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Alimentos ultraprocessados podem aumentar risco de câncer

15 de fevereiro de 2018

Estudo associa ingestão de produtos industrializados, como refrigerantes e comida congelada, a maiores chances de desenvolver a doença. Em alguns países, esse tipo de alimento corresponde a até 50% da dieta.

Mulher come chips
Salgadinhos de pacote estão dentro dos alimentos definidos no estudo como ultraprocessadosFoto: picture-alliance/dpa/M. Airio

O consumo de alimentos ultraprocessados – como refrigerantes, bolos de pacote e refeições congeladas – pode aumentar o risco de câncer, aponta um estudo publicado nesta quinta-feira (15/02) na revista científica British Medical Journal.

Um incremento de 10% na proporção de alimentos ultraprocessados na dieta foi associado a um aumento de 12% no risco de câncer em geral, e 11% no risco de câncer de mama. Não houve uma associação estatisticamente significativa em relação ao câncer de próstata ou colorretal.

A pesquisa foi realizada por cientistas do Departamento de Nutrição da Universidade de São Paulo, da Universidade de Sorbonne, em Paris, do Instituto Nacional de Pesquisa Agronômica, em Montpellier, e do Hospital Avicenne, em Bobigny, na França.

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"Alguns estudos sugeriram anteriormente que alimentos ultraprocessados contribuem para um maior risco de doenças cardiometabólicas – como obesidade, hipertensão e dislipidemia –, mas nenhum outro estudo epidemiológico prospectivo avaliou a associação entre processamento de alimentos e risco de câncer", diz a publicação.

Outros exemplos de alimentos ultraprocessados são salgadinhos de pacote, sobremesas industrializadas, nuggets de frango, macarrão e sopas instantâneas. Trata-se de produtos feitos em sua maior parte ou completamente de açúcar, óleos e gorduras e outras substâncias que não são comuns na culinária, como gordura hidrogenada, amido modificado e proteínas isoladas. Aromatizantes, corantes, emulsificantes, adoçantes e outros aditivos são frequentemente acrescentados a esses produtos.

As conclusões se basearam numa pesquisa feita com 104.980 adultos franceses saudáveis, com idade média de 43 anos. Foi analisado o consumo de 3.300 tipos de alimentos.

Estes foram agrupados de acordo com o nível de processamento, e se pediu aos adultos que indicassem se em algum momento foram diagnosticados com câncer. Os pesquisadores levaram em conta fatores de risco, como idade, sexo, se eram fumantes e se havia antecedentes familiares de câncer.

Em média, os alimentos ultraprocessados corresponderam a 18% da dieta dos participantes do estudo. Segundo os autores do estudo, em alguns países essa proporção chega a 50%.

Mais estudos necessários

Os resultados sugerem que o crescente consumo de alimentos ultraprocessados pode levar a um aumento dos casos de câncer nas próximas décadas, concluem os cientistas.

Os pesquisadores destacam, porém, que se trata apenas de um estudo de observação e que não há conclusões definitivas sobre a ligação entre alimentos ultraprocessados e câncer. Mais estudos são necessários para compreender melhor os efeitos do processamento de alimentos, afirmam.

Especialistas que não participaram do estudo criticaram as associações feitas, que teriam pouca importância estatística, assim como a definição ampla demais de alimentos ultraprocessados.

"De um ponto de vista nutricional, essa classificação parece arbitrária e baseada na premissa de que comida produzida industrialmente tem uma composição nutricional e química diferente da produzida em casa ou de maneira artesanal. E esse não é o caso", afirma Tom Sanders, da King's College de Londres.

LPF/efe/lusa/ots

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