Na Alemanha, é possível colher flores nos campos e montar um buquê para presentear ou enfeitar a casa. Sistema se baseia na confiança. Placas indicam valores de cada flor, e clientes devem colocar dinheiro numa latinha.
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O campo está repleto de lírios, girassóis e tulipas. Há uma placa com a indicação "Blumen zum selbst schneiden” (Flores para colher) em frente às fileiras coloridas, assim como ferramentas de jardim. Logo embaixo fica a caixa da confiança (Vertrauenskasse). É ali que você coloca as moedas para pagar por cada flor colhida. E ninguém faz o controle do valor depositado.
Campos de flores como esse, na Renânia do Norte-Vestfália, estão espalhados por toda a Alemanha. O self-service de flores é baseado na confiança. Você pode formar o seu buquê com quantas flores quiser e contribuir com o trabalho dos produtores.
A placa indica o preço de cada flor. Lírios e gladíolos custam 70 centavos de euro cada, e os girassóis e as dálias, 30 centavos de euro cada. É possível passar o dia todo nos campos colhendo quantas flores quiser. É só fazer o cálculo e colocar o valor na caixinha. Por isso, não se esqueça de levar moedas.
Os produtores só esperam que o cuidado e o trabalho seja recompensado. E confiam que os clientes vão valorizar o esforço e pagar pelas flores. Campos de maçãs, morangos, ameixas e cerejas têm um sistema parecido, mas com um controle maior. Geralmente há alguém para pesar as frutas e cobrar o valor correspondente.
Para colher flores, é recomendável levar uma tesoura de jardim, faca ou canivete, mas alguns produtores oferecem o instrumento gratuitamente. Os campos ficam geralmente na beira da estrada e geralmente permanecem abertos para colheita entre julho e outubro.
Além de ser um passeio para o fim de semana ou uma forma de encurtar a cadeia de consumo, colher nos campos garante flores frescas com cores mais vivas e que duram mais tempo que as compradas em supermercados e lojas.
As placas nos campos indicam o motivo principal para colher, pagar e confiar: "Nur bezahlte Blumen bringen Freu(n)de!" – "Apenas flores pagas trazem alegria (Freude) e amigos (Freunden)".
Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há quatro anos na Alemanha.
Os parques e jardins mais belos da Europa
Dos ostentativos parques renascentistas e barrocos até o "urban gardening", passando pela gentil arte da jardinagem inglesa: a paixão de configurar novas paisagens tem inúmeras facetas na Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Stache
Flores, chá e bolinhos à inglesa
A Inglaterra é uma nação fanática por jardins. Em Londres e outras cidades, também do País de Gales, a cada verão centenas de propriedades particulares abrem seus jardins à visitação, muitas vezes com acompanhamento de chá e bolinhos. A entrada de algumas libras esterlinas serve a uma boa causa, pois reverte para a manutenção dos espaços. Uma ideia que fez escola em outras partes da Europa.
Foto: picture-alliance/dpa/NGS
Cranbrook: Sissinghurst Castle
O Sissinghurst Castle, em Cranbrook, no condado de Kent, é um dos mais famosos jardins da Europa. A escritora Vita Sackville-West criou em 1930, junto com o marido, o espaço que até hoje dita estilo. Com elegância, seus dez diferentes ambientes combinam sensualidade e rigor formal. Entre os mais apreciados está o "Jardim Branco": Sackville queria poder vislumbrar suas flores também à noite.
Foto: picture-alliance/PhotoShot/M. Warren
Versalhes, o jardim do palácio
O Palácio de Versalhes, na França, é um dos maiores do continente. Seu jardim barroco serviu como modelo para muitos outros monarcas europeus. André Le Nôtre, o jardineiro de Luís 14, conta entre os paisagistas mais importantes de todos os tempos, e Versalhes foi sua obra-prima. As formas rigorosas simbolizam o triunfo da razão humana sobre a natureza selvagem: um monumento verde de poder.
Foto: picture-alliance/Imagno/J. Kräftner
Villandry, arte florida no Loire
Apelidada "Jardim da França", a área verde do palácio renascentista Villandry, no vale do Loire, é uma das mais visitadas do país. Foi criada em 1906, quando parques de aspecto natural ditavam moda. Mas o ídolo do proprietário era o mestre da linguagem das formas André le Nôtre: em três níveis distintos, canteiros de flores e de legumes compõem um mosaico geométrico em perfeita harmonia de cores.
Foto: picture-alliance/dpa/W. Thieme
Hannover: Jardins de Herrenhausen
Núcleo histórico dos Jardins de Herrenhausen, na Baixa Saxônia, o Grosse Garten é a única área verde barroca da Alemanha preservada no estado original. E só porque os reis de Hannover não ligavam para seus jardins: de 1714 a 1832, enquanto reinavam na Inglaterra, eles economizavam em casa. Assim, em vez dos jardins-paisagens naturais da moda, em Hannover tudo permaneceu como antigamente.
Roma: Villa d'Este
A Itália foi pioneira na instalação de jardins como cenário para mansões de luxo no campo. Os da Villa d'Este, em Roma, datam do século 16. Fontes ornamentais são elementos típicos dos jardins renascentistas, e neste caso a atração é a alameda das Cem Fontes. Desde 2001, esses jardins foram declarados pela Unesco Patrimônio Cultural da Humanidade.
Foto: picture-alliance/A. Rath
Potsdam: Sanssouci e outros
Um dos mais produtivos artistas da jardinagem no século 19 foi um paisagista que nunca teve seu jardim próprio: Peter Joseph Lenné, que de 1816 até sua morte, em 1866, serviu nos jardins da corte da Prússia. Seu estilo eram parques amplos, com bem engendrados eixos de visão. O parque do Palácio de Sanssouci, que ele ampliou e reprojetou, é hoje Patrimônio da Humanidade.
Foto: picture-alliance/dpa/B. Settnik
Dessau-Wörlitz, o reino verde
O príncipe Leopoldo Francisco de Anhalt-Dessau criou no século 18 um parque paisagístico no estilo de jardim inglês na margem do rio Elba. E, num gesto revolucionário, o abriu a todos os súditos. Integrando cursos d'água naturais e artificiais, pontos de perspectiva, ilhas, pontos de visão, esculturas e arquitetura, o resultado é uma obra de arte total, cuja sutil elegância fascina até hoje.
Foto: KsDW Bildarchiv/Heinz Fräßdorf
Giverny, jardim de Monet
Mais de meio milhão de turistas viajam anualmente até a Normandia, na França, para visitar este jardim. Responsável por tal popularidade foi o pintor impressionista Claude Monet, cuja casa de campo ficava em Giverny. A jardinagem era sua paixão, e ele comprava novas plantas sem parar, até transformar o local numa colorida selva. Um motivo pictórico célebre é o laguinho de nenúfares, ou ninfeias.
Foto: picture-alliance/Arco Images/J. Pfeiffer
Por toda parte: "urban gardening"
A jardinagem é hoje um hobby democrático, e por todo o planeta iniciativas paisagísticas adornam as metrópoles. Por exemplo: no aeroporto desativado de Tempelhof, em Berlim desenvolveu-se um projeto de "urban gardening", um jardim de canteiros elevados, criativamente montado com os materiais mais simples. Um oásis na cidade grande, sempre aberto aos visitantes.