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Alemanices: Viver sem catracas

Karina Gomes
19 de maio de 2017

Não há barreiras para acessar o transporte público na Alemanha, o que não significa que se possa andar sem bilhete. Fiscais aparecem de surpresa e multam quem não tiver passagem válida.

Trem na estação de Essen, no oeste da Alemanha
Plataforma na estação de trem de Essen, no oeste da AlemanhaFoto: dapd

Viver sem catracas é uma realidade na Alemanha. As plataformas são simplesmente uma extensão da calçada. Não há barreiras pra entrar no ônibus, bonde, trem ou metrô. A única regra é ter um bilhete válido para a viagem.

Tem quem se arrisque a usar o transporte público sem pagar. Schwarzfahren – termo para viajar sem passagem – pode custar muito caro. Assim como na Suíça e na Áustria, fiscais aparecem sem aviso para checar os passageiros.

Os bilhetes são comprados em máquinas automáticas ou em balcões de atendimento. Nos ônibus, também é possível comprar o bilhete diretamente com o motorista. Não há cobradores.

A jornalista Karina Gomes vive na Alemanha desde 2013Foto: privat

O mesmo vale para os trens regionais (Regio), trens rápidos (S-Bahn) e os de longa distância operados pela Deutsche Bahn (DB), empresa responsável pelo sistema de trens na Alemanha. Em viagens longas, funcionários passam regularmente pelos corredores perguntando aos passageiros quem acabou de embarcar para que o bilhete seja checado.

As cidades são geralmente divididas por zonas, e o preço dos bilhetes varia. Alguns tipos de passagens precisam ser carimbados em máquinas espalhadas nas estações e dentro dos meios de transporte. Se o passageiro não o fizer, pode ter problemas. A maioria dos passageiros possui cartões mensais ou anuais, que também são checados.

Os fiscais podem vir em caravana e entrar simultaneamente em todas as partes dos vagões para evitar que alguém escape do controle. Ou ainda checar o bilhete de quem está deixando o metrô, bonde ou ônibus naquela estação.

Alemanha em 1 minuto: Vida sem catracas

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Os fiscais são uniformizados, mas também podem ficar à paisana, como um passageiro comum. De repente, apresentam a identificação e pedem o bilhete. Na ausência dele, as multas variam e podem chegar a 60 euros. Os controladores pedem documentos, recolhem os dados e dão um boleto para quitar a multa. Se o passageiro tiver o dinheiro na hora, o pagamento é feito ali mesmo.

O transporte público alemão tem outras peculiaridades, dependendo da cidade. Em geral, não é permitido comer dentro do ônibus. Se você o fizer, o motorista pode dar uma advertência e exigir que você deixe o veículo. É possível transportar bicicletas, mas se alguém quiser entrar com um carrinho de bebê, tem prioridade, e o ciclista precisa desembarcar imediatamente.

Durante a noite, em geral depois das 21h, a entrada no ônibus é permitida apenas pela porta dianteira, e é preciso mostrar o bilhete ao motorista do ônibus.

Viver sem catracas na Alemanha não significa transporte gratuito. O controle é aleatório e esporádico, porque existe um entendimento de que é preciso contribuir para o sistema funcionar.

A pontualidade é obviamente uma marca do transporte da Alemanha, mas atrasos também acontecem com frequência. Os usuários são informados por painéis eletrônicos. Mas se o transporte público segue o itinerário é como diz a placa: não às 11h10, mas às 11h08. Um minuto de atraso pode atrapalhar toda a viagem.

Na coluna Alemanices, publicada às sextas-feiras, Karina Gomes escreve crônicas sobre os hábitos alemães, com os quais ainda tenta se acostumar. A repórter da DW Brasil e DW África tem prêmios jornalísticos em direitos humanos e sustentabilidade e vive há três anos na Alemanha.

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