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Alexandre de Moraes é hostilizado na Itália

15 de julho de 2023

Grupo de brasileiros dirigiu ofensas contra Moraes e agrediu filho do ministro do STF no aeroporto de Roma. PF abre inquérito. "Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos?", diz Flávio Dino.

Alexandre de Moraes
Alexandre de Moraes já havia sido alvo de bolsonaristas em Nova York em 2022Foto: Adriano Machado/REUTERS

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e familiares foram hostilizados na sexta-feira (14/07) por um grupo de brasileiros no aeroporto internacional de Roma, na Itália. A Polícia Federal (PF) foi acionada e abriu um inquérito para apurar o caso, que ocorreu por volta de 18h45 no horário local (13h45 em Brasília). Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, um filho do ministro foi agredido por um dos brasileiros.

De acordo com o jornal, o grupo, formado por três pessoas, dirigiu a Moraes ofensas como "bandido", "comunista" e "comprado" - xingamentos normalmente usados por apoiadores de Jair Bolsonaro, que nos últimos anos dirigiu vários ataques ao ministro, que também preside o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), corte que no mês passado tornou o ex-presidente da República inelegível.

Moraes estava acompanhado da família e voltava ao Brasil após conceder uma palestra na Universidade de Siena. Segundo o jornal, que confirmou as informações do caso com o Ministério da Justiça, as ofensas partiram inicialmente de uma mulher identificada como Andreia.

Na sequência, um homem chamado Roberto Mantovani Filho, um empresário do interior de São Paulo, agrediu fisicamente o filho do ministro. Segundo o G1, Mantovani Filho acertou um golpe no rosto do filho de Moraes. Com o impacto, os óculos do filho do ministro cairam no chão.

Uma terceira pessoa, identificada como Alex Zanatta, se juntou aos dois agressores gritando novos xingamentos.

O ministro não estava acompanhado de escolta policial no momento das agressões.

Segundo o jornal O Globo, o grupo de agressores desembarcou na manhã deste sábado no aeroporto internacional de Guarulhos e foi identificado e abordado pela Polícia Federal. Moraes e os agressores pegaram voos diferentes - o trio embarcou para o Brasil. Já o ministro e sua família seguiram para outro destino na Europa.

Os agressores responderão em liberdade a um inquérito policial por suspeita de agressão, ameaça, injúria e difamação

Reações

No Twitter, o ministro da Justiça, Flávio Dino, classificou as ações dos brasileiros contra Moraes como crimes.

"Até quando essa gente extremista vai agredir agentes públicos, em locais públicos, mesmo quando acompanhados de suas famílias? Comportamento criminoso de quem acha que pode fazer qualquer coisa por ter dinheiro no bolso. Querem ser 'elite' mas não têm a educação mais elementar", escreveu Dino.

O ministro-chefe da Advocacia-Geral da União, Jorge Messias, também comentou o caso. "Minha total solidariedade ao ministro Alexandre de Moraes. Ataques dessa natureza são inconcebíveis na democracia. Herança de um tempo em que o Brasil adoeceu. Que os autores dessa barbárie sejam rapidamente submetidos à justiça para que eventos como esse jamais se repitam!", escreveu no Twitter.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), também condenou as agressões. 

"Atos de hostilidade como os que sofreram o ministro Alexandre de Moraes e sua família, ontem, são inaceitáveis. A eles, minha solidariedade. Mais do que criminoso e aviltante às pessoas, às instituições e à democracia, esse tipo de comportamento mina o caminho que se visa construir de um país de progresso, civilizado e pacífico. Todos os lados precisam colaborar para que o antagonismo fique no campo das ideias e das ações legítimas. Se a Nação, ainda dividida, não é capaz de substituir o ódio pelo amor, que o faça ao menos pelo respeito."

Outras agressões

Essa não é a primeira vez que um ministro do STF é hostilizado por brasileiros no exterior. Em novembro, os ministros Alexandre de Moraes, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso foram hostilizados por bolsonaristas quando deixavam um hotel em Nova York, para participar do Lide Brazil Conference, evento organizado pelo Grupo de Líderes Empresariais.

As agressões foram orquestradas de antemão, quando dias antes o endereço do hotel foi compartilhado em grupos bolsonaristas. Em resposta a um manifestante, Barroso disse na ocasião: "Perdeu, mané. Não amola".

Em 3 de janeiro, o ministro Barroso voltou a ser hostilizado por manifestantes bolsonaristas no aeroporto de Miami, nos EUA. Na ocasião, o ministro Flávio Dino também condenou o episódio e chamou os manifestantes de "extremistas". Barroso retornava para o Brasil quando foi alvo de xingamentos de bolsonaristas no salão de embarque do aeroporto.

jps (ots)

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