Sistema de devolução de garrafas nos supermercados alemães funciona como caução: o consumidor recebe por cada recipiente. Troca é parte de uma estratégia adotada há décadas para incentivar reciclagem.
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Que os alemães amam cerveja é fato. Mas que costumam acumular caixas com garrafas em casa é algo que só entendemos quando vamos ao supermercado. Pessoas fazem filas para entregar garrafas de vidro e plástico na "Pfandautomat”. A máquina calcula o valor do recipiente e o devolve na forma de um ticket, que pode ser recebido em dinheiro no caixa ou descontado na compra.
Não foi à toa que uma funcionária da Deutsche Bahn – companhia ferroviária que opera os trens na Alemanha – me perguntou se eu iria deixar a garrafa de água para trás no restaurante de bordo. "Vale 25 centavos”, me alertou. Chequei, e o valor até aparecia na embalagem.
O esquema do "Pfand" (depósito, em alemão) funciona como um caução. Quando faz a compra, o consumidor paga um valor extra pela garrafa – entre 8 e 25 centavos de euro – e o resgata quando devolve o recipiente no supermercado. Essa quantia já está incluída no preço da mercadoria.
A estratégia é adotada pela Alemanha há cerca de três décadas para incentivar a reciclagem, reduzir danos ao meio ambiente e forçar os produtores de bebidas a manter a cota de 70% de vasilhames reutilizáveis estabelecida pela lei de embalagens alemã.
Depois que você deposita todas as garrafas, a máquina soma a quantia e gera um cupom que pode ser levado ao caixa para ser abatido no valor da compra. Mesmo sem comprar nada no supermercado, é possível apresentar o ticket e receber o valor em moedas.
Alemanha em 1 minuto: Cerveja – orgulho nacional
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Os vasilhames de cerveja são os mais "baratos” – valem 8 centavos. Os que têm tampa com fechamento "flip top" custam 15 centavos, assim como garrafas de água e refrigerantes. Garrafas recicláveis que são utilizadas apenas uma vez e latinhas de alumínio valem 25 centavos. Elas são derretidas e o material é reutilizado na produção de novos vasilhames. Já o tradicional casco das garrafas de vidro vale cerca de 3 euros.
Com algumas garrafas de vinho é possível recuperar entre 2 e 3 centavos. Mas em geral licores e bebidas destiladas, leite e suco de frutas não têm o "Pfand”. Além disso, a regra vale apenas para marcas nacionais.
As garrafas classificadas como "Merhweg” (as que são reutilizáveis) representam 50% das embalagens de bebidas na Alemanha. Os recipientes passam por um processo de limpeza antes de serem novamente enchidos e voltarem aos supermercados. Segundo o Departamento Federal do Meio Ambiente alemão (UBA), garrafas retornáveis de vidro podem ser reutilizadas até 50 vezes e as de plástico, até 20 vezes. Apenas as tampas são recicladas.
As garrafas "Mehrweg” são as que causam menos danos ao meio ambiente. Elas podem ser devolvidas em qualquer estabelecimento na Alemanha, mas o UBA recomenda que os consumidores comprem, de preferência, garrafas produzidas na região para reduzir o impacto ambiental do transporte dos vasilhames até o produtor original.
Praticamente todos os supermercados são obrigados a ter Pfandautomaten ou receberem as garrafas dos consumidores. Cada máquina custa entre 7 mil e 15 mil euros. Boa parte do plástico PET é vendido para a China, que usa o material para confeccionar fibras têxteis, estofados domésticos, lonas plásticas e brinquedos.
O "Pfand" é também uma forma de ganhar dinheiro extra ou até de sustento para quem vive na Alemanha. É comum ver estudantes em mutirões para recolher garrafas nas ruas e, com o dinheiro obtido no supermercado, garantir a festa do fim de semana. Ou idosos em situação vulnerável vasculhando cestos de lixo em busca das garrafas retornáveis. Voluntários costumam doar as garrafas para quem precisa.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.
Dez hábitos curiosos dos alemães
A Alemanha é associada a uma série de estereótipos. Mas o povo alemão não se resume a salsicha e cerveja. Conheça alguns costumes, do jantar frio à pressa no supermercado.
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Silêncio, hoje é domingo!
Você pode até pensar que domingo é o dia da semana perfeito para finalmente riscar algumas tarefas da sua lista, como passar aspirador ou pregar uma nova prateleira na parede. Mas na Alemanha, domingo é "Ruhetag", ou seja, dia de descanso. Isso significa que, além de as lojas ficarem fechadas, o martelo tem que ser posto de lado, pois os vizinhos podem reclamar do barulho.
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Feche a janela
Os alemães odeiam correntes de ar, que chamam de "Luftzug". Diz a sabedoria popular que o ar fresco que entra por uma janela pode te deixar doente. Médicos até dão atestados a seus pacientes por um torcicolo ou uma gripe ligados à corrente de ar. Então, lembre-se, mesmo no verão, todas as portas e janelas devem ficar fechadas.
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Não sopre a velinha antes da hora
Dizer "feliz aniversário" a um alemão antes do dia pode provocar olhares de recriminação ou até ofender. Para a maioria dos alemães, dar os parabéns antes da hora dá azar. Eles simplesmente não conseguem entender por que alguém comemoraria antes da data. Tudo bem celebrar a partir da meia-noite do aniversário, mas nunca antes disso.
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Cozinha na mudança
Para muitos estrangeiros em busca de um apartamento na Alemanha, pode surpreender o fato de a cozinha nem sempre vir junto com o imóvel. Quando os alemães se mudam, eles levam tudo consigo, deixando apenas os canos na parede para os próximos inquilinos. Fogão, geladeira, balcão, armários e às vezes até mesmo a pia são levados para a casa nova.
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Pressa no supermercado
Ir às compras na Alemanha exige agilidade. Ao passar pelo caixa, o funcionário do supermercado registra os produtos em alta velocidade. Como consumidor, então, é preciso correr contra o tempo para empacotar as coisas que vão se acumulando após o caixa, antes que caiam no chão. E não olhe para trás, pois aqueles que aguardam na fila vão olhar feio se você não for rápido o suficiente.
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Água precisa ter gás
Se você pedir água num restaurante, o garçom provavelmente irá trazer água com gás. Os alemães adoram o líquido com bolhinhas e o misturam com tudo – de suco de maçã a vinho. Toda bebida misturada com água com gás se torna um "Schorle". Um alemão nunca serviria água da torneira para um convidado, apesar de potável, pois isso seria deselegante. A água precisa ter gás ou pelo menos ser engarrafada.
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Sim e obrigado
Confuso, não? Eis um exemplo: quando lhe perguntarem em alemão se você gostaria de mais um pouco daquela deliciosa cerveja, se você disser "obrigado" ("danke"), isso será interpretado como "não, obrigado". Se você quiser mais, diga "por favor" ("bitte"), que nesse contexto significa "sim, por favor". Caso contrário você poderá ficar com sede.
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Almoço quente, jantar frio
Os alemães chamam o jantar de "Abendbrot", ou seja, "pão da noite". Isso porque eles preferem uma refeição quente e caseira no almoço e algo rápido e frio no jantar – como pão com queijo, presunto e vegetais. Quase todos os locais de trabalho, pequenos ou grandes, têm uma cantina para servir o apreciado almoço. Assim, ninguém fica sem a comida quente.
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Traduzir do inglês para o inglês
Uma coisa é dublar filmes do inglês para o alemão. Na Alemanha, todos os atores americanos têm até um dublador específico. Mas às vezes os nomes dos filmes em inglês também são traduzidos – não para alemão, mas para um inglês mais simples. Por exemplo, o filme "Bring it On" foi chamado de "Girls United" na Alemanha. "Maid em Manhattan" (foto) é "Manhattan Love Story". Por quê? Boa pergunta.
Foto: picture-alliance/dpa
Tire a roupa!
Acredita-se que a chamada "Freikörperkultur" (FKK), ou seja, a cultura do corpo livre ou naturismo, tenha surgido na Alemanha. Muitos alemães adoram tirar a roupa numa praia FKK e curtir o sol à la Adão e Eva. Não importa a idade, a aparência ou a companhia, em locais FKK e na sauna – mista ou não – é melhor ficar pelado. Ou você será visto como o estranho estrangeiro pudico.