Supermercados e lojas de roupas alemães cobram dos consumidores por sacolas de plástico ou papelão. Medida contribuiu para redução do consumo de 2 milhões de sacolas em um ano na Alemanha.
Anúncio
O caixa passa rapidamente as compras, enquanto o cliente corre para colocar tudo dentro... da mochila. Legumes, bebidas, banana, maçã e carne vão todos para dentro da bolsa, de caixas de papelão ou de grandes sacolas reaproveitáveis. As sacolinhas de plástico tradicionais são cada vez menos utilizadas na Alemanha.
O uso de sacolas de pano ou de papelão para carregar compras é um hábito da maior parte das pessoas que vive no país. É só trazer de casa ou adquirir uma no supermercado. Sacolas plásticas, que são grandes o suficiente para uma pequena compra, são vendidas por preços entre 0,05 e 0,20 centavos de euro, mas não em todos os supermercados - alguns já as aboliram. Sacolas de pano ou de materiais mais reforçados custam até 2 euros.
Os esforços para diminuir o uso de sacolas plásticas também se refletem em lojas de roupas e de departamentos. Se você não quiser pagar entre 10 e 20 centavos de euro por uma sacola, terá que levar a roupa nova dentro da bolsa. A cobrança pela sacola faz parte de um compromisso voluntário assumido pela Confederação do Comércio Varejista Alemão (HDE) em meados de 2016.
A mudança já é sentida. O consumo de sacolas plásticas caiu de 5,6 milhões, em 2015, para 3,6 milhões de unidades, em 2016. O principal fator para essa redução significativa é a meta estabelecida em 2015 pelo Parlamento Europeu para que os países-membros reduzam o consumo de 200 para 40 sacolas plásticas por habitante anualmente. Na Alemanha, o consumo médio anual é de 75 sacolas, segundo a organização Deutsche Umwelthilfe (DUH).
A medida não afeta o uso gratuito das tradicionais sacolinhas plásticos feitas a partir de polietileno para embalar legumes e verduras. Mas várias alternativas estão disponíveis. Para o descarte de lixo orgânico, por exemplo, há sacolas biodegradáveis, menos agressivas ao meio ambiente.
Apesar de terem fama de rígidos separadores de lixo e de promover a reciclagem, os alemães são os que mais produzem resíduos ao ano na Europa. Segundo a DHU, cada cidadão gere uma média de 213 quilos de resíduos de embalagens por ano na Alemanha, seguida de França (185 quilos), Áustria (150 quilos) e Suécia (109 quilos).
E se o consumo de sacolas plásticas diminuiu, a quantidade de resíduos de embalagens cresceu 13% na última década. Um alerta para contradições na proteção do meio ambiente.
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há quatro anos na Alemanha.
Sacolas não são todas iguais
Na hora das compras não é preciso usar sempre sacolas plásticas descartáveis. Existem várias alternativas reutilizáveis, como sacolas de algodão, de papel ou de poliéster.
Foto: DUH
Não só de plástico
Algumas bananas aqui, algumas maçãs acolá – durante as compras, as sacolas plásticas estão sempre por perto e logo ficam cheias. Em média, cada alemão usa 71 sacolas por ano. Mas há alternativas que agridem menos o meio ambiente do que as sacolas produzidas apenas com polietileno, o material mais comum.
Foto: Fotolia/pizzicati
A vilã
A sacola plástica comum é composta quase só de polietileno, que é produzido a partir do petróleo bruto. Esse tipo de sacola é tudo, menos boa para o meio ambiente. Ela precisa de 400 a 500 anos para se decompor. A Comissão Europeia considera isso tempo demais e exige uma lei só para regular o uso de sacolas plásticas.
Foto: Fotolia/rdnzl
Plástico de plantas
Na Europa, algumas sacolas são produzidas com 30% do plástico oriundo de matérias primas renováveis e 70%, de petróleo. Parece melhor, mas essas sacolas plásticas são de difícil reciclagem. O plástico delas também é menos resistente, o que leva ao uso de mais plástico do que nas sacolas comuns. Além disso, o cultivo de plantas para a produção de plástico tem um impacto ambiental negativo.
Foto: picture-alliance/ZB
Polietileno reciclado
Existem também as sacolas plásticas feitas com pelo menos 70% de polietileno obtido da reciclagem. Esse tipo é o melhor para o meio ambiente se forem consideradas apenas as sacolas plásticas descartáveis. Só que apenas uma pequena parte do polietileno usado em sacolas plásticas acaba sendo reciclado.
Foto: picture-alliance/dpa
Papel não é muito melhor
As sacolas de papel não são necessariamente melhores do que as de plástico. Elas são produzidas com fibras de celulose especialmente resistentes, que necessitam ser tratadas com produtos químicos. A situação melhora quando o papel tem origem na reciclagem.
Foto: picture-alliance/dpa
Desvantagens do algodão
Sacolas de algodão ou de linho são mais resistentes e podem assim ser usadas inúmeras vezes, o que é bom para o meio ambiente. Mas a sua produção consome muito mais material e energia do que a produção das de plástico. Além disso, elas são feitas a partir de plantas cujo cultivo requer uma grande quantidade de água e recursos naturais.
Foto: Fotolia/Robert Kneschke
Melhor do que a reputação
Ao contrário do que muita gente pensa, sacolas reutilizáveis feitas de polipropileno, poliéster ou politereftalato de etileno (PET) não são piores do que as feitas de pano. E, se for usada mais de três vezes, uma sacola de polipropileno já é mais benéfica ao meio ambiente do que as tradicionais sacolinhas de polietileno.
Foto: DUH
E a vencedora é...
Sacolas reutilizáveis feitas de poliéster são consideradas a melhor alternativa para quem se preocupa com o meio ambiente. Quando dobradas, elas são menores do que um maço de cigarros. Elas pesam cerca de 30 gramas, menos até do que muitas sacolinhas descartáveis. E, mesmo assim, carregam até 10 quilos.