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PolíticaIêmen

Aliança saudita nega autoria de ataque que matou 80 no Iêmen

22 de janeiro de 2022

Coalizão militar rejeita envolvimento no bombardeio contra um centro de detenção no norte do país, reduto de rebeldes houthis. Ação é criticada pela ONU e por organizações humanitárias.

Visão aérea de prédio destruído por bombardeio
Organização Médicos Sem Fronteiras disse que cerca de 200 pessoas ficaram feridas no ataqueFoto: Ansarullah media center/AFP

A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita negou neste sábado (22/01) envolvimento no bombardeio no dia anterior que deixou mais de 80 mortos e cerca de 200 feridos num centro de detenção na cidade de Saada, no norte do Iêmen, reduto de rebeldes houthis.

"Estas reivindicações da milícia (houthi) são infundadas", disse o porta-voz da aliança Turki al-Malki, num comunicado divulgado pela agência de notícias oficial saudita SPA.

De acordo com a declaração, a coalizão conduziu uma "revisão abrangente após a ação [do bombardeio], em conformidade com o mecanismo interno do Comando Conjunto das Forças da Coalizão, e estas reivindicações provaram ser infundadas".

A organização não governamental Médicos Sem Fronteiras disse que cerca de 200 pessoas ficaram feridas no ataque.

Desde 2015, a aliança militar apoia o governo iemenita em sua guerra contra os rebeldes houthis, apoiados pelo Irã, grande rival regional da Arábia Saudita.

Crítica da ONU, preocupação dos EUA

Acusando os rebeldes de promover "confusão e desinformação", o comunicado da coalizão aponta que "o alvo em questão não foi incluído na lista de não bombardeios" acordado com o escritório de coordenação de assuntos humanitários da ONU no Iêmen.

A ação militar recebeu forte condenação de organizações humanitárias e do secretário-geral da ONU, António Guterres, que lembrou nesta sexta-feira que as normas internacionais proíbem ataques a alvos civis e pediu "investigações rápidas, eficazes e transparentes" para que sejam encontrados os responsáveis.

A coalizão liderada por Riad também lançou outro ataque, desta vez reconhecido, contra uma instalação de comunicação na cidade de Hodeida, matando pelo menos três crianças, segundo a ONG Save the Children.

Nesta sexta-feira, o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, criticou a "escalada" do conflito no Iêmen. "A escalada dos combates só exacerba a grave crise humanitária e o sofrimento do povo iemenita", afirmou o americano através de nota, apelando por uma "solução diplomática pacífica" e acrescentando que a situação no país é motivo de "grande preocupação para os EUA".

A guerra entre o governo iemenita internacionalmente reconhecido e os rebeldes houthis, que conquistaram grandes áreas do país em 2014, intensificou-se em 2015 com a intervenção da coalizão, acusada em várias ocasiões de bombardear alvos civis e causar vítimas inocentes, incluindo crianças e mulheres.

 

md (Efe, AFP, Lusa)

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