpa/Bernd März
Nem tão brancos assim
No entanto, a brancura das paisagens invernais não passa de uma ilusão. Pois a neve, composta de água incolor congelada, não é realmente branca. São os cristais de neve que lhe dão essa aparência: as diversas arestas, pontas e superfícies atuam como micro-espelhos, que refletem a luz branca do sol.
Foto: picture-alliance/dpa/David Ebener
Efeito purpurina
Por outro lado, a cintilação da neve recém-caída é bem real, e não uma ilusão. Como os flocos repousam levemente uns sobre os outros, as pontas e arestas dos cristais podem refletir a luz, como minúsculos espelhos.