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Aliado de Trump é preso em investigação sobre campanha

25 de janeiro de 2019

Ex-assessor de campanha Roger Stone é acusado de obstruir investigações sobre suposta interferência de Moscou nas eleições de 2016 e de envolvimento no vazamento de e-mails do Partido Democrata.

Roger Stone
Roger Stone é alvo de sete acusações, incluindo falso testemunho e obstrução de JustiçaFoto: picture-alliance/Zuma/D. Christian

Roger Stone, um aliado e conselheiro de longa data do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, foi preso nesta sexta-feira (25/01) após ser indiciado sob sete acusações, decorrentes da investigação conduzida pelo procurador especial Robert Mueller sobre uma suposta ingerência russa na campanha republicana à presidência em 2016.

As acusações que pesam sobre Stone, que atuou como assessor da campanha de Trump, são de obstrução de um processo oficial, manipulação de testemunhas e outras cinco de falso testemunho.

Segundo o escritório de Mueller, tais ações de Stone tinham como objetivo impedir as investigações do procurador especial e estão relacionadas a um ataque cibernético contra o Comitê Nacional do Partido Democrata, com o objetivo de prejudicar a campanha da adversária de Trump, Hillary Clinton.

Stone, de 66 anos, compareceu a um tribunal em Fort Lauderdale, onde foi preso, nesta sexta-feira, informou a equipe de Mueller. Procuradores afirmam que o aliado de Trump "enviou e recebeu inúmeros e-mails e mensagens de texto durante a campanha de 2016, nos quais discutiu sobre a Organização 1, seu líder e a posse de e-mails hackeados".

O documento encaminhado por Mueller à corte não especifica qual seria a Organização 1, mas a descrição nos autos do processo traz muitas semelhanças com a plataforma Wikileaks, que costuma tornar públicos documentos secretos e informações confidenciais fornecidas por fontes anônimas. Segundo procuradores, Stone ainda possuía vários desses documentos quando mentiu à Justiça sobre os mesmos.

O indiciamento não acusa Stone de conspirar junto ao Wikileaks, mas revela detalhes sobre conversas dele sobre e-mails roubados do Partido Democrata, divulgados pela plataforma semanas antes das eleições. A equipe de Mueller afirma que os e-mails, que pertenciam ao chefe da campanha democrata, John Podesta, haviam sido hackeados por agentes da inteligência russa.

O documento afirma que a campanha de Trump entrou em contato com Stone após o vazamento dos e-mails no Wikileaks. Um membro da campanha republicana, cujo nome não foi revelado, teria perguntado a Stone sobre novos vazamentos e sobre "quais outras informações prejudiciais" à Hillary a plataforma ainda possuiria.

Trump se declarou em várias ocasiões contrário às investigações de Mueller, qualificando-as como uma "caça às bruxas". Stone também criticou publicamente a atuação do procurador especial em diversas ocasiões, ecoando as declarações de Trump.

Stone chamou a atenção dos investigadores após uma postagem no Twitter em que, aparentemente, sugeria ter conhecimento prévio de que os e-mails roubados de Podesta seriam divulgados.

O aliado de Trump deixou a prisão nesta mesma sexta-feira ao pagar uma fiança de 250 mil dólares, estipulada pela juíza Lurana S. Snow.  À magistrada, Stone disse não ter passaporte, e Snow determinou que ele fosse solto sob fiança. Foi estipulado ainda que Stone só poderá viajar para audiências judiciais em Washington e Nova York.

Ao deixar o tribunal, Stone afirmou que as acusações que levaram à sua prisão são falsas e garantiu que não testemunhará contra Trump. "Vou dizer que sou inocente", ressaltou, em meio a gritos e vaias de manifestantes que pediam que ele fosse mantido preso.

O ex-conselheiro destacou que é um dos "mais velhos amigos" de Trump e disse que o presidente faz um "grande trabalho". Stone criticou ainda a operação montada pelo FBI para prendê-lo. Segundo ele, não havia a necessidade de enviar agentes das forças especiais para sua casa. "Bastava um telefonema."

Stone foi um dos primeiros integrantes da campanha presidencial de Trump em 2015, mas deixou a equipe poucos meses depois devido a uma disputa pública com o republicano. No entanto, segundo o The New York Times, os dois permaneceram próximos, se falando frequentemente pelo telefone.

Após o indiciamento e prisão de Stone nesta sexta-feira, a porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, afirmou à emissora CNN que as acusações contra o ex-assessor não têm nada a ver com o presidente ou com o governo.

RC/CN/rtr/ap/dpa/efe

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