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América Latina investe em armamentos

Steffen Leidel (ca)20 de junho de 2006

Enquanto Hugo Chávez não leva a sério o embargo norte-americano de armas contra a Venezuela, especialistas europeus comentam o aumento dos investimentos em material bélico na América Latina.

Venezuela: país se prepara para possível 'invasão' norte-americanaFoto: picture-alliance/ dpa

Hugo Chávez quer transformar seu país em uma potência militar? Após o anúncio norte-americano de embargo de armas e tecnologia bélica contra a Venezuela, anunciado há poucos dias, e a intenção de Chávez de construir uma fábrica de fuzis Kalashnikov em seu país, esta pergunta paira, não só na mídia, mas também nos institutos de pesquisas europeus.

Além da compra de 24 caças russos do tipo Sukhoi, Chávez negociou com o governo de Moscou o fornecimento de cem mil fuzis russos, 30 mil dos quais já foram entregues. Os bilhões de dólares gastos em armamentos, provenientes dos bons negócios com o petróleo, se justificariam, segundo Chávez, pela ameaça norte-americana de invadir a Venezuela.

Michael Radseck, pesquisador do Instituto de Estudos Ibero-Americanos de Hamburgo, afirma, entretanto, que "o poder militar da Venezuela é superestimado". Uma opinião também compartilhada por Günther Maihold, da Fundação Ciência e Política de Berlim.

Problemático é armar a população

Treinamento da população venezuelanaFoto: AP

Com um contingente militar de 82 mil homens, as tropas venezuelanas se igualam numericamente às do Peru. O principal problema, segundo Maihold, é o armamento da população com os fuzis russos e a formação de milícias para o rechaço de uma possível "invasão" norte-americana.

Um fato que preocupa os vizinhos colombianos, afirma Michael Radseck, que não estariam nada contentes com a distribuição de armas na Venezuela. Especula-se que os rebeldes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) também poderiam ser apoiados por Chávez.

A Venezuela, entretanto, não é o único país a aumentar seus gastos com armamentos. O presidente da Costa Rica falou recentemente de uma "nova corrida armamentista" no continente. Em 2004, os países latino-americanos teriam gastado 22 bilhões de dólares em armamentos. As despesas bélicas teriam aumentado em 8% na última década.

"Corrida armamentista" não seria o termo adequado na opinião dos especialistas Maihold e Radseck. "A América Latina moderniza suas Forças Armadas, cujos equipamentos, em muitos casos, ainda são do tempo da Segunda Guerra Mundial", comenta Maihold.

Até tu, Chile

Encabeçando a lista dos que mais gastaram com armamentos, com 2,7 bilhões de dólares de despesas em 2005, está justamente o Chile, país sempre elogiado como exemplo de democracia no continente latino-americano. Radseck explica que "o aumento com o gasto bélico reflete o acréscimo dos ganhos com as exportações".

Chile receberá cem tanques do tipo Leopardo 2 da AlemanhaFoto: AP

A chamada "lei do cobre", principal matéria-prima do Chile, estipula que 10% da receita bruta, proveniente das exportações do metal, seja destinado às Forças Armadas. Um exemplo que está fazendo escola, afirma Radseck. No Peru e no Equador, as Forças Armadas recebem participação nas exportações de petróleo de seus países, o mesmo acontecendo com o gás boliviano.

Problemática é a grande influência dos militares, também no Chile, comenta Radseck, que critica a decisão do governo alemão de permitir a venda de cem tanques do modelo Leopardo 2 ao governo chileno.

Os tanques deverão ser enviados ao norte do Chile, a partir do final do ano, não muito longe da fronteira peruana – "os mais modernos tanques de guerra do mundo são enviados a uma tradicional zona de conflito", critica Radseck.

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