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Navalny conclama russos a protestos diários contra a guerra

2 de março de 2022

Tachando Putin de "czar insano", ativista russo insta compatriotas em todo o mundo a se manifestarem diariamente contra a invasão da Ucrânia. Ofensiva militar busca também desviar atenções de problemas internos, afirma.

Oposicionista russo Alexei Navalny diante de painel com logos em cirílico
Oposicionista russo Alexei Navalny em 2019Foto: Sefa Karacan/AA/picture alliance

A partir do cárcere, o líder oposicionista russo Alexei Navalny exortou os russos a protestarem contra a guerra na Ucrânia, sem medo de irem parar na prisão. "Estou conclamando todo mundo a ir para as ruas e lutar pela paz", escreveu no Facebook nesta quarta-feira (02/03).

O apelo chega no sétimo dia da ofensiva militar do governo de Vladimir Putin contra o país vizinho, em que se registra um número crescente de civis mortos em decorrência das táticas russas cada vez mais indiscriminadas.

"Se, para impedir a guerra, nós precisarmos encher as prisões e as viaturas da polícia, vamos encher as prisões e as viaturas da polícia", prosseguiu Navalny em sua postagem. "Nós, a Rússia, queremos ser uma nação de paz. Infelizmente, poucos nos chamariam assim agora. Mas pelo menos não vamos nos tornar uma nação de silêncio assustado, covardes que fingem não notar a guerra de agressão desencadeada por nosso czar, obviamente insano."

Estas imagens não têm nada a ver com a Ucrânia

03:21

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O ativista de 45 anos instou o povo tanto da Rússia quanto de Belarus – que permitiu passagem de fronteira para as tropas de Moscou atacarem a Ucrânia – a se manifestar nas principais praças das cidade às 19h00 todos os dias da semana e às 14h00 nos fins de semana e feriados: "Não podemos esperar mais um dia, onde quer que esteja, na Rússia, em Belarus ou do outro lado do planeta."

Quase 7 mil manifestantes russos presos

Segundo o observatório independente de direitos humanos OVD-Info, dos milhares de cidadãos que protestaram contra a invasão da Ucrânia, mais de 6.800 já foram presos.

Embora o direito de reunião esteja nominalmente garantido pela Constituição da Rússia, as manifestações têm que ser aprovadas pelas autoridades, desde a introdução de uma controvertida lei em 2014 – mesmo ano em que Moscou anexou a Crimeia.

"Putin não é a Rússia", afirmou Navalny na rede social. "E se há algo na Rússia de que nos podemos orgulhar, no momento, é desses 6.835 indivíduos que foram detidos porque – sem nenhuma convocação – tomaram as ruas com cartazes dizendo 'Chega de guerra'."

Atualmente cumprindo dois anos e meio de prisão por acusações de fraude, Alexei Navalny liderou os maiores protestos contra Putin e em 2020 sobreviveu a um atentado com o gás dos nervos soviético Novichok, tendo sido tratado na Alemanha.

"Guerra para distrair de problemas internos"

Putin iniciou a invasão do país vizinho em 24 de fevereiro, pouco após reconhecer as autoproclamadas "repúblicas populares" separatistas pró-russas no leste da Ucrânia, em meio a uma onda de repressão à oposição na Rússia.

Num vídeo divulgado no fim de fevereiro, Navalny afirmava que a guerra "foi desencadeada para acobertar o roubo contra cidadãos russos e desviar sua atenção de problemas existentes dentro do país".

Depois de sua prisão, em janeiro de 2021, muitos de seus aliados mais próximos escaparam do país, tendo sido acusados de numerosos crimes. A Fundação para Combater a Corrupção, criada por ele, foi proibida como "extremista", assim como uma rede de quase 40 escritórios regionais. Ele próprio e alguns de seus associados são cadastrados como "terroristas".

Diversas acusações criminais foram lançadas contra Navalny, individualmente, sugerindo que o Kremlin pretende mantê-lo atrás de grades o maior tempo possível. Atualmente paira sobre ele a ameaça de uma pena de até 15 anos de cárcere, por fraude e desacato a um magistrado. Instâncias internacionais condenam sua prisão como politicamente motivada.

av (AFP,AP,Reuters,DPA)

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