Aliados dos EUA confiam mais em Putin que em Trump
17 de agosto de 2017
Pesquisa mostra que população de países tradicionalmente alinhados a Washington tem mais confiança no presidente russo do que no americano em temas de relações internacionais.
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Em questões que envolvem relações internacionais, a população de vários países considerados aliados dos Estados Unidos deposita mais confiança no presidente russo, Vladimir Putin, do que no americano, Donald Trump.
Essa é a conclusão de uma pesquisa do Pew Reserach Center divulgada nesta quarta-feira (16/08). O objetivo da sondagem foi medir as percepções da Rússia e de seu presidente pelo mundo.
Apenas um em cada quatro entrevistados em 37 países tem confiança no presidente russo para fazer o que é certo quando se trata de assuntos internacionais. Os entrevistados na Europa foram os mais críticos, com cerca de 78% expressando falta de confiança.
"Embora a confiança em Putin no tratamento de assuntos externos seja geralmente baixa, em muitos países ele é mais confiável do que o presidente americano, Donald Trump", diz o estudo.
Cidadãos de países aliados dos EUA, como Japão e Coreia do Sul, além de entrevistados de outros sete membros da Otan (Grécia, Alemanha, Turquia, Hungria, França, Itália e Espanha), que historicamente confiam nos EUA para apoio militar e de defesa, expressaram maior confiança no presidente russo.
A disparidade a favor de Putin sobre Trump foi mais marcante na Grécia e na Alemanha, onde o líder russo superou o americano em 31 e 14 pontos, respectivamente. Na Alemanha, um quarto dos entrevistados disse ter confiança em Putin, enquanto apenas 11% disseram o mesmo de Trump.
Segundo a pesquisa, Trump pontuou melhor apenas no Reino Unido, Canadá, Holanda e Polônia. Ele também foi a opção mais favorável para outros aliados fora da Otan, como Austrália e Filipinas, bem como em Israel, onde ele superou Putin por 29 pontos.
No Brasil, a diferença foi de cinco pontos percentuais, com 19% dizendo confiar em Putin, e 14% em Trump.
Gênero e ideologia
Em vários países, foi observada uma diferença de percepção de acordo com o gênero dos entrevistados. Em 10 dos 37 países pesquisados, por exemplo, homens expressam mais confiança em Putin do que as mulheres.
A ideologia política também pareceu estar ligada às avaliações de Putin. Em 11 dos 21 países em que os entrevistados foram questionados sobre ideologia, aqueles que se colocam à direita do espectro político confiam mais em Putin, como no caso da Itália: 39% dos autodenominados direitistas veem Putin favoravelmente, em comparação com 24% da esquerda.
Na Venezuela, a tendência é oposta: aqueles à esquerda do espectro político são 28 pontos percentuais mais propensos a apoiar Putin no cenário internacional. Há uma diferença de 11 pontos na mesma direção em Israel.
Nos Estados Unidos, existe uma divisão partidária com relação a Putin. Atualmente, apenas 13% dos democratas expressam confiança no líder russo, em comparação com cerca de um terço (34%) dos republicanos. Em 2015, essa diferença era quase inexistente: 20% dos que se declaravam democratas tinham confiança no líder russo, em comparação com 17% dos republicanos.
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Nove livros para a era Trump
O novo presidente americano não lê muito. Mas, desde que ele chegou ao poder, livros sobre regimes totalitários voltam à lista de best-sellers. Conheça algumas obras que podem ajudar a entender seu estilo de governar.
Foto: Getty Images/S. Platt
"1984"
Em "1984", George Orwell mostra ao leitor o que é viver num Estado totalitário, onde a vigilância é onipresente, e a opinião pública é manipulada pela propaganda. Desde a eleição de Donald Trump, o romance distópico voltou à lista dos mais vendidos. Mas outros clássicos, que descrevem cenários semelhantes, também se encontram cada vez mais sobre as mesas de cabeceira.
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"As origens do totalitarismo"
O ensaio de Hannah Arendt "As origens do totalitarismo" chamou bastante atenção após a sua publicação em 1951. Arendt, que havia fugido da Alemanha nazista, foi uma das primeiras teóricas a analisar a ascensão de regimes totalitários. Há poucas semanas, o livro apareceu por um curto período como esgotado no site de compras Amazon.
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"Admirável mundo novo"
O romance distópico de Aldous Huxley "Admirável mundo novo" ainda é leitura obrigatória para escolares e universitários. O livro do escritor britânico, publicado em 1932, descreve a "Gleichschaltung" (uniformização) de uma sociedade por meio da manipulação e condicionamento.
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"O conto da aia"
A distopia feminista de Margaret Atwood também voltou à lista dos best-sellers. O romance publicado em 1985 se passa nos Estados Unidos do futuro, onde as mulheres são reprimidas e privadas de seus direitos por uma teocracia totalitária no poder. Por medo de cenários semelhantes, muitas mulheres se posicionam hoje contra Trump, que continua a provocar discussões com comentários sexistas.
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"O homem do castelo alto"
Em 1962, Philip K. Dick descreveu em seu romance "O homem do castelo alto" como seria a vida nos Estados Unidos sob a ditadura de vitoriosos nazistas e japoneses após a Segunda Guerra. Em 2015 foi transmitida uma série de TV baseada vagamente no livro do escritor americano. Os cartazes de propaganda do seriado no metrô de Nova York (foto) foram motivo de controvérsia devido à sua simbologia.
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"The United States of Fear"
O livro não ficcional de Tom Engelhardt ainda não publicado no Brasil "The United States of Fear" ("Os Estados Unidos do medo", em tradução livre) foi lançado em 2011. A obra analisa como o fator "medo" favorece investimentos maciços do governo americano nas Forças Armadas, em guerras e na segurança nacional – levando o país, segundo a tese do autor, à beira do abismo.
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"Things That Can and Cannot Be Said"
"Things that can and cannot be said" ("As coisas que podem e não podem ser ditas", em tradução livre) é uma coletânea de ensaios e conversas, na qual a autora Arundhati Roy e o ator e roteirista John Cusack refletem sobre o seu encontro com o whistleblower Edward Snowden, em 2014, em Moscou. O livro aborda principalmente a vigilância em massa e o poder estatal.
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"O poder dos sem-poder"
Em seu texto "O poder dos sem-poder" (1978), o escritor e posterior presidente tcheco Vaclav Havel analisa os possíveis métodos de resistência contra regimes totalitários. Ele próprio passou diversos anos na prisão como crítico do governo comunista. Seu ensaio se tornou um manifesto para muitos opositores no bloco soviético.
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"Mente cativa"
Em 1970, o autor polonês e posterior Nobel de Literatura Czeslaw Milosz se tornou cidadão americano. Sua não ficção "Mente cativa" (1953) fala sobre suas vivências como escritor crítico do governo no bloco soviético. Trata-se de um ajuste de contas intelectual com o stalinismo, mas também com a – em sua opinião – enfraquecida sociedade de consumo ocidental.