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Pesquisa da Paz

11 de abril de 2011

Em 2010 o mundo gastou 1,6 trilhão de dólares com armamento militar. Segundo especialista, se não fosse a crise financeira dos últimos anos, esse valor teria sido ainda maior.

EUA ainda são maiores investidores nas Forças ArmadasFoto: dapd

O Instituto Internacional de Pesquisa da Paz de Estocolmo (Sipri, do inglês) divulgou nesta segunda-feira (11/04) relatório anual sobre os gastos mundiais com armamento militar. Em 2010, foi registrado um aumento de 1,3%, ou seja: no ano passado foram gastos no mundo todo 1,6 trilhão de dólares com armas militares.

Enquanto a Europa desce no ranking das regiões que mais investem nas Forças Armadas, a América do Sul sobe. Porém no topo da lista ainda estão os Estados Unidos, mesmo tendo reduzido seus investimentos militares em 2010.

Em segundo lugar encontra-se a China, seguida do Reino Unido. Vindo depois da França, Rússia e Japão, a Alemanha disputa o sétimo lugar com a Arábia Saudita.

América Latina e Ásia

A América do Sul é o continente que mais gastou com armamento militar: segundo o relatório, 63,3 bilhões de dólares. Isto equivale a um acréscimo de quase 6%. Sobretudo no Brasil, o aumento foi considerável: o país é responsável por pouco mais da metade dos gastos militares de todo o continente, informou a especialista do Sipri para a América Latina, Carina Solomirano.

"Isso se deve principalmente a questões geopolíticas. A questão é demonstrar poder para além das fronteiras da América Latina". Solomirano comentou, ainda, que o Brasil quer ter um papel importante no cenário internacional no que se refere à paz e segurança.

EUA possuem 11 porta-aviões, China não tem nenhumFoto: AP

Se a maior parte dos países não tivesse sido atingida pela crise financeira nos últimos anos, os gastos com armamento teriam sido ainda maiores, afirma Sam Perlo-Freeman, do instituto de Estocolmo: "Esta foi a primeira vez em muito tempo que a Índia investiu menos em armamento militar. O investimento na China aumentou em 2010, mas com menos intensidade que nos anos anteriores".

"Porém para 2011, Pequim já anunciou que vai investir mais nas Forças Armadas", complementa Perlo-Freeman. Ele cita ainda que os números do instituto indicam que a China já gasta com armamento militar o dobro do Reino Unido – o qual ocupa a terceira posição na escala mundial.

No centro e sul do continente asiático, os números diminuíram pela primeira vez em anos. Timor Leste, Sri Lanka e a Tailândia são alguns exemplos onde se gastou menos com a segurança. Nesta região, a Indonésia apresentou o maior aumento (28%), seguida da Mongólia (26%).

Europa tem outros interesses

Em países como a Bulgária, Estônia e Letônia, os gastos com equipamentos militares caíram mais de 20%. Na Grécia, Hungria, Albânia e Eslováquia, o retrocesso foi de mais de 10%.

A Alemanha – que está no mesmo patamar que a Arábia Saudita – gastou em 2010 cerca de 45 bilhões de dólares com armas, segundo o Instituto de Pesquisa da Paz.

No geral, os gastos militares da Europa caíram ligeiramente (1,3%), fato que Perlo-Freeman explica da seguinte forma: "A maioria dos Estados europeus não se confronta com ameaças militares. Eles se preocupam mais com o terrorismo e, ainda mais, com as mudanças climáticas, que, a princípio, não podem ser combatidas com meios militares", diz.

"Os eleitores europeus estão mais interessados em benefícios sociais e econômicos, e não veem necessidade de altos investimentos militares", explica o especialista. Ele complementa dizendo que nos Estados Unidos acontece justamente o contrário: o país optou por uma política de segurança militar.

EUA, África, Oriente Médio

Submarinho U-214 ancorado em Kiel para ser enviado à Marinha gregaFoto: picture alliance / dpa

A nação do presidente premiado com Nobel da Paz em 2009 gastou no ano passado 700 bilhões de dólares com as Forças Armadas. Este valor é quase 80% superior ao de 2001. Entre 2001 e 2009, os EUA mantiveram um aumento anual médio de 7,4%.

Perlo-Freeman destaca que a China gasta em armamento militar apenas um sexto do que os EUA investem. "Para exemplificar: os EUA possuem 11 porta-aviões enquanto a China não tem nenhum."

Outro destaque do relatório foi a África, continente palco da maior parte dos conflitos armados mundiais recentes. Lá foram aplicados em 2010 30 bilhões de dólares em armamentos, representando um aumento de 5,2% em relação ao ano anterior.

No Oriente Médio também gastou-se novamente mais dinheiro com soldados e armamento: 111 bilhões de dólares em 2010, um aumento de 2,5%. Na região o destaque é para a Arábia Saudita.

BR/dw/afp
Revisão: Augusto Valente

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