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Aliado de Putin renuncia e rompe com o Kremlin

23 de março de 2022

Economista Anatoly Chubais, arquiteto das reformas econômicas pós-soviéticas da Rússia, é o primeiro político de alta posição a deixar o governo russo devido à guerra na Ucrânia.

Foto de Chubais, sentado sério, em um ambiente que parece uma sala.
Chubais teria viajado para a Turquia após romper com o KremlinFoto: Mikhail Japaridze/TASS/dpa/picture alliance

Anatoly Chubais, o arquiteto das reformas econômicas pós-soviéticas da Rússia, rompeu com o Kremlin e deixou o país, informou nesta quarta-feira (23/03) a agência de notícias Reuters. Trata-se da primeira autoridade de mais alta posição a deixar o governo russo em razão do conflito na Ucrânia.

Uma fonte próxima a Chubais disse à agência de notícias estatal TASS que o homem de 66 anos, que por vezes criticou as ações do presidente russo, Vladimir Putin, deixou o país – informação que não foi confirmada pelo Kremlin.

"Chubais renunciou de acordo com seu próprio desejo. Mas se ele saiu ou não [do país], isso é assunto pessoal dele", disse o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, à agência de notícias estatal RIA Novosti. Peskov não explicou os motivos da renúncia de Chubais, e o político não fez uma declaração pública.

Chubais é economista e atuou como chefe de gabinete do ex-presidente Boris Yeltsin, o primeiro a governar a Rússia após a dissolução da União Soviética.

Ele supervisionou as reformas liberais de livre mercado na década de 1990, após a queda da União Soviética, incluindo uma iniciativa de privatização, motivo pelo qual permaneceu altamente impopular na Rússia.

Muitos russos o culpam por permitir que um pequeno grupo de magnatas, chamados de oligarcas, enriquecesse às custas das privatizações, enquanto milhões de russos padeciam na pobreza, em meio ao colapso e à crise econômica. Ao contrário de alguns outros liberais, Chubais continuou trabalhando para o governo durante a era Putin.

Cargos de prestígio

Chubais liderou um monopólio estatal de energia e, depois, foi presidente do Rusnano, grupo estabelecido pela Rússia para desenvolver a nanotecnologia. Em dezembro de 2020, foi nomeado enviado especial da presidência para organizações internacionais, trabalhando no desenvolvimento sustentável.

Nos últimos anos, continuou a pedir reformas econômicas e foi um dos liberais mais destacados associados ao governo russo. Em 2010, alertou que a ascensão do fascismo era a maior ameaça da Rússia e poderia destruir o país.

Chubais em 2015, quando estava à frente da RusnanoFoto: AFP/Getty Images/D. Serebryakov

Postagens no Facebook 

Recentemente, Chubais postou no Facebook uma foto do político de oposição Boris Nemtsov, assassinado do lado de fora dos muros do Kremlin em 2015.

Em 19 de março, postou uma imagem de Yegor Gaidar, um colega reformista liberal que morreu em 2009. "Eu não concordei com ele em nossos argumentos sobre o futuro da Rússia. Mas parece que Gaidar entendeu melhor os riscos estratégicos do que eu – e eu estava errado", escreveu na postagem.

Chubais é casado com a apresentadora de televisão e cineasta Avdotya Smirnova. A agência de notícias RBK informou, citando fontes ligadas a Chubais, que o casal viajou para Istambul.

Sinal positivo

Um interlocutor ocidental disse à Reuters que a renúncia de Chubais devido à invasão russa da Ucrânia é encorajadora, mas é improvável que abale Putin.

Para ele, foi um ato significativo, mas acrescentou que Chubais estava "relativamente no topo da lista" de pessoas que poderiam dar esse passo.

"Acho encorajador que existam membros seniores da classe política russa fazendo essas coisas, mas não me leva a concluir que isso esteja de alguma forma minando a segurança de Putin e seu regime, devido à mão de ferro com que ele mantém aqueles que estão no centro de seu poder", disse o funcionário, sob condição de anonimato.

le (Reuters, AFP)