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Alexei Navalny é sentenciado a três anos e meio de prisão

2 de fevereiro de 2021

Opositor de Putin foi acusado de violar termos de condicional em sentença imposta em 2014. Ativista está detido desde janeiro, após se recuperar de envenenamento.

Russland Alexej Nawalny vor Gericht in Moskau
Navalny foi preso novamente em 17 de janeiro, ao desembarcar em MoscouFoto: Press service of Moscow City Court/Reuters

Um tribunal da Rússia sentenciou nesta terça-feira (02/02) o ativista russo Alexei Navalny, um dos principais opositores do presidente Vladimir Putin, a três anos e meio de prisão.

A Justiça alegou que o ativista violou as condições de sua liberdade condicional relacionada a uma sentença proferida em 2014, ao não se apresentar regularmente para as autoridades penitenciárias. A sentença original envolve um suposto caso de fraude, num processo que foi considerado politicamente motivado e declarado ilícito pelo Tribunal Europeu de Direitos Humanos.

"Durante a supervisão, Navalny não compareceu para registro no escritório do inspetor penitenciário em sete ocasiões", disse o representante do serviço penitenciário, durante a audiência realizada no tribunal de Moscou, presidido pela juíza Natalia Repnikova. O serviço argumentou que Navalny já vinha faltando às apresentações antes mesmo de seu envenenamento.

Rússia detém milhares em protestos de apoio a Navalny

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O político e ativista anticorrupção, de 44 anos, também foi acusado de ter violado a "ordem pública mais de 50 vezes, o que representa desrespeitos às condições da liberdade condicional". Como ele já cumpriu 12 meses da sentença original de três anos e meio de 2014, Navalny arrisca agora passar os próximos dois anos e meio na prisão.

O ativista foi preso novamente em 17 de janeiro, ao desembarcar em Moscou. Ele retornava a seu país natal pela primeira vez desde que foi envenenado na Sibéria em agosto de 2020.

O opositor russo vinha da Alemanha, onde passou os últimos cinco meses se recuperando do ataque com um agente neurotóxico que ele atribui ao governo russo. O Kremlin, por sua vez, nega qualquer participação no envenenamento.

Apesar de ter sido advertido pelas autoridades russas de que seria detido ao desembarcar, Navalny decidiu voltar a seu país por conta própria, não estando sob qualquer pressão aparente para deixar o território alemão.

Protestos têm milhares de detidos

A nova prisão de Navalny foi o estopim para novos protestos contra o Kremlin nos últimos dias. Milhares de pessoas saíram às ruas em dezenas de cidades para exigir a libertação do ativista e demonstrar insatisfação com o governo autoritário de Putin.

A reação das autoridades foi feroz, e mais de 4 mil pessoas foram detidas. Imagens mostraram policiais espancando manifestantes.

O envenenamento do oposicionista russo e seu posterior tratamento na Alemanha têm sido objetos de atrito entre a Rússia e a União Europeia. No fim de 2020, a UE impôs proibições de ingresso e congelou as contas bancárias de diversas autoridades russas, entre as quais o diretor do FSB (órgão de inteligência que sucedeu a KGB), Alexander Bortnikov.

Reações

Após a leitura da sentença,  Navalny convocou novas manifestações no arredores do Kremlin, o que fez com que as autoridades locais montassem um forte esquema de segurança.

"Vamos nos concentrar agora no centro de Moscou. Esperamos vocês na Praça do Manege. Venha!", escreveu a equipe do ativista, em canal que é mantido no aplicativo de mensagens Telegram. O ponto citado por Navalny está diante dos muros do Kremlin, próximo também à Duma, a Câmara dos Deputados do país, assim como da Praça Vermelha.

A imprensa russa veiculou que a Guarda Nacional mobilizou cerca de 400 agentes, enquanto a polícia bloqueou acessos à Praça Vermelha e também à prisão onde o líder oposicionista está encarcerado.

A sentença também gerou reações internacionais. O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, exigiu a libertação imediata de Navalny. "A condenação de Navalny contraria os compromissos internacionais da Rússia em matéria de Estado de direito e de liberdades fundamentais. Exijo a sua libertação imediata", declarou em mensagem na sua conta no Twitter. Os governos dos Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e França também pediram a "libertação imediata" do opositor. 

jps (Efe, DW, ots)

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